segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Censurem Branca de Neve

Repercutiu e repercute ainda nos meios acadêmicos, nos jornais e nas redes sociais da internet, a polêmica a respeito da pretensão de barrar a distribuição, pelo governo, dos livros de Monteiro Lobato “Caçadas de Pedrinho” e “Negrinha”, por suposto conteúdo racista e sexista. O Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara) pede que as obras deixem de integrar o Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), que distribui livros a bibliotecas escolares do país.

Sem entrar no mérito do descompasso histórico entre a obra de Lobato, a visão de seu tempo e a visão da reformulação do ensino de história no país, Letras da Torre quer contribuir, de forma proativa, com essa zelosa e meritória cruzada revisionista, para o bem dos valores morais da sociedade brasileira e dos preceitos basilares da família.

Trata-se de incluir no INDEX de obras malditas, do livro “Branca de Neve e os 7 Anões”, história compilada, por fontes orais, pelos irmãos Grimm.

Denota-se na obra, o seu caráter nitidamente excludente e preconceituoso já a partir do título.

Ao definir a heroína como “branca” e “alva como a neve” deixa de contemplar a miscigenação característica da formação do povo brasileiro, ignorando a contribuição histórica dos negros, dos índios, e das suas derivações por descendência, como os pardos e mamelucos.

Ainda no título, a palavra “anão” é politicamente incorreta, podendo ser considerada bulling por ofensiva a uma característica genética de seres humanos com estatura inferior à dos homens em geral.

No decorrer do texto os autores descrevem o cabelo da menina como “preto como o ébano”, privilegiando as diospiráceas em detrimento das demais espécies vegetais.

A invejosa Rainha Má planejou o assassinato da menina e para isso associou-se com um caçador dando-lhes ordens para que a matasse e lhes trouxesse o coração e o fígado como prova de sua morte. E são essas bizarrices que servem para nossas inocentes crianças lerem.

O caçador, no entanto, desobedeceu a ordem da Rainha, matando um veadinho em lugar da menina, o que caracteriza caça clandestina de espécies exóticas.

Levados à Rainha o coração e o fígado do veadinho, esta os comeu com alegria pensando tratar-se dos órgãos de Branca de Neve em um inequívoco ato de canibalismo.

Branca de Neve, depois de vagar pela floresta, entrou numa casinha na ausência de seus moradores, infringindo o Artigo 150 do Código Penal Brasileiro, que trata de invasão de domicílio.

Já no interior da casa invadida, a protagonista, de apenas sete anos bebeu um gole de vinho de sete copos, contrariando o Artigo 81 – II da Lei 8.069 de 13 de Julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente.

Os autores afirmam que os anões extraíam minério da montanha, porém não esclarecem se tinham autorização do IBAMA para essas escavações.

Quando os anões voltaram à casa, encontraram uma das camas ocupada pela menina. Então um dos rapazes passou a noite dormindo uma hora com cada um dos seis outros indivíduos num evidente ato de pederastia de alta rotatividade. E tudo isso na presença de uma criança de apenas sete anos!...

Na manhã seguinte, os anões propuseram à Branca de Neve que ficasse morando com eles. Em troca ela teria que cuidar da casa, fazer comida, lavar e passar roupas, coser e tecer meias e manter tudo muito limpo e em ordem. Dois crimes podem ser deduzidos deste parágrafo: Trabalho escravo, por não haver menção a qualquer remuneração pecuniária ou registro em carteira; e trabalho infantil, já que a menina, repito, tinha apenas sete anos.

A Rainha Má, ao consultar novamente o espelho mágico (uma espécie de Zé Dirceu do castelo) ficou sabendo que Branca de Neve continuava viva. Então por três vezes consecutivas planejou o seu assassinato, e em todas as vezes disfarçou-se de várias maneiras, pintando o rosto, vestindo trapos, descaracterizando-se portanto, com o intuito de enganar, ação passível de enquadramento no Artigo 299 do Código Penal Brasileiro, figura criminosa tipificada como “falsidade ideológica”. Ao usar o cinto de cetim, e com ele tentar estrangular pela barriga a menina, em um segundo momento enganando-a com um pente envenenado, e, por último com uma maçã igualmente envenenada, a Rainha utilizou-se de um meio fraudulento para induzir alguém a erro, ato criminoso enquadrável no Artigo 171 do Código Penal.

Com a pseudo morte da menina, os anões fizeram para ela um esquife de cristal. Ora, dada às condições precárias da localidade, atrás de sete montes, à rudimentaridade dos seus conhecimentos e instrumentos de trabalho, como poderiam os anões terem produzidos placas de cristal com tal simetria e resistência que pudesse suportar o peso de um corpo desfalecido? Certamente essas placas de cristal foram trazidas de algum reino vizinho. Teriam elas passadas pelo crivo da alfândega? Ou teriam sido contrabandeadas ilegalmente? Essas indagações básicas nos levam a um outro questionamento: para onde estaria indo o ouro extraído das minas, já que a única referência de seu uso estava na gravação na tampa do caixão? Essas evidências nos remetem a supor que se praticava ali, de forma continuada, o envio ilícito de riquezas para algum paraíso fiscal.

Um jovem príncipe, tendo-se extraviado durante a caça na floresta (mais um crime ecológico e um desrespeito à lei do desarmamento?) chegou à montanha onde Branca de Neve repousava dentro de seu esquife de cristal e ficou deslumbrado com a beleza da falecida. Tanta birra fez que os anões concordaram em deixá-lo levar o caixão, com a promessa de colocá-lo na sala de honra de seu castelo. Tal deslumbramento, tal paixão por uma defunta não caracterizaria uma psicopatologia, uma perversão sexual definida por necrofilia?

Já no castelo, um criado desastrado que conduzia o caixão tropeçou numa raiz de árvore e, com o solavanco a menina desengasgou da maçã envenenada, voltando à vida. O príncipe necrófilo não perdeu tempo; propôs logo o casamento.

E então se preparou uma grande festa, para a qual foram convidados os anões e também, pasmem, a Rainha Má, que ignorando a identidade da nubente, se enfeitou toda para as núpcias. Mas o seu destino já estava traçado.

Quando fez a entrada no castelo, perante a corte reunida, já estava sobre um braseiro um par de sapatos de ferro, que havia ficado a esquentar em ponto de brasa. Os anões apoderaram-se dela e, calçando-lhe à força aqueles sapatos quentes como fogo, obrigaram-na a dançar, a dançar, a dançar, até cair morta no chão.

Crime hediondo, premeditado, qualificado, com requintes de crueldades medievais.

Em seguida, realizou-se a festa com um esplendor jamais visto sobre a terra.

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Diante desse relato, mais que às obras de Monteiro Lobato, urge que providências sejam tomadas de imediato, para a preservação da moralidade e da decência, dentre as quais sugiro, sem prejuízo de ações complementares que se fizerem necessárias:

1 – Como medida cautelar antecipatória, sejam retiradas de circulação todas as edições, publicações, versões, inclusive a cinematográfica realizada pelos Estúdios Disney, da história de Branca de Neve e os Sete Anões.

2 – Investiguem-se o cometimento de crimes ecológicos praticados pelo caçador, pelo príncipe e pelos sete anões.

3 – Prisão preventiva (post mortem) da Rainha Má por diversas tentativas de homicídio.

4 – Investiguem-se, no âmbito da Receita Federal, a possível evasão de divisas praticada pelos sete anões.

5 – Enquadrem-se os sete anões, o príncipe, Branca de Neve e todos os convidados participantes do casamento por formação de quadrilha para o cometimento de crime hediondo, decretando-se a prisão dos envolvidos sem direito a sursis ou habeas corpus.

E, por último, mas não menos importante: Constitua-se, no âmbito do Congresso Nacional, uma Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPIm), com a finalidade de investigar o possível envolvimento, nessa trama macabra, de membros do alto escalão do Governo.

Ou do PT.

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terça-feira, 14 de agosto de 2012

As Cores dos Sonhos


Pergunto-me, às vezes, enquanto contemplo o entardecer que se opaca por detrás das montanhas: de que cor eram os meus sonhos?

Não os lembro como um sonho só, monocromático.

São sonhos vários, que se misturam na paleta da vida, como borrões infantis.

Já tive sonhos verdes, inocentes, de campo e de mata e de cervos cinzentos a correr pela geada.

Já tive sonhos escuros, como sombras cambaleantes que a luz da vela bruxuleava na parede fria e que davam ânsias de abrir a janela.

Sonhei em vermelho, e o sonho tinha sabor, cheiro e calor, como se os sonhos pudessem ter. Eram sonhos que exalavam, aqueciam e embriagavam.

Tive sonhos azuis, mansos e pálidos de aconchego. Havia, no meu sonho azul, uma casinha branca, um gramado verde e um cercado baixo de madeira, para delimitar e guardar a felicidade.

Mas a felicidade era transparente, diáfana e volátil e esvaiu-se por entre as frinchas das cores.

Terão mesmo cores os sonhos?

(Sonha-se ainda?...)

Ou a vida resume-se à fadiga nostálgica de rubros entardeceres?...

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domingo, 15 de julho de 2012

O Disparate

Ontem eu vi um Disparate.

Foi a primeira vez em que vi um, assim ao vivo e a cores. Aliás, muito vivo, porém de poucas cores. Muito vivo porque emergiu das águas do rio Paraíba do Sul e caminhou pela margem com seus próprios meios, sem que ninguém o empurrasse. Displicentemente passou por mim e se dirigiu aos arbustos verdes onde mordiscou as folhas mais tenras e chafurdou as raízes.

As cores é que me pareceram um pouco desbotadas, tendentes ao marrom acinzentado.

A princípio pensei tratar-se de uma tartaruga ou de um cágado devido à sua forma abaulada e aos gomos no seu casco, parecidos com os gomos das bolas de futebol de antigamente, antes de aparecerem as bolas de futebol fabricadas pelos patrocinadores dos diretores da FIFA.

A primeira vez em que ouvi alguém falar no Disparate foi na Escola Normal Rainha da Paz, em Lagoa Vermelha. O colégio era mantido e administrado pelas freiras da Congregação de São José e que formava professoras. Normalistas, como se chamavam.

Criaram lá as classes de ensino primário para abrigar crianças de poucos recursos e, ao mesmo tempo proporcionar às normalistas em fase de conclusão de curso, um local para a prática pedagógica na condição de estagiárias.

Foi para uma dessas classes que fui enviado lá da roça. Tia Amália providenciou a vaga e a matrícula e também a hospedagem.

A minha mãe, muito religiosa, dias antes da minha partida me aconselhou, dentre outras coisas, que pedisse às Irmãs (era assim que chamavam às freiras) alguns “santinhos”, pequenos impressos de cerca de 5 x 10 cm, que tinham a imagem de um santo de um lado e a sua biografia ou uma oração no verso.

Logo que me desencabulei um pouco pedi para a professora, que levou o meu pedido à Madre Superiora. Ela, a Madre, parece ter gostado do meu interesse, pois freqüentemente me presenteava, nos corredores, com um santinho diferente que eu, zelosamente guardava para levar para a mãe quando chegassem as férias.

Durante uma aula a professora ensinou sobre a invenção do avião. No intervalo do recreio eu vi a Madre e pedi a ela um santinho do Santo Dumont.

Ela olhou para mim espantada e disse: - “Que Disparate!...” e seguiu, pisando durinho, rumo à Sacristia.

Nunca mais ela me deu santinhos e eu fiquei com vergonha de pedir novamente, imaginando que poderia tê-la ofendido, pedindo um santo que talvez pertencesse a uma ordem religiosa concorrente ou adversária das Irmãs de São José; a Ordem dos Santos Disparates Menores.

Depois desse episódio ouvi várias vezes citarem o Disparate em situações diversas, principalmente pelo Mércio, que estudava na capital e namorava a minha prima.

Vivi toda a minha vida com essa curiosidade e a vontade de conhecer um Disparate de perto.

A última vez em que alguém falou nele, no Disparate, foi ainda este ano, quando publicaram a foto do Lula apertando a mão do Maluf. Um amigo meu do Facebook publicou um comentário assim, abaixo da foto: “Vejam, que Disparate!...” e eu, inicialmente pensei tratar-se do relógio de ouro que o Maluf ostentava no pulso, um legítimo Disparate Suíço. Até comentei isso com a minha companheira Marta, mas ela credita a palavra Disparate à quantidade de dedos do Lula que, somados os das duas mãos totalizariam nove, ou seja, impares, díspares... disparates.

Ontem, no entanto, a curiosidade se desfez graças a uma pescaria no Paraíba.

Chamei o meu amigo Juliano que pescava a certa distância, para mostrar o animal, mas ele, o animal se assustou com meu grito e voltou a mergulhar nas águas barrentas.

Então contei o que vira. E o Juliano sentenciou com toda a certeza:

- Mas isso é um Disparate!...

Ah, então é esse o bicho? E eu imaginando tanta coisa diferente...

Que absurdo!...
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terça-feira, 5 de junho de 2012

História - A Batalha de Ain Jalut

A humanidade teve seus rumos determinados quase sempre por conflitos e lutas entre povos e nações. Desde os tempos bíblicos temos relatos desses conflitos, motivados por invejas, egoísmos, sede de poder e conquista ou por uma determinação divina. As grandes mudanças ocorreram sempre no bojo desses conflitos; Abel e Caim, a conquista da Terra Prometida, a Diáspora, a Primeira e Segunda Guerra Mundial, os conflitos da guerra fria, etc... etc...

Uma das batalhas mais decisivas da história mundial, pouco lembrada e referida nos compêndios escolares é a batalha de Ain Jalut.

O Império Mongol, liderado inicialmente por Gengis Khan, ampliava seus domínios em todas as direções. Após unificar as tribos mongóis, Gengis Khan conquistou a China, Corásmia (território dos atuais Uzbequistão e Afeganistão), a Pérsia, chegando à Ucrânia em 1223.

Com a morte de Gengis Khan em 1227, o império foi dividido entre seus filhos, que continuaram com as guerras de conquista e expansão. Um deles, Ogodai, depois de consolidar seus domínios sobre a China e Coréia, voltou-se para a conquista da Europa, invadindo e conquistando a Polônia, a Hungria e a Romênia em 1241.

Os planos para invadir a Itália, a Áustria e os países germânicos foram abortados devido a morte de Ogodai.

Em 1258 atacaram Bagdá e abriram brechas em suas muralhas. Mataram e saquearam por uma semana. O mundo islâmico inteiro tremia de medo dos mongóis.

Em janeiro de 1260, Alepo, cidade da Síria teve o mesmo fim que Bagdá ao ser devastada pelos mongóis em sua incursão para o oeste. Em março, Damasco abriu seus portões para os mongóis e se rendeu. Pouco tempo depois, os mongóis tomaram as cidades palestinas de Nablus (perto do local onde ficava a antiga Siquém) e Gaza.

O general mongol, Hülegü, exigiu que o sultão al-Muzaffar Sayf al-Dim Qutuz, governante muçulmano do Egito também se rendesse. Hülegü disse que se Qutuz não fizesse isso o Egito sofreria duras conseqüências. O exército de Hülegü era bem maior que os 20 mil soldados egípcios, numa proporção de 15 para 1. “O mundo muçulmano estava a um passo de ser extinto” afirma o professor Nazeer Ahmed, historiador do islamismo.

Qutuz era um mameluco, escravo de origem turca. Os mamelucos haviam servido como soldados-escravos dos sultões aiúbidas do Cairo. Em 1250, porém, esses escravos se revoltaram contra seus donos e se tornaram governantes do Egito. Qutuz, ele próprio um ex soldado-escravo assumiu o poder e se tornou sultão em 1259.

Excelente soldado, nunca desistia sem lutar, no entanto suas chances de derrotar os mongóis eram mínimas. Mas uma série de acontecimentos mudaria o rumo da História.

O General Hülegü ficou sabendo que Möngke, o grande Khan mongol, havia morrido na distante Mongólia. Prevendo uma luta acirrada pelo poder em sua terra natal, Hülegü partiu para lá com a maior parte de seu exército, deixando entre 10 mil e 20 mil soldados, o que achava ser suficiente para completar a conquista do Egito. Qutuz concluiu que o vento agora soprava a seu favor. Pensou que se fosse para derrotar os invasores essa seria a hora ideal.

Mas entre o Egito e os mongóis havia outro inimigo dos muçulmanos: os soldados das cruzadas que haviam ido à Palestina a fim de conquistar a “Terra Santa” para a cristandade.

Os mongóis tentaram uma aliança com os cruzados, mas o Papa Alexandre IV não autorizou. Os cruzados permaneceram neutros, porém permitiram a passagem dos mamelucos para lutar contra os mongóis na Palestina, afinal, Qutuz era a única esperança que os exércitos cruzados tinham para eliminar a presença mongol da região. Para as cruzadas, os mongóis eram motivo de preocupação tanto quanto os muçulmanos.

Em resultado disso, o cenário estava montado para um confronto decisivo entre mamelucos e mongóis.

Em setembro de 1260 os exércitos dos mamelucos e dos mongóis se enfrentaram em Ain Jalut, na planície de Esdredon.

Qutuz atraiu os mongóis para uma emboscada; escondeu boa parte de sua cavalaria nos montes ao redor da planície e enviou uma pequena tropa na frente para provocar um ataque mongol. Os mongóis avançaram, achando que se tratava do exército inteiro dos mamelucos. Qutuz então entrou em ação, ordenando que as unidades escondidas saíssem para atacar os flancos mongóis. Os invasores foram derrotados.

Essa foi a primeira derrota dos mongóis desde o início de sua incursão para o oeste partindo da Mongólia 43 anos antes. Embora o número de soldados envolvidos fosse relativamente pequeno, Ain Jalut é considerada uma das batalhas mais importantes da História. Ela evitou o extermínio dos muçulmanos, pôs fim à idéia de que os mongóis eram invencíveis e possibilitou que o exército mameluco retomasse territórios perdidos.

Os mongóis voltaram várias vezes para a região da Síria e Palestina, mas nunca mais chegaram a ameaçar o Egito. Os descendentes de Hülegü se estabeleceram na Pérsia, se converteram ao islamismo e com o tempo se tornaram patrocinadores da cultura islâmica. Seus territórios vieram a ser conhecidos como ilkhanates, ou “khanates subordinados”, da Pérsia.

Qutuz não teve muito tempo para saborear sua vitória. Seus rivais o mataram pouco tempo depois. Dentre esses rivais estava Baybars I, primeiro sultão de um reino reunido do Egito e da Síria. Muitos o consideram o verdadeiro fundador do regime mameluco. Seu novo Estado – bem administrado e rico – durou dois séculos e meio, até 1517.

Durante esse período de cerca de 250 anos, os mamelucos expulsaram os exércitos cruzados da Terra Santa, incentivaram o comércio e a indústria, patrocinaram as artes e construíram hospitais, mesquitas e escolas. Sob seu domínio, o Egito se tornou definitivamente o centro do mundo islâmico.

O impacto da Batalha de Ain Jalut não se restringiu ao Oriente Médio. Também afetou o rumo da civilização ocidental. “Se os mongóis tivessem conquistado o Egito, eles poderiam, após o retorno de Hülegü, continuar avançando pelo norte da África até o estreito de Gibraltar”, comenta a revista Saudi Aramco World. E, visto que os mongóis chegaram à Polônia, eles teriam encurralado a Europa contra o oceano.

Sob essas circunstâncias, será que a Renascença européia teria acontecido?”, pergunta a mesma revista. “O mundo hoje talvez fosse um lugar bem diferente”.

Fontes: Wikipedia / Revista Despertai (março 2012)

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Não tenho mantido a regularidade das publicações na Torre, pelo que peço desculpas aos amigos leitores. Alguns compromissos assumidos têm me ocupado. Sempre que possível, prometo trazer algo novo. Abraços.

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sábado, 5 de maio de 2012

Ler Emagrece

Texto extraído de Adepom News – Informativo da Associação de Defesa dos Policiais Militares do Estado de São Paulo.


Quem nunca achou que uma pessoa com ótima aparência física não pudesse ter uma invejável formação intelectual? Ou nunca reparou em um sujeito completamente desengonçado e logo achou que ele fosse um geniozinho excêntrico completamente desligado de qualquer tipo de vaidade? Sem dúvida, oposição entre mente e corpo não é nenhuma novidade no universo dos assuntos terrenos.
Mas será mesmo que quem “afunda” a cabeça nos livros não tem tempo algum para “puxar um ferro” na academia? Bem, essa relação pode até ser verdadeira, mas um estudo recente demonstra que a leitura pode ser um excelente modo para se perder algumas preciosas calorias. Na verdade, uma pesquisa mais generalizada já comprovava anteriormente que uma hora de leitura consome uma média de cento e vinte calorias.
Entretanto, uma rede de livrarias britânicas resolveu aprofundar um pouco mais sobre o assunto, ao encomendar uma pesquisa sobre a queima de calorias em relação à leitura de certos gêneros literários. Segundo os responsáveis pela rede, a intenção era chamar a atenção do público em geral com a invenção de uma sessão de livros que, teoricamente, tivessem a capacidade de queimar mais calorias. Ou seja, a intenção era reservar uma prateleira de cada loja para uma seleção de “livros que emagrecem”.
Ao final do estudo, chegou-se à conclusão de que os livros de aventura e sexo conseguem queimar uma quantidade maior de calorias. De acordo com os pesquisadores, o thriller “Polo”, do escritor Jilly Cooper, teria a incrível capacidade de consumir mil calorias. Entre os livros mais populares, “Código Da Vince”, do aclamado Dan Brown, seria um belo consumidor de oitocentas e oitenta e cinco calorias. Será que esses argumentos numéricos poderiam atrair os mais vaidosos?

Difícil é saber se esse tipo de argumento alargaria o número de freqüentadores das livrarias e bibliotecas pelo mundo. Contudo não deixa de ser interessante o fato de que essa pesquisa quebra esse antigo antagonismo entre conhecimento intelectual e beleza física. Para aqueles que duvidam desse tipo de pesquisa, recomendamos que perguntassem sobre a sensação física que um corajoso estudante de filosofia tem ao tentar compreender a metafísica de Immanuel Kant... em alemão.

Fonte: Mundo Educação –
Por Rainer Sousa,
Meste em História.

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Eu, com minha rudeza de gaúcho interiorano, olho sempre com desconfiança esses anúncios. Por exemplo, dizem que correr e caminhar emagrece. Eu acho exatamente o contrário; caminhar e correr engorda. Basta prestar atenção no calçadão ao final da tarde. Só têm gordinhos e gordinhas caminhando e correndo.

o Juliano, leitor voraz, do alto dos seus cento e quarenta quilos, me disse que isto de que ler emagrece é bobagem, enquanto pedia, pelo telefone uma pizza de bacon com catupiri e duas cervejas para a sua próxima hora de leitura.
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terça-feira, 17 de abril de 2012

Sobre a situação na Guiné Bissau

Correspondência enviada a Neri Gomes, Secretário Parlamentar do Deputado Federal Marco Maia, Presidente da Câmara Federal do Brasil e terceiro na linha sucessória do Executivo, tendo já ocupado a Presidencia da República na ausência de seus titulares.

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Caro amigo e companheiro;

Por meio desta dirijo-me a ti com a certeza de que encontrarei acolhida, tendo em vista as inúmeras preocupações e embates que já tivemos em que nossos pensamentos e ações confluíram para um mesmo objetivo, baseado em nossas convicções e trajetórias.

Refiro-me especificamente à situação vivida hoje pela antiga colônia portuguesa na costa ocidental da África, Guiné-Bissau.

Tendo sido uma colônia portuguesa desde o Século XV, proclamou sua independência em 1973, fazendo parte hoje da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), das Nações Unidas (ONU), dos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) e da União Africana.

Depois de muitas marchas e contramarchas, guerra civil e golpes de estado, o país viu degradarem-se as suas incipientes instituições a ponto de ser considerado um entreposto para o narcotráfico internacional entre a América Latina e a Europa.

A partir de 2009, quando do assassinato do presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, o Brasil tem se comprometido com a pacificação do país. O Brasil preside a Configuração Específica da Guiné Bissau da Comissão de Consolidação da Paz (CCP) das Nações Unidas, criada por iniciativa brasileira. Há ainda o Centro de formação para as forças de segurança da Guiné-Bissau, patrocinado pelo Brasil, para limitar o papel das forças armadas às questões militares. A cooperação técnica brasileira em ciclos eleitorais, uma das mais avançadas do mundo, tem sido prestada por meio de cooperação triangular, a exemplo do Memorando de Entendimento Brasil-Estados Unidos-Guiné Bissau para apoio a atividades parlamentares.(*)

Eis que quando se prenunciava um encaminhamento democrático para a estabilidade desse país, um dos mais pobres do mundo, com eleições antecipadas tendo em vista a morte natural do então chefe de estado Malan Bacai Sanhá, quando o ex-Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior venceu o primeiro turno com cerca de 49% dos votos, a 12 de Abril de 2012, uma ação militar levada a cabo por militares guineenses atacam a residência do primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, e ocuparam vários pontos estratégicos da capital da Guiné-Bissau, alegando defender as Forças Armadas de uma alegada agressão de militares angolanos, que segundo o autodenominado Comando Militar, teria sido autorizada pelos chefes do Estado interino e do Governo. No entanto, até agora o panorama é dos mais confusos quanto a atores e motivações. (*)

Diante desse breve relato, e moralmente comprometido com as causas que afetam as populações, principalmente as mais desvalidas de qualquer parte do mundo, é que venho a ti, caro companheiro e amigo, que, na condição de Secretário Parlamentar do Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Federal Marco Maia, faça a ele chegar estas preocupações, que são preocupações comuns a todo o mundo lusófono e à comunidade internacional, no sentido de que ele, Deputado Marco Maia, aja de forma incisiva para que:

1 – O Brasil, pelos seus poderes constituídos, Congresso Nacional, Presidência da República e o Itamaraty condenem veementemente o golpe de estado na Guiné Bissau, e que, de modo algum seja reconhecido o governo ilegítimo que lá está se tentando implantar.

2 - A representação do Brasil junto à CPLP atue de forma pró-ativa para que a entidade assuma para si a responsabilidade de garantir a continuidade e o aprofundamento democrático na Guiné Bissau.

3 – O Brasil, por intermédio de sua embaixada junto à CPLP tome a iniciativa de propor à essa entidade, a formação de uma Força Lusófona Para a Manutenção da Paz, nos moldes peticionados pelo MIL – Movimento Internacional Lusófono, que pode ser visualizada e subscrita em: http://www.petitiononline.com/mil1001/petition.html.

A experiência da missão brasileira no Haiti é um subsídio inestimável que credencia o Brasil a fazer, com autoridade, essa propositura, ao mesmo tempo em que reforça a sua candidatura a membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.

Desde já, amigo, conto com o encaminhamento devido, e peço-te que não te oponhas a que eu torne pública esta correspondência e a divulgue na minha rede social na Internet, bem como assim o farei, com as providências tomadas a respeito, por ti e pelo Deputado Marco Maia.

Um fraternal abraço.

Clóvis Alberto de Figueiredo.

(*) Dados obtidos da Internet, especialmente da Wikipedia.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Gerúndios, Gauchismos e Calopsitas

Desde que aprendi a acolherar as primeiras letras sempre gostei de ler e, por conseqüência, de escrever.

É preciso, no entanto, distinguir entre gostar e saber fazer. Tenho, ainda hoje, dificuldades com algumas palavras, figuras de linguagem, onomatopéias, metáforas e paradoxos. As formas nominais são, para mim, as mais problemáticas.

O Gerúndio, especialmente, causa-me pavor. Só o nome me arrepia: Ge-rún-dio!... Não te parece, caro leitor, que dito assim, compassado, em tom ameaçador, que estamos tratando (ôpa) de um ser cavernoso, mitológico, maltrapilho, ameaçador, com uma cimitarra nas mãos, pronto a decepar as nossas melhores intenções literárias? Eu nunca sei em que lugar da frase hospedar esse monstro.

O professor Fidélis Dalcin Barbosa, de saudosa memória, certa vez chamou-me gerundista e tentou ensinar: “O gerúndio constitui uma oração subordinada de caráter adverbial e, de certo modo, também possui uma função adjetiva. Para ter um emprego claro, o gerúndio deve estar o mais perto possível do sujeito ao qual se refere.”

Diante da minha estupefação, complementou: “o gerúndio se caracteriza como uma forma nominal aplicável em várias circunstâncias, desde que condizente como tal, ou seja, para expressar uma ação em curso ou uma ação simultânea a outra, ou para exprimir a idéia de progressão indefinida.”

Sei... Entendi!...

Para evitar problemas maiores, passei a substituir os gerúndios (éca) decompondo-o. Assim, caminhando passou a ser “a caminhar”; fazendo passou a ser “a fazer” dormindo, “a dormir”, e assim por diante.

Novamente o saudoso mestre deu-me um pito: - Que pedantismo é esse? Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Não só pode como se deve usar os gerúndios.

Hoje em dia uso os gerúndios com moderação, como está escrito nas latinhas de cerveja.

Sei que cometo, ainda, esse e outros erros, mas me conformo quando ouço a moça do meu banco informar ao telefone: “Você precisa estar aguardando que vou estar transferindo o senhor para outro setor”.

No final de semana do carnaval, recebemos a família de meu sobrinho Sidnei, vinda de São Paulo, Capital.

Enquanto o churrasco assava, conversávamos animadamente. Ele riu-se a valer quando eu disse: - Separei esta costela para ti...

Ora, não está errado dizer assim, mas soa estranho para quem não está acostumado. O gaúcho utiliza muito essa forma de pronome pessoal, em vez de “você”. A partir de então ele passou a repetir a frase de forma jocosa para tudo o que falava e a rir-se de qualquer outra expressão que eu utilizasse e que tivesse a mais leve suspeita de sotaque sulino.

Marco André, no seu livro “A Arte de Escrever Bem” (Editora Betânia, 2000) recomenda evitar o uso de conceitos culturais, regionalismos, usos e costumes que são próprios de uma etnia ou grupo específico, cujos princípios não podem ser generalizados, sob pena de criar situações até mesmo constrangedoras. (pg. 89)

Ocorre que a nossa maneira de falar (e de escrever) está tão entranhada em nós que não percebemos quando pronunciamos alguma palavra de uso incomum naquele grupo em que estamos momentaneamente inseridos.

É uma situação diferente quando o autor deliberadamente emprega palavras de uso restrito a uma região ou cultura, como forma de evidenciar essas características.

Cito, como exemplo, João Simões Lopes Neto, escritor regionalista do Rio Grande do Sul, nascido em Pelotas, em 9 de março de 1865 e falecido em 1916 na mesma cidade. Suas obras são todas eivadas de expressões regionais de difícil entendimento para o leitor de outros estados. Veja o trecho a seguir, sobre a noite sem ventos no início da lenda da Mboitatá em “Lendas do Sul”:

FOI ASSIM:

num tempo muito antigo, muito, houve uma noite tão comprida que pareceu que nunca mais haveria luz do dia.

Noite escura como breu, sem lume no céu, sem vento, sem serenada e sem rumores, sem cheiro dos pastos maduros nem das flores da mataria.

Os homens viveram abichornados, na tristeza dura; e porque churrasco não havia, não mais sopravam labaredas nos fogões e passavam comendo canjica insossa; os borra¬lhos estavam se apagando e era preciso poupar os tições...

Os olhos andavam tão enfarados da noite, que ficavam parados, horas e horas, olhando, sem ver as brasas vermelhas do nhanduvai... as brasas somente, porque as faíscas, que alegram, não saltavam, por falta do sopro forte de bocas contentes.

Naquela escuridão fechada nenhum tapejara seria capaz de cruzar pelos trilhos do campo, nenhum flete crioulo teria faro nem ouvido nem vista para bater na querência; até nem sorro daria no seu próprio rastro!

E a noite velha ia andando... ia andando...

II

Minto:

...

Para utilizarmos termos e expressões regionais é preciso ter conhecimento e vivência com essa cultura, tradições e costumes, do contrário correremos o risco das situações constrangedoras, referidas por Marco André, e cairmos em alguma armadilha.

Foi isso o que ocorreu com um tio meu. Egocentrista ao extremo, nenhum de nós podia ter um cachorro melhor que o dele, um cavalo melhor, e, nem mesmo acertar mais questões na prova que ele, sob pena de apanharmos na volta da escola.
Um prepúcio colorado...

Certo dia ele virou poeta. Escrevia e recitava versos repletos de palavras de difícil entendimento para nós, ignorantes.

Lembro-me bem de um trecho de uma poesia em que ele enaltecia a beleza do entardecer nos pampas. Dizia assim: “...o sol se recolhe nas coxilhas, num prepúcio colorado...” Passei longo tempo tentando entender os seus versos. Qual a relação que tinha o lenço vermelho dos maragatos com o entardecer? E com o Sport Club Internacional?

Só quando fui para a cidade estudar, e que, na biblioteca da escola caiu-me nas mãos um livro de anatomia humana foi que entendi que o que ele queria dizer era um crepúsculo avermelhado, rubro.

Em suma, preciso ainda de muita leitura, estudo, prática, para me tornar escritor.

Já as calopsitas... Ora, bem. As simpáticas avezinhas australianas não têm nada a ver com esta crônica. Considero a palavra bonita, científica, culta, sonora e ao mesmo tempo delicada. Não é pedante como os gerúndios nem tampouco regionalista e excludente como os gauchismos.

Eu só a utilizei para enfeitar o título.

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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A Geometria da Vida

Se você analisar bem, verá que toda figura geométrica é formada por retas ou por segmentos de retas.

Você traça o desenho fazendo retas para formá-lo conforme o que você já havia desenhado em sua mente. Assim você traça retas horizontais, verticais, oblíquas - ascendentes ou descendentes - de acordo com a sua vontade.

Até mesmo o círculo, que aparentemente é formado por uma linha curva constante até encontrar o ponto de partida, é, na verdade composto por segmentos de retas em sequência, cada uma delas inclinada com um grau angular constante em relação aos segmentos vizinhos.

Se você alterar o grau desses ângulos você obterá um tamanho maior ou menor do seu círculo se esses ângulos permanecerem iguais para todos os segmentos, ou poderá obter uma elipse, um helicóide ou uma espiral mudando gradativamente os ângulos ou aumentando (ou diminuindo) os segmentos de reta.

Poderá duvidar disso, mas faça o teste. Desenhe em uma folha de papel um círculo, usando uma moeda de bordas lisas como molde. A seguir converta-o para formato digital através de um scaner e amplie-o o suficiente para perceber o que afirmo.

Então o círculo perfeito é uma ilusão de ótica. As linhas curvas são ilusões de ótica.

Nossos olhos (ou nossa mente) não são capazes (ou, no caso da mente, não foi educada para) de examinar os detalhes intrínsecos, íntimos, que compõem uma determinada coisa.

Os caros e queridos amigos leitores estarão se perguntando: Corcundinha endoidou? Fez-lhe mal os ares e o sol do sul?

Nada disso. Pelo menos quanto aos ares e ao sol do sul. Já quanto à sanidade mental, há controvérsias...

No decorrer dos trabalhos que faço de recuperação digital de livros antigos e de outras obras, ao ampliá-las para eliminar resíduos estranhos a elas sem comprometer a sua originalidade, percebi (embora já o soubesse) que não importava a sua forma; inevitavelmente, a partir de um determinado zoom, os traços se convertiam em segmentos de reta. É claro que a qualidade do scaner, a sua pré configuração quanto à qualidade da imagem e os “dot pich” do monitor são determinantes para esse efeito.

Não pude deixar, no entanto, de (com o perdão da redundância) traçar um paralelo entre as figuras e a vida.

Então me levei a pensar: se nossa vida anda em círculos, não conseguimos evoluir, estamos sempre no mesmo lugar, marcando passo, talvez seja porque não conseguimos ampliá-la o suficiente, a ponto de podermos ver os ângulos e mudá-los. Somos incapazes de, a partir do todo, entranharmo-nos nos fragmentos que compõem esse todo, a nossa vida, e dar-lhe uma nova direção, não decompondo o círculo – ótica ilusória - num único ato impensado e radical, mas mudando cada fragmento de vida, ato, atitude, crenças, preconceitos, medos, covardia, inércia; um por vez, de maneira que ela, a nossa vida, se torne linear e sem solavancos.

O rumo que daremos à reta que se formará, se ascendente ou descendente, se para frente ou para trás, dependerá de em qual extremidade dela, pelas nossas ações, colocarmos o sinal vetorial. >

 
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