sábado, 15 de novembro de 2008

A Lenda da Lagoa Vermelha e Outros Assuntos

A primeira tentativa dos padres jesuítas, que resultou na fundação de 18 Povos Missioneiros no Rio Grande do Sul, deu em nada. Os bandeirantes de Piratininga, que haviam arrasado as reduções do Guairá caçando e escravizando índios para a escravidão das lavouras de cana-de-açúcar de São Paulo e Rio de Janeiro, quando souberam que os padres tinham vindo mais para o sul e erguido suas aldeias no Tape, vieram aqui fazer o que sabiam fazer. Assim e aos poucos, os padres tiveram que refluir para o oeste, fazendo agora na volta o mesmo caminho que tinham feito na vinda.
E nessa fuga tratavam de levar consigo tudo o que podiam carregar. O que não podiam, queimavam ou enterravam. Casas, plantações, até igrejas foram incendiadas, para que nada ficasse ao emboaba agressor.
Pois dizem que numa dessas avançava pelo Planalto, no rumo da Serra, vinha uma carreta carregada de ouro e prata, fugindo das Missões. Ali vinha a alfaia das igrejas, candelabros, castiçais, moedas, ouro em pó, um verdadeiro tesouro cujo peso faziam os bois peludearem. Com a carreta, alguns índios e padres jesuítas e atrás deles, sedentos de sangue e ouro, os bandeirantes.
Ao chegarem às margens de uma lagoa, não puderam mais. Desuniram os bois e atiraram a carreta com toda a sua preciosa carga na lagoa, muito profunda. E então os padres mataram os índios carreteiros e atiraram os corpos n'água, para que não contassem a ninguém onde estava o tesouro. Com o sangue dos mortos, a lagoa ficou vermelha.

E lá está, até hoje. Ao seu redor, cresceu uma bela cidade, que tomou seu nome - Lagoa Vermelha. E cada um dos moradores que passa na beira das águas coloradas, lembra que ali ninguém se banha, nem pesca, e segundo a tradição, a lagoa não tem fundo. E nas secas mais fortes e nas chuvaradas mais brabas, o nível da lagoa é sempre o mesmo.





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Eu e Juca estamos a desenvolver uma matéria sobre as Reduções Jesuíticas e os índios Guaranis, fundamental para o entendimento da História e Cultura Gaúcha. Como o tema é relativamente longo, estamos em busca da melhor forma de contar-vos, sem o risco de se tornar enfadonho e cansativo. Esperamos superar esse impasse em breve.


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Buenas, compadre. Sarastes daquela lombeira de letras?... Sarastes?... Então... Quem te ajeitou as idéias foi a dotora Anne ou o meu compadre de Bagé?... Nenhum dos dois? Sarastes por conta?... Isso recai e recolhe, como caxumba. Melhor tomar tenência.

Já que falastes de padres, pois eu, como lhe disse, de reza decorei a Ave Maria até o bendito o fruto e o Pai Nosso até as ofensas. Mas sei, por ouvir contar, o causo das Escrituras. Bota aí!... Foi assim:

A história essa é meio comprida, mas vale a pena contá por causa dos revertério.

De Adão e Eva acho que não é perciso contá os causo, porque todo mundo sabe que os dois foram corrido do Paraíso por tomá banho pelado numa sanga.

Naqueles tempo, esse mundaréu todo era um pasto só sem dono, onde não tinha nem dele nem meu. O primeiro índio a botá cerca de arame farpado foi um tal de Abel.
Mas nem chegou a estendê o primêro fio porque levou um pontaço nos peito do irmão dele, um tal de Caim, que tava meio desconforme com a divisão.

O Caim, entonces, ameaçado de processo feio, se bandeou pro Uruguay. Deixou o filho dele, um tal de Noé, tomando conta da estância.

A estância essa ficava nas barranca de uma corredêra e o Noé, uns ano despois, pegou uma enchente muito feia pela frente. Côsa muito séria...

Caiu água uma barbaridade! Caiu tanta água que tinha até índio pescando jundiá em cima de cerro.

O Noé entonces botou as criação em cima de uma balsa e se largou nas correnteza, o índio velho.
A enchente era tão braba que quando o Noé se deu conta a balsa tava atolada num banhado chamado Delúvio. Foi aí que um tal de Moisés varou aquela água toda com vinte junta de boi e tirou a balsa do atolêro.

Bueno, aí com aquele desporpósito, as família ficaram amiga.

A filha mais velha do Noé se casou-se com o filho mais novo do Moisés e os dois foram morá numa estância muito linda, chamada estância da Babilônica.

Bueno, tavam as família ali, tomando mate no galpão, quando se chegou um correntino chamado Golias, com mais uns trinta castelhano do lado dele.

Abriram a cordeona e quiseram obrigá as prenda a dançá uma milonga. Foi quando os velho, que eram de muito respeito, se queimaram e deu-se o entrevêro.

Peleia braba, seu. O correntino Golias, na voz de vamos, já se foi e degolou de um talho só o Noé e o velho Moisés. E já tava largando planchaço em cima do mulherio quando um piazito carretêro, de seus dez ano e pico, chamado Davi, largou um bodocaço no meio da testa do infeliz que não teve nem graça. Foi me acudam e tou morto.

Aí a indiada toda se animou e degolaram os castelhano.

Dois que tinham desrespeitado as prenda foram degolado com o lado cego do facão. Foi uma sangüêra danada. Tanto que até hoje aquele capão é chamado de Mar Vermelho.

Mas entonces foi nomeado delegado um tal de major Salomão. Homem de cabelo nas venta, o major Salomão.

Nem les conto! Um dia o índio tava sesteando quando duas velha se baterem em cima dum guri de seus seis ano que tava vendendo pastel. O major Salomão, muito chegado ao piazito, passou a mão no facão e de um talho só cortou as velha em dois. Esse é o muito falado causo do Perjuízo de Salomão que contam por aí.

Mas, por essas estimativas, o major Salomão, o que tinha de brabo tinha de mulherengo. Eta índio bueno, seu. Onde boleava a perna, já deixava filho feito. E como vivia boleando a perna, teve filho que Deus nos livre. E tudo com a cara dele, que era pra não havê discordânça. Só que quando Deus Nosso Senhor quer, até égua véia nega estribo.

Logo a filha das predileção do major Salomão, a tal de Maria Madalena, fugiu da estância e foi sê china de bolicho. Uma vergonhêra pra família ! Mas ela puxou a mãe, que era uma paraguaia meio gaudéria que nunca tomô jeito na vida.

O pobre do major Salomão se matou-se de sentimento, com uma pistola Eclesiaste de dois cano.
Mas, vejam como é a vida. Pois essa mesma Maria Madalena se casou-se três ano despois com um tal de coronel Ponciano Pilatos. Foi ele que tirou ela da vida. Eu conheço uns três causo do mesmo feitio e nem um deles deu certo.

Como dizia muito bem o finado meu pai, mulher quando toma mate em muita bomba, nunca mais se acostuma com uma só. Mas nesses contraproducente, até que houve uma contrapartida.

O coronel Ponciano Pilatos e a Maria Madalena tiveram doze filho, os tal de apósto, que são muito conhecido pelas caridade que fizeram. Foi até na casa deles que Jesus Cristo churrasqueou com a cunhada de Maria Madalena, que despois foi santa muito afamada. A tal de Santa Ceia.

Pois era uns tempo muito mal definido. Andava uma seca braba pelos campo.

São José e a Virge Maria tinham perdido todo o gado e só tavam com uma mula branca no potrêro, chamada Samaritana. Um rico animal, criado em casa, que só faltava falá. Pois tiveram que se desfazê do pobre...

E como as desgraça quando vem, já vem de braço dado, foi bem aí que estouraram as revolução. Os maragato, chefiado por um tal de coronel Jordão, acamparam na entrada da Vila. Só não entraram porque tava lá um destacamento comandado pelo tenente Lázo, aquele mesmo que por duas vez foi dado por morto.

Mas aí um cabo dos provisório, um tal de cabo Judas, se passou-se pro maragato e já se veio uns tal de Romano, que tavam numas várzea, e ocuparam a Vila.

Nosso Senhor foi preso pra ser degolado por um preto muito forte e muito feio chamado Calvário.
Pois vejam como é a vida. Esse mesmo preto Calvário, degolador muito tal afamado, era filho da velha Palestina, que tinha sido cozinhêra da Virge Maria. Degolador é como cobra, desde pequeno já nasce ingrato.

Mas entonces botaram Nosso Senhor na cadeia, junto com dois abigeatário um tal de João Batista e o primo dele, Heródio dos Reis. Os dois tinham peleado por causo de uma baiana chamada Salomé e no entrevero balearam dois padre, monsenhor Caifás e o cônego Atanásio.

Mas aí veio uma força da Brigada, comandada pelo coronel Jesus Além que era meio parente do homem por parte de mãe e com ele veio mais três corpo de provisório e se pegaram com os maragato. Foi a peleia mais feia que se tem conhecimento. Foi quarenta dia e quarenta noite de bala e bala.

Morreu três santo na luta: São Lucas, São João e São Marco. São Mateus ficou três mês morre não morre, mas teve umas atenuante a favor e salvou-se, o índio...

Nosso Senhor pegou três balaço, um em cada mão e um que varou os pé de lado a lado. Ainda levou mais um pontaço do mais velho dos Romano, o César Romano, na altura das costela. Ferimento muito feio que Nosso Senhor curou tomando vinagre na sexta-feira da paixão...

Mas aí, Nosso Senhor se desiludiu-se dos home, subiu na Cruz, disse adeus pros amigo e se mandou-se de volta pro Céu.

Mas deixou os dez mandamento, que são cinco e que se pode muito bem acolherá em dois:

1º - Não se mata home pelas costa,

2º - Nem se cobiça mulher dos ôtro pela frente.

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Este texto me foi enviado há mais de três anos pela querida amiga “Olhos” dizendo ser ele anônimo e que foi encontrado escrito a ponta de facão no balcão de um bolicho, hoje tapera, no Passo do Elesbão, Quinto Distrito de Cacequi, na Província de São Pedro do Rio Grande.



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O HÁBITO SAUDÁVEL DA LEITURA
CONSIDERAÇÕES INICIAIS



“O primeiro recurso pedagógico deve ser sempre o da sedução.” José Rufino dos Santos - Revista Nova Escola - 04/2008

“ESTIMULADA” pelo anfitrião deste blog, farei algumas considerações a respeito deste assunto: Leitura.

Pois bem, o que há de mais importante que adquirir bons hábitos nesta prática?

Professores das séries iniciais do Ensino Fundamental buscam nos livros didáticos de Língua Portuguesa, alternativas para ensinar a ler, interpretar e ao mesmo tempo passar o gosto pela leitura a seus alunos. Além da leitura, ainda precisam ensinar a gramática, ortografia e produção de textos. Tarefa complicada, pois não encontramos tudo num mesmo livro.
Para os professores que desejam um retorno satisfatório de suas turmas a alternativa é pesquisar em vários livros.

A Língua Portuguesa funciona como um “carro chefe”, ou seja, em todas as disciplinas o aluno terá que ler e interpretar.

Tem ocorrido nas escolas uma defasagem de aprendizagem. Os alunos chegam para o ano seguinte despreparados, hoje quase não existe reprovação (questões políticas). O mínimo que se pode exigir de um aluno é que leia correntemente e saiba o que leu, interpretando o texto.
Deveria ser assim, não?Mas, nossa realidade é bem outra...

Por que este projeto?
Porque falar, ouvir e escrever são essenciais em nossa relação com os outros e com o mundo. E a linguagem é a ferramenta cultural que utilizamos para esta inter – relação. Portanto, o projeto procura mergulhar nas diferentes formas de ver o mundo presente nos textos.

O “Estímulo À leitura” surgiu para dar um apoio às professoras regentes de Língua Portuguesa, na escola onde trabalho. Trata-se de uma escola pública, de 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental.
Recebemos estes alunos vindos da rede municipal, lá eles foram alfabetizados e seguiram até o 5º ano (antiga 4ª série).

Obviamente, as professoras com 35 alunos, em média, nas salas de aulas, não teriam oportunidades de avaliar a leitura individual de todos.

Como funciona?

Durante as aulas de Língua Portuguesa, chamo-os um a um, (na Oficina). Dou-lhes uma leitura pequena. Eles lêem em silêncio, depois lêem alto para eu ouvir e contam com suas palavras o que leram. Simples assim!

Sobre o que lêem? Eis a questão!

Faço um plano de ação envolvendo os assuntos mais pertinentes para esta faixa etária. Eles estão ainda na fase de contos de fadas. Começo por aí.

As leituras devem ser prazerosas, bem diferentes das convencionais dos livros didáticos, então jamais pegaria o livro adotado. O trabalho é todo oral, ou seja, não cobro a parte escrita neste momento.

Outro detalhe importante: o ambiente.

Quem não gosta de uma sala bem decorada? Este trabalho então é feito, numa pequena sala, que chamo de Oficina de Leitura. Lá a fantasia corre solta, juntamente com personagens de histórias em quadrinhos, de filmes, desenhos, etc... Tudo muito bem colorido e chamativo.
Cartazes de resenhas de livros também ficam expostos nas paredes para ajudar estes alunos a escolher um livro para ler em casa, (assunto para outra matéria).

Os temas são mudados mensalmente. Gradativamente vou aumentando o grau de dificuldades e interesses. Dentro do mesmo tema eu seleciono vários níveis de leituras, pois os alunos apresentam diferentes fases. Existem aqueles que lêem e interpretam, os que somente lêem e não interpretam e os que lêem com dificuldades, devido à falta de treino, mas que compreendem bem e interpretam satisfatoriamente, ou que não estão alfabetizados ainda.

Para cada um eu seleciono um tipo de leitura.

Conseqüentemente, eles estão sendo avaliados toda vez que lêem e interpretam.Registro tudo em meu caderno de avaliação. No final de cada mês apresento um gráfico com os resultados para as professoras das classes.

Com o passar do tempo, dias e meses, vocês nem imaginam o resultado!

O treino da leitura em voz alta possibilita também a desinibição. Eles estão sendo preparados para um teatro ou leitura em público.

Alguns acham tão fascinante, que treinam em casa, (sugestão minha, como estratégia), lendo para irmãozinhos menores (A Oficina empresta livros de histórias para irmãozinhos menores).
A forma lúdica para o treino e gosto pela leitura possibilita mais espontaneidade e até aqueles que não gostavam de ler passam a gostar, pelo menos de um gênero literário.

Gênero literário é algo em que o professor deve se preocupar.

Hoje em dia as editoras se esmeram em facilitar este aspecto, estratégia de venda, que, para nós, se transformam em estratégia didática.

Pesquisando na internet ou nos catálogos das editoras, você encontra as sugestões por gênero e faixa etária. Indispensável também são as resenhas, que dão uma noção básica sobre os livros.

A prática de fazer resenhas, também terá uma matéria específica.

Naturalmente as professoras de Língua Portuguesa e demais disciplinas notaram o desenvolvimento de seus alunos. Isto sempre é comentado em reuniões pedagógicas.

Neste mundo tão abrangente, busquei atividades diversas, solicitando também opiniões dos próprios alunos, através de pesquisas.

Existem várias alternativas para aguçar a curiosidade dos alunos e fazê-los ler brincando.

Afinal, nosso objetivo é prepará-los para ler o mundo!



Simplesmente ler
Prof .Edith C. Teodoro

Ler muito.
Ler “quase” tudo.
Ler com os olhos, os ouvidos, como tato, pelos poros e demais sentidos.
Ler com razão e sensibilidade.
Ler desejos, o tempo, o som do silêncio e do vento.
Ler imagens, paisagens, viagens.
Ler verdades e mentiras.
Ler para obter informações, inquietações, dor e prazer.
Ler o fracasso, o sucesso, o ilegível, o impensável, as entrelinhas.
Ler na escola, em casa, no campo, na estrada, em qualquer lugar.
Ler a vida e a morte.
Saber ser leitor tendo o direito de saber ler.
Ler simplesmente ler.




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Texto enviado pela professora Cristina e que a Torre publica com alegria.




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17 comentários:

Anônimo disse...

Bah!
Contaram tudo diferente na Catequese!
Será que queriam que a "menina" ingênua acreditasse naquilo tudo?..rs
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Que texto magnífico!
Adorei!!!
Beijos!
.
.

Anônimo disse...

Eu sei que têm sido raros ou quase nulos os meus comentários por aqui, no entanto não deixei de vir a nenhuma das postagens, tendo lido todas elas com igual interesse.

Hoje o que me soi dizer é que de facto a história dos jesuitas e dos que deles se aproveitaram para em nome de Deus fazer o mal, sempre foi um tema que me interessou.

O melhor português de todos os tempos, na minha muy modesta opinião, foi um tal de Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras e maquês de Pombal, e ele tinha aos jesuitas um pó que nem os podia ver... e se assim era, ele que era um iluminado e visionário na época, lá teria as suas razões.

Não me compete julgar a história, muito menos contextualizá-la em padrões morais actuais, mas digo que aguardo com muita expectativa as suas postagem sobre esses tipos! rs

Quanto à lenda da lagoa vermelha, achei interessantíssima, aliás, é interessante como a história se mistura nos lugares e passa de boca em boca de geração em geração, onde são sempre acrecentados pequenos detalhes que nunca velam o essencial - a história em si... e essa, floreada ou não é o nosso património comum, aquilo que deixaremos às gerações vindouras, aquilo que um dia se encerrará na história da Humanidade.

É pois essencial que se avivem memórias no tempo do imediato e que não se deixem morrer as lendas que foram o caminho mais rápido para contar o que foi ocorrendo ... O meu bem haja por isso!

A história bíblica que você aqui me apresentou, além de me fazer rir pra caraças, ainda me fez pensar que mais fácil teria sido se ela fosse conforme o descrito!!! rs

Quanto à leitura, não me irei alongar... mas assusta-me deveras, verificar que cada vez menos as crianças têm a capacidade de sonhar com as letras impressas num papel. A capacidade imaginativa vende-se em pacotes de videogames e de filmes animados. As princesas deixaram de ter vestidos de estrelas e sapatos de cristal como só na nossa imaginação elas tinham...

Bem, e embora com muito mais para falar, por aqui me fico... palavras levas-as o vento!!!

Beijos meu amigo Quasímodo!
É um deleite ler-te aqui!

Ei, Lusos beijos, tá?

krika disse...

Amiga Lusa Luzia, exatamente por esta falta de sonhos das crianças que venho estimulando o hábito saudável da leitura.Porém nada adianta entregar-lhes um livro valioso ,para nós adultos, se ela não se identificar com o que lê. O projeto busca resgatar inclusive valores oferecendo todo tipo de leitura possível para que esta criança, se Deus quiser leia Camões por exemplo. Não seria fabuloso?

Anônimo disse...

Lembrei da música: "Lagoa vermelha"
Terra que espelha o povo gaúcho
Lagoa,princesa do pinho
Tu és o meu ninho,cidade sem luxo

Mas bah! Ô Juca, também não aprendi assim na catequese!

Parabéns pelos assuntos e pelo cuidado com este espaço.
Beijo!

Quasímodo disse...

Amiga, Milly.

Há um movimento incipiente, liderado pelo Juca, para que o Vaticano mude os Catecismos.

Não me parece ter muitas perspectivas de sucesso, no entanto, tenho procurado ajudá-lo.

Existem alguns fatos de difícil entendimento, por exemplo, de como a cunhada de Maria Madalena, se tornou a famosa "Santa Ceia..."

Mas deixemos evoluir. Se acreditamos até em promessas de políticos, o que custa acreditar nessa versão das Escrituras, né?...

Um beijo, amiga. Obrigado por vir à Torre.

Quasímodo disse...

Amiga Luzia, de além mar, mas que o mar, antes de separar, une, como uniram continentes e terras os navegadores, de antanho.

Não tenhas a preocupaçao de assinar o cartão-ponto. Sei de teus afazeres, e agora mais, né? Tuas visitas, mesmo silenciosas, dignificam e valorizam imensamente a Torre.

A História ainda, à meu ver, foi só contada por um único ângulo, o dos vencedores. Não há a versão, por exemplo, dos índios Guaranis, que dizimados como povo perambulam remanescentes dispersos à margem de qualquer cidadania, mesmo no País que foi seu.

Meu cuidado, e por isso a demora em iniciar as postagens a respeito do tema, é a de buscar fatos históricos, por este outro ângulo, e principalmente isentar-me das paixões unilaterais, que para quem pretende ser meramente um contador de histórias isento, ainda não consegui. Faltam dados comprobatórios para, pelo menos, absolver-me da acusação de sectarismo. É uma História que não foi escrita. Peço-te um pouco mais da paciência (que quase estou a perder).

Sobre a Lagoa Vermelha, ela exite ainda hoje. Há controvérsias entre historiadores. Alguns afirma que a dita lagoa localizava-se no que hoje é praticamente o centro da cidade, e que eu conheci como uma baixada onde jogáva-mos bola. Bem ao lado, foi contruída uma igreja.

Outros historiadores dizem ser a lagoa histórica, uma que existe a poucos quilômetros da cidade, em direção leste e que está retratada na postagem. Essa realmente nunca muda o nível de suas águas barrentas e avermelhadas, por mais que chova ou por mais que o estio seja longo.

Quanto aos esforços da professora Cristina (e amiga Krika), abracei essa causa como o estandarte simbólico na tentativa de ajudar o resgate de uma educação não dirigida e tecnicista, em que possamos ainda valorizar a educação humanista para a formação de seres humanos e não meramentes robóticos programados. Sonho ainda em ver unificado esses esforços hoje dispersos. Repercutiu no seio do movimento Lusófono através de um projeto do Paulo Borges e de manifestações posteriores no mesmo sentido. Sinto-me já gratificado, pois lá reproduzi esse cenário, porém há mais a fazer.

Já alonguei-me por demais...

Penso que a História de hoje, cabe a nós escrevê-la... O futuro que nos julgue.

Um grande abraço. Continue a vir sempre à Torre, e na medida do possível, contribua com a tua lucidez.

Anônimo disse...

Quasímodo, meu amigo, permita-me que responda aqui à Krika, posso né?

Carissíma!

Permita-me que discorde, Camões não é para crianças, de todo! Di-lo quem o leu em criança e depois lhe ganhou rancor... então quando ele me foi impingido na escola como leitura obrigatória, nem com ENO eu o digeria!
Camões tem de ser lido depois de se ganhar estofo, de se conseguir contextualizar historicamente e para isso antes há muito caminho para percorrer e muitas letras para aprender. Depois disso os Lusíadas e toda a lírica Camoniana é um deleite.

Mas concordo com vc que para se ler, se precisam de criar estímulos, se precisam de geram necessidades... e como em tudo na vida, crianças e elefantes aprendem por comparação... pena é que também os pais leiam muito pouco.

Ler é o mais solitário dos prazeres, "As letras alimentam a alma, retificam-na, consolam-na" como disse Voltaire... mas é essa solidão que o ser humano teme, na minha modesta opinião, o Homem moderno adulto (ou adulterado como prefiro chamar-lhe), deixou de ter prazer em estar com ele próprio e vê na solidão algo de vergonhoso, como tal, o prazer da leitura ficou meio que apagado no meio de multidões de pacotes do imediatismo... pena que quando se pára para pensar, notamos que vivemos muito mais solitários no meio das multidões do que no encontro connosco próprios. E é precisamente nesse lugar que o livro é um companheiro essencial, no encontro do homem consigo próprio, com o seu poder criativo, com a sua capacidade de sonhar, de fazer acontecer aquilo que as palavras lhe sugerem...

Fico-me por aqui... há assuntos que me entusiasmam demais, temo ser maçuda e "virulenta"... rs

Beijos a vc Krika.
Beijos a vc Quasímodo... e desculpe-me a intromissão...

Os beijos são lusos

e ainda:

"Que outros se gabem das páginas que têm escrito; a mim orgulham-me as que tenho lido"
Jorge Luis Borges

Quasímodo disse...

Prima, a letra da música é assim:

Lagoa Vermelha
Óh terra que espelha
O povo gaúcho
Lagoa, princesa do pinho
Tu és o meu ninho
Cidade sem luxo
Lagoa, teu nome é lembrado
Em todo o estado
Tua graça domina
Lagoa, tua fama se expande
Divide o Rio Grande
E Santa Catarina.

Lagoa Vermelha, que saudades me dá
Das lindas morenas que ficaram por lá
Lagoa Vermelha, estou sempre a lembrar
Quem bebeu tua água, Lagoa
Prá lá tem que voltar
Quem bebeu tua água, Lagoa
Prá lá tem que voltar.

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No tempo dessa letra, Lagoa Vermelha era um município de território grande. Muitas linhas ou distritos se amanciparam: São José do Ouro, Machadinho, Barracão, e muitos outros. Hoje Lagoa Vermelha já não divide mais o Rio Grande e Santa Catarina. Permanece porém, na memória do Rio Grande, por muitos fatos ocorridos e por personagens passados e presentes que escreveram e ainda escrevem as páginas da nossa história.

"Quem beber sua água... prá lá tem que voltar"... Esse é um outro fato, lendário, talvez, e que tem a ver com a passagem do beato José Maria, que dizem ser o mesmo da Guerra do Contestado em Santa Catarina. Aquele que mataram tres vezes... Ele benzeu uma fonte de água, a Biquinha, e que ainda jorra suas águas.

Permita-me deixar para ti um recado de agradecimento a ser transmitido àquelas pessoas que sei, tu conheces, e que além de incentivar-me a criar a Torre, ajudaram-me a construi-la.

Beijos.

Quasímodo disse...

Krika, parceira.

Para ti nem respondo. Antes tu ajude-me a responder às visitas que recebemos, como fizestes hoje.

Um abraço, amiga.

Anônimo disse...

Acho que nos cruzámos por aqui!!! Que máximo!!! rs

Eu sou mesmo meio despistada, quando li a Krika, não associei que seria a professora Cristina de que se falara em postagens anteriores... mil perdões, li sobre o projecto e ele é em todo meritório... gostava de conversar muito sobre o tema com a Krika até por valores sentimentais que tenho em relação ao livro infantil... O meu pai, foi fundador de um projecto em Portugal que foram as bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, um projecto com meio século de vida e que levou o livro aos lugares mais ermos deste cantinho plantado à beira-mar da Europa... quem sabe eu possa-lhe contar muito do que aqui foi feito e ceder-lhe muita documentação que ainda hoje guardo com carinho.

A minha biblioteca infantil (que ainda hoje gurado com muito carinho), é composta por algumas centenas de exemplares, onde as lendas e os contos populares portugueses sempre foram previlegiados em detrimento dos livros de quadradinhos...

Se a Krika estiver interessada em algo do que lhe falo, estarei à disposição, sendo que o meu tempo é diminuto nestes próximos meses, ainda assim, sempre se poderá dar um jeitinho (daqueles bem brasileiros que vou adquirindo com vcs).

Quanto ao tema dos Jesuítas... por coincidência, hoje, estive num lançamento de um livro na Universidade Lusófona de Lisboa, cujo o tema era a arquitectura Luso-Africana em Moçambique 1875/1975... e do alto do seu palanque, o orador que apresentou o livro disse: "Os jesuítas sempre foram os maiores inimigos de Portugal" "eles nunca reportaram ao Rei, sempre reportaram ao Papa"... se o diz quem acumula cátedras... eu assino em baixo! rs

Bem... e extensa me torno eu... chata mesmo!!!

Mais beijos, lusos eles para vcs dois, e para todos os amigos que aqui me lêem e que eu não esqueço!

Quasímodo disse...

Lusa Luzia... Não posso responder pela Krika. Mas me pareceu deixar ela claro que é necessário o despertar para a leitura, numa progressividade que lhes permitam ler Camões por puro prazer.

Por favor, te tornes mais chata ainda,... É de idéias e debates que poderemos construir harmoniosamente o futuro.

Anônimo disse...

Sim, eu entendi, o que a Krika quis dizer... creio que fui um tanto brusca no meu modo de responder... porque Camões e Garrett foram duas espinhas que se me entalaram na garganta bem cedo na minha vida... mais tarde, quando os começei a ler (confesso que Garrett ainda custa a passar... mas um dia adorarei as "Viagens na Minha Terra"... sei que hei-de, mais não seja pelo cansaço, rs), mas muito mais principalmente a entender... deixaram-me um amargo de boca por um dia termos tido tão grande inimizade e isto porque os li descontextualizados... era isso que pretendia dizer, talvez que não o tivesse feito da forma mais acertiva! Me perdoem, fica o reparo!!!

Agora vou-me mesmo... estou espaçosa! rs

mais beijos
mais lusos beijos

Quasímodo disse...

E agora os Jesuítas... e as razões de meus cuidados. Poderia contar a história pela ótica dos Guaranis, mas ela não estaria completa. Há que se buscar as raízes...

Sei do que representou na história do Portugal monárquico a influência dos Jesuitas e até das estórias de sequestos de crianças nas praças e que depois se desnudou ter diso uma farsa (ou não?... pergunto).

Evoluamos com calma...

Quasímodo disse...

Fernando Pessoa, Alma Luza, Fernando Pessoa... Esse nos une.

Quasímodo disse...

Desculpe... Alma Lusa... Peguei o "Z" de Luzia...

krika disse...

Amiga Lusa-Luzia, eis a questão!
Eu citei Camões para ser simpática...Aqui no Brasil, na minha época escolar, éramos obrigados a ler Dom Casmurro de Machado de Assis. Tanto que ainda carrego este rancor da leitura enfadonha em letras pretas e brancas ...Veio daí minha vontade de estimular meus alunos de uma forma prazerosa. Com tantos recursos visuais ,atraentes
e principalmente super coloridos das editoras, acredito que quando adultos ,pelomenos alguns deles lerão Camões com toda euforia que você citou em seu comentário.
Costumo dizer que meu trabalho é de "formiguinha".Percebo diante de meus olhos ,estes alunos, que chegam inibidos no início do ano,sem hábito de leitura ,(também porque seus pais não podem exigir algo que não tiveram na época escolar e por questões financeiras) ficarem ansiosos para que eu os chamem na Oficina para lerem comigo e para escolherem uma leitura em casa.
Nesta postagem começo a relatar como funciona o projeto justamente para sensibilizar pessoas, como você. Toda segunda- feira eles me perguntam: trouxe alguma novidade?
Por estas razões solicito doações. Quasímodo me convidou para esta "parceria" aqui no Torre, na qual agradeço sempre...Ele, sonhador,como eu, acredita que colheremos frutos. Frutos estes que imaginaremos, pois não saberemos concretamente se estes leitores mirins continuarão sua jornada literária quando adultos.

Quasímodo: suas histórias do sul são pitorescas...muito bom conhecer um pouco da tua região chtê!Nosso Brasil é muito rico,sem dúvida!

Géssica disse...

Nossa! Parabéns pelo apoio que tem dado a professora Cristina.

 
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