domingo, 10 de janeiro de 2010

O sumiço do tio Tacilio

Era assim que o chamáva-mos. Tacílio, sem o "O" e sem o "C" que tinha no nome de batismo e na certidão.

Nos documentos era Octacílio Ferreira D'Avila. Casado com minha tia Emeri, tia pelo lado materno.

Sumiu...

Sei que hoje em dia muita gente some, pelos mais variados motivos e circunstâncias. Nas grandes cidades isso, infelizmente, está se tornando comum. Crianças desaparem, adolescentes somem.

Tio Tacílio não era criança nem adolescente. Tinha 71 anos. E Lagoa Vermelha no nordeste do Rio Grande do Sul não é nenhuma metrópole. E o lugar onde ele morava, no distrito de Clemente Argolo, que os mais antigos conhecem como Estância Velha, menos ainda. E ele morava no interior desse distrito, onde tinha uma pequena propriedade rural, lavoura e campo, em que cultivava gêneros para a subsistência e criava algumas cabeças de gado. Atividade essencialmente interiorana.

Ele desapareceu numa manhã. Tomou café com a tia Emeri, calçou as botas brancas, e foi arrumar uma cerca. Levou consigo um alicate, um pedaço de arame e o revólver. Não, não estranhem ter ele levado o revólver. É perfeitamente natural naquela região as pessoas andarem armadas, a arma como uma peça da idumentária. Há onças e outros bichos por lá. Um outro tio, o Lorivan, teve sérias baixas em seu rebanho de ovelhas por conta das onças.

Nada mais ele levou. Nem documentos, nem dinheiro, nem roupas limpas.

Sítio pequeno, ao alcance de um grito, ao meio dia a tia Emeri gritou chamando-o para o almoço. Não veio. Nunca mais veio.

Começava aí as buscas. Inicialmente pela tia, depois com os visinhos de perto. Depois do registro da ocorrência, pela polícia, civil, militar e até federal. Nada...

Encontraram o alicate dependurado num arame da cerca e nada mais.
Pensou-se inicialmente ter ele sido atacado por alguma onça. Mas vasculharam cada moita de mato e não encontraram nenhum vestígio. Nenhuma marca de sangue, nenhum pedaço de roupa, nenhum sinal de luta.

Isso ocorreu no final de 2006. Até hoje não temos notícias dele. A agonia da família é grande.

Se alguém tiver alguma informação a dar, por favor, liguem para o número da Delegacia de Polícia: (54) 3358 1247 ou (54) 3358 2247, ou no órgão de segurança mais próximo.

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