domingo, 28 de junho de 2009

Ratio Studiorum

ESTIMULANDO O HÁBITO SAUDÁVEL DA LEITURA






A Doutora Margarida Miranda, professora do Instituto de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, tem-se dedicado ao estudo da pedagogia dos Jesuítas e publicou há pouco tempo a tradução da Ratio Studiorum, em Portugal. Lembrou ela, o especial cuidado com que no século XVI (sim, no século XVI!), se determinou, no âmbito desta pedagogia que os professores deveriam ser bem tratados para que pudessem ensinar bem. Depois de lermos trechos escolhidos das versões de 1586 e 1599 da Ratio, percebemos que alguns conhecimentos de pedagogia podem ajudar a decidir as políticas e medidas educativas atuais.



"Ratio Studiorum" da Companhia de Jesus (1599)



“Nada deve ser mais importante nem mais desejável (…) do que preservar a boa disposição dos professores (…). É nisso que reside o maior segredo do bom funcionamento das escolas (…).



”“Com amargura de espírito, os professores não poderão prestar um bom serviço, nem responder convenientemente às [suas] obrigações.



”Recomenda-se a todos os professores um dia de repouso semanal: “A solicitude por parte dos superiores anima muito os súbditos e reconforta-os no trabalho.”



“Quando um professor desempenha o seu ministério com zelo e diligência, não seja esse o pretexto para o sobrecarregar ainda mais e o manter por mais tempo naquele encargo. De outro modo os professores começarão a desempenhar os seus deveres com mais indiferença e negligência, para que não lhes suceda o mesmo.”



"Incentivar e valorizar a sua produção literária: porque “a honra eleva as artes.”



“Em meses alternados, pelo menos, o reitor deverá chamar os professores (…) e perguntar-lhes-á, com benevolência, se lhes falta alguma coisa, se algo os impede de avançar nos estudos e outras coisas do género. Isto se aplique não só com todos os professores em geral, nas reuniões habituais, mas também com cada um em particular, a fim de que o reitor possa dar-lhes mais livremente sinais da sua benevolência, e eles próprios possam confessar as suas necessidades, com maior liberdade e confiança. Todas estas coisas concorrem grandemente para o amor e a união dos mestres com o seu superior. Além disso, o superior tem assim possibilidade de fazer com maior proveito algum reparo aos professores, se disso houver necessidade.”



"I. 22. Para as letras, preparem-se professores de excelênciaPara conservar (…) um bom nível de conhecimento de letras e de humanidades, e para assegurar como que uma escola de mestres, o provincial deverá garantir a existência de pelo menos dois ou três indivíduos que se distingam notoriamente em matéria de letras e de eloquência. Para que assim seja, alguns dos que revelarem maior aptidão ou inclinação para estes estudos serão designados pelo provincial para se dedicarem imediatamente àquelas matérias – desde que já possuam, nas restantes disciplinas, uma formação que se considere adequada. Com o seu trabalho e dedicação, poder-se-á manter e perpetuar como que uma espécie de viveiro para uma estirpe de bons professores.



II. 20. Manter o entusiasmo dos professoresO reitor terá o cuidado de estimular o entusiasmo dos professores com diligência e com religiosa afeição. Evite que eles sejam demasiado sobrecarregados pelos trabalhos domésticos."


Ratio Studiorum da Companhia de Jesus (1599).

http://dererummundi.blogspot.com/2008/11/margarida-miranda-professora-do.html#comments

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Na postagem do dia 05 de Outubro de 2008, a Torre publicou matéria sobre a história do chimarrão, contando as suas diferentes vertentes, origens e lendas.

Nessa mesma postagem, publicou-se, também, o bem humorado "Horóscopo do Chimarrão" de autoria de Rose de Porto Alegre, em seu livro "Bruxa Gaudéria e o Bando de Louco" publicado em 2003 pela Martins Livreiro Editora.

Com imensa alegria este modesto anfitrião recebeu de visita à Torre, a autora, Rose de Porto Alegre, que comprovou a sua excelente qualidade literária, bom humor e conhecimento histórico. Além de ser ela (como bem ela diz) uma latifundiária blogueira.

Por esta razão recomendo a visita à algumas de suas produções, e faço destaque à Bruxa Gaudéria, que estará lá, de onde avisto da Torre.

Um abraço, Rose.

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terça-feira, 16 de junho de 2009

Culinária Gaúcha - Espanhóis



Espanhóis



Pecuária, a maior contribuição

A influência espanhola se fez sentir no Rio Grande do Sul, desde a sua formação. Pode-se mesmo falar que, sem a participação espanhola, a pecuária - que seria a base da economia gaúcha durante o século XIX e início do XX - não existiria com a importância que tem. Mas não é só isso: no linguajar da fronteira, nas influências culturais, países de língua hispânica desempenharam um importante papel no nosso século.

Não poderia ser de outra forma. Afinal, o Rio Grande representou a principal zona de contato - e conflito - com os vizinhos espanhóis. Atualmente, metade de nossos limites territoriais se encontra com nações de origem hispânica: ao sul está o Uruguai, ao oeste a Argentina. No século XVII todo o atual estado estava em mãos espanholas. No século seguinte os portugueses conquistaram algumas áreas, e boa parte do território gaúcho voltou a ficar em mãos espanholas - suas tropas invadiram o sul do estado, ocupando a cidade de Rio Grande por 13 anos. Já no início do século XIX a situação foi inversa: foi o Brasil que ocupou a área do Uruguai, incorporando-o ao seu território como Província Cisplatina.

Mas a maior contribuição espanhola, em termos econômicos, pode ser considerada a introdução de bovinos no Rio Grande do Sul. Durante o século XVII, quando formaram suas reduções com os índios guaranis, os jesuítas se preocuparam em dispor de grandes rebanhos de gado para garantir a alimentação de seus tutelados. Graças a isso e a ameaças de vinganças divinas é que eles mantiveram os índios reunidos). Quando os jesuítas foram expulsos, o gado ficou e se proliferou, tornando-se uma atração para portugueses e espanhóis. Os paulistas das bandeiras e os lagunenses que primeiro penetraram em território gaúcho o faziam em busca de gado.

Também em termos culturais a influência espanhola se fez presente, em especial na zona da Campanha. Ali, vivendo situações parecidas e com atividades econômicas idênticas, os gaúchos dos dois lados desenvolveram vestimentas extremamente semelhantes. Também a alimentação é bastante parecida: a carne é a base alimentar de todo o pampa.
Na região de Santa Vitória do Palmar, a influência platina se fez sentir até bem entrado o século XX. Isolados do resto do país e do estado antes da pavimentação da BR-471, que liga o município à cidade de Rio Grande, os moradores compartilhavam muito mais das atividades do Uruguai do que das do Brasil. Era com times uruguaios que se jogava futebol, os jornais e revistas vinham daquele países, se escutavam as rádios de lá. E isto se justificava: afinal a cidade uruguaia mais próxima, Castilhos, está a apenas 70 quilômetros, enquanto que Rio Grande fica a 238 quilômetros.

A proximidade trouxe influências linguísticas, com vários termos se "acastelhanando". Essa situação também ocorreu em outros pontos da fronteira, onde a mescla de termos castelhanos e portugueses no linguajar cotidiano é freqüente. E, se houve influência na linguagem, também houve na arte: a poesia campeira, com seus poemas gauchescos, é comum aos três países do Cone Sul.

Costumes e hábitos da fronteira

No Rio Grande do Sul não existe uma cidade que possa ser considerada espanhola. Nem mesmo um bairro. E, se houver, serão poucas as famílias que, em casa, somente falam espanhol. Ao contrário dos esforços feitos em outras etnias, não existe um trabalho de recuperação e preservação das velhas tradições, procurando mantê-las vivas no dia-a-dia das pessoas.

Para um estado que, no passado, teve suas terras pertencentes à Coroa da Espanha, restou, portanto, muito pouca coisa intacta. Mas muita coisa, da indumentária às formas de expressão que ainda prevalecem na fronteira, permaneceu com alterações - mesclada com os costumes dos portugueses que avançaram "a ferro e fogo" para o sul, essa cultura espanhola resultou em algo novo: no homem gaúcho, com uma cultura própria.

O gaúcho, segundo historiadores da fronteira, "é mais espanhol que português". Em Santa Vitória do Palmar, por exemplo, alguns termos e formas de expressão deixam isso muito claro. Situada nos antigos Campos Neutrais (que não pertenceriam nem a Portugal e nem à Espanha) estabelecidos pelo Tratado de Santo Ildefonso, de 1777, Santa Vitória não conhece o pássaro joão-de-barro por esse nome mas como ornero. O pardal é corrião. E não se diz "não o viste", mas não lo viste.

Algo semelhante acontece em Livramento, como, de resto, em toda a fronteira com o Uruguai. Ali, quando se vai a uma loja comprar um ferro elétrico pede-se uma plancha. Esse verdadeiro dialeto da fronteira é tão forte, que as pessoas, mesmo que se policiem, acabam utilizando termos regionais em sua comunicação habitual. Mas, é claro, isso não se trata de espanhol.

O que é uma autêntica tradição espanhola é o velho costume que vem se mantendo no tempo, de empinar pandorgas (papagaios) na sexta-feira santa. As pessoas saem cedo de casa, com um farnel na mão e a pandorga pendurada nas costas, e seguem para os cerros da região, longe dos fios que fazem a transmissão de energia, para dedicar-se ao esporte.

Trata-se de um costume muito antigo. A prova de que se trata de uma tradição espanhola foi obtida em Valencia, na Espanha, graças a pesquisa de historiadores da região, segundo a qual o costume foi levado a Livramento pelos espanhóis que chegaram à cidade através do porto de Montevidéu em algum momento do século passado.

Como em território uruguaio a ferrovia ia até Rivera (onde foi inaugurada em 1892), espanhóis e italianos chegavam em grandes levas ao Brasil por esse caminho. Quando D. Pedro II visitou Livramento em 1865, o Conde D'Eu registrou em diário que "de duas mil almas, o elemento brasileiro não representa metade". Dentre os europeus, informou ele, predominavam os italianos. Os próprios registros da Associação Comercial da cidade indicam que, no final do século passado, a maior parte dos comerciantes locais era composta por espanhóis e italianos.

A influência dos anarquistas
Junto com eles, porém, chegou outro tipo de espanhóis - os anarquistas, que fugiam de seu país. Estes não só consolidaram um numeroso grupo na cidade, como, ali, patrocinaram o que deve ter sido uma das primeiras greves do Rio Grande do Sul, a dos funcionários do Armour, nas primeiras décadas deste século. Existem fotografias de cartazes escritos em espanhol durante a greve dos trabalhadores do frigorífico, que foi fundado na cidade em 1917 e ainda opera, mas como uma unidade de outro grupo empresarial.
Não existem mais anarquistas em Livramento, mas os descendentes de espanhóis ainda são ativos, reunindo-se na Sociedade Espanhola de Socorros Mútuos. Seus descendentes continuam presentes no comércio, agora também engrossado por uruguaios voltados para o fornecimento de mercadorias para a população de seu país, que realiza parte de suas compras no lado brasileiro.
Esta, aliás, é uma característica de toda a fronteira. Gaúchos se abastecem no Uruguai ou Argentina e vice-versa. Com isto é comum existirem comerciantes brasileiros no lado uruguaio ou argentino e comerciantes uruguaios ou argentinos no lado brasileiro. Em Jaguarão, por exemplo, se acredita que 20% do comércio está em mãos de uruguaios. De outro lado, são moradores de Jaguarão que detêm cerca de 40% da produção uruguaia de arroz.
Jaguarão está onde antigamente havia a Guarda da Lagoa e do Cerrito, constituída em 1791 pela Coroa Espanhola, já que as terras do lado de cá do rio Jaguarão estavam dentro de seus domínios. Por isso, dos pouco mais de 200 anos da cidade uruguaia de Rio Branco (separada por um riacho de Jaguarão), dez foram passados em território brasileiro. O ano que marca o início oficial do povoamento de Jaguarão é 1801.
A posse da terra nessa faixa da fronteira sempre foi muito conturbada. Os problemas começaram quando Portugal conquistou a Colônia de Sacramento em 1680. Nessa época, todo o Rio Grande do Sul, onde floresciam as reduções jesuíticas, era espanhol. Para apoiar os conflitos permanentes pela posse da Colônia - que trocou de mãos inúmeras vezes -, Portugal criou um núcleo de povoamento em Rio Grande no ano de 1737. De 1763 a 1776 os espanhóis, procurando recuperar terreno perdido, ocuparam Rio Grande.
Em 1817 o governo português incorporou todo o atual Uruguai, dando-lhe o nome de Província Cisplatina, o que somente durou até 1828, quando os uruguaios garantiram sua independência. Os conflitos de terra na região, porém, ainda perduram, embora sem maiores problemas diplomáticos - reclamando de uma medição feita em 1856, os uruguaios alegam que uma área de 22 mil hectares que está em território brasileiro (onde foi fundada a Vila Thomaz Albornoz, em Livramento) na verdade lhes pertence.


Das degolas à integração
Todavia, não existem mais conflitos.
Poucas pessoas ainda sabem que as califórnias da canção, realizadas anualmente em Uruguaiana para cultuar as tradições musicais do estado, derivam de algo não tão pacífico - antigamente, califórnias eram as expedições punitivas que comandantes brasileiros faziam em território uruguaio contra abusos praticados contra brasileiros que lá moravam.
Antigamente, quem não conseguia dizer "pauzito" pronunciando o "z" era degolado, já que o castelhano dá a pronúncia do "c" em lugar do "z". Hoje os gaúchos casam com os castelhanos e as cidades fronteiriças são quase uma única comunidade.
De tão pacífica que é a fronteira, velhos aposentados que não têm onde morar e que passaram a vida trabalhando como peões nas estâncias, preenchem seus dias vagando entre uma fazenda e outra nos dois lados, sendo abrigados e alimentados gratuitamente com base numa lei não escrita dos pampas.
Nas cidades, a colaboração é ainda mais ampla: em Livramento, por exemplo, as redes de água e energia são interligadas com as de Rivera, para que uma cidade socorra a outra em caso de necessidade. Quando se tratar de um assassinato, também está convencionado que a investigação e o inquérito correrão na repartição do país onde for encontrado o corpo.


Culinária Espanhola

A culinária espanhola, tal como a Portuguesa, resulta, em larga medida, das influências dos inúmeros povos, conquistadores e conquistados, que habitaram a península ao longo dos séculos, bem como das novidades trazidas para a Europa por portugueses e espanhóis, na época dos descobrimentos. Definir a culinária espanhola é fácil: azeitonas, azeite, salsa, amêndoas, Jerez (Tio Pepe), alho, açafrão, frango, bacalhau, marisco, caça, presunto.

Os espanhóis dão grande importância à comida, e um exemplo disso é a quantidade de tempo que dedicam à confecção e, como é lógico, à degustação de variados pratos. Aliás, a variedade da culinária espanhola é diretamente proporcional à variedade de clima, culturas e regiões que existem em território espanhol. O prato mais conhecido de toda a Espanha é, sem dúvida, a paella, originária da região de Valência.

Para os apreciadores da boa cozinha, recomenda-se a culinária Basca, da qual salientamos os pratos de pescada e de bacalhau. Em termos da culinária regional, como já referimos, a Paella é o prato típico da região de Valência, ao passo que a Galiza é mais conhecida pelos pratos de peixe e de carnes excelentes; na Andaluzia, como não podia deixar de ser, temos o Gazpacho e o peixe frito, e nas Astúrias a Fabada (cozido de favas). Na região Centro, são mais consumidos os pratos à base de carne de carneiro, ao passo que na Catalunha preferem o peixe, moluscos e o tradicional enchido Butifarra.

A cozinha espanhola é composta por muitos pratos picantes e saborosos.

A riqueza e a variedade de sua comida é impressionante. Sendo Espanha a porta de entrada de produtos originários da América, sua culinária não poderia passar sem batata, tomate, pimenta e feijão.

Inicialmente, a paella, que consiste em um farto risoto de frutos do mar, é o prato mais conhecido e o jamon ( presunto cru ou “di Parma” ) uma das principais iguarias.

O churrasco também foi, para os espanhóis nos primórdios do Rio Grande do Sul, o seu principal alimento, pelas características da colonização e da grande quantidade de gado introduzidos pelos padres Jesuítas como já foi abordado no início desta série.

No entanto, alguns pratos tradicionais de Espanha foram moldados às características regionais e à disponibilidade de ingredientes.

O puchero é uma preparação à base de carnes e embutidos, legumes, verduras, ovos cozidos e, às vezes, banana, que são cozidos juntos, e com temperos, na mesma panela. É uma preparação característica de vários países. Na Espanha, é chamado puchero ou cocido, sendo o mais conhecido o cocido madrileño. O Puchero é a versão espanhola para o cozido português.

Sendo um prato típico dos países do Pampa como o Uruguai e a Argentina, é bastante apreciado na região de campanha do Rio Grande do Sul.

O puchero criolo é uma modificação do cozido espanhol, porém feito com mais carne e menos grão de bico.

A paella (em castelhano e catalão
) é um prato à base de arroz, típico da gastronomia espanhola e que tem as suas raizes na comunidade de Valência - daí que em Portugal seja comumente conhecido como Arroz à Valenciana.

Surgiu na Espanha, nos séculos XV e XVI, na região de Valência, mais especificamente na região de Albufera
, região de grandes arrozais e de grande produção de verduras frescas. Originalmente um prato popular, foi criada pelos camponeses que partiam para o campo com a paellera ou paella, arroz, azeite e sal e agregavam ingredientes da caça, legumes da estação e as sobras que possuíam. O tomate só foi acrescentado posteriormente, trazido da América por Cristóvão Colombo, e o frango, que era muito caro para os padrões da época.

Fontes: RS Virtual. Fotos Inernet.

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sábado, 6 de junho de 2009

Momento de Reflexão

ESTIMULANDO O HÁBITO SAUDÁVEL DA LEITURA



MOMENTO DE REFLEXÃO


Amigos da Torre, faz tempo que não comento minhas experiências atuais, junto ao Projeto “Estímulo À Leitura.” As atividades deste trabalho continuam e indo bem, claro!

Hoje gostaria de acrescentar e contar-lhes sobre uma nova experiência, o Projeto Escola Tempo Integral – PROETI.

Este projeto, creio que existam em outros estados, como em Minas Gerais. Acredito que, dependendo da escola que possua rede física adequada, o trabalho deve estar caminhando bem mais adiantado, visto que primeiramente é necessário ter sala ambiente, somados aos recursos financeiros do governo, entre outras prioridades.
Como ele funciona?

O governo surgiu com a proposta de colocar alunos para frequentarem a escola o dia todo, devido à violência nas ruas, pois seus pais trabalham e entre outros aspectos políticos, sociais, etc, que não vou discorrer aqui. Somados a isto vem à questão defasagem de aprendizagem, e esta é uma oportunidade de juntarmos tudo, aproveitarmos o tempo e formar nestes alunos outros horizontes, além de dar-lhes o usual escolar.

Pois bem, a proposta chegou, a escola se adequou e foi dada a largada.
Como falei no início, a escola precisa ter um espaço, ou seja, uma sala exclusiva para estes alunos. Feito isto a escola buscou no seu quadro de professores efetivos e excedentes, alguém disposto e experimentar praticamente “às cegas” esta nova proposta. Devido à carga horária maior, o professor tem que se doar, dedicar, ter vontade e principalmente acreditar neste novo processo. Tarefa difícil, não? Mas não para por aí. E a tarefa de resgatar estes alunos e fazê-los entender sua finalidade? E a responsabilidade das pessoas envolvidas? E a questão metodológica? Disciplinar? Financeira? E o envolvimento dos pais? Nem imaginam da “missa a metade,” gente!
É uma trabalheira, acreditem!

Pois bem, vou me deter à alguns aspectos que considero cruciais neste processo:
Primeiro que este projeto custeado pelo governo é bom. Segundo, acredito nele sim. Terceiro, importantíssimo: a escola se posicionar diante dos pais envolvidos, para que compreendam a proposta, avaliem, tenham argumentos para críticas positivas ou negativas e valorizem o esforço e dedicação da escola. Depois disso estabelecido, vem a formação junto aos alunos. Lembram das “Pequenas Ternuras” que sempre menciono no projeto “Estímulo À Leitura”? Pois bem, aqui ele entra bonitinho também.

Acredito que tudo na vida tem que ser valorizado e apreciado de forma positiva e sempre agradecer estas oportunidades. São princípios básicos, não?

Para vocês amigos, que saíram do convívio escolar à alguns anos(e mais alguns, risos) vou lhes contar que hoje um aluno de 11 anos chega na sua “cara” e pode até lhe dizer “ Vá tomar no....”. Tudo isso devido à violência, miséria, fome, etc e etc.... Outro dia li uma reportagem louvável sobre pessoas que levam livros nos carros, e ao invés de darem uns trocados ou comprarem balas nos sinais de trânsito, doam estes livros. Hum... Não posso opinar, pois na minha cidade ainda podemos contar os semáforos existentes. Moro numa cidade pequena, com muitos problemas de trânsito, que também não vou me enveredar neles... Mas, será mesmo que um morador de rua vai aceitar o livro e ler com o estômago em frangalhos de fome? Pensem a respeito...

Voltando ao Tempo Integral:
Os alunos hoje chegam à escola sem virtude e valores familiares, claro, eles são filhos daqueles alunos que no passado evadiram-se da escola. Ou mal chegaram à antiga oitava série do ensino fundamental. Ou porque tinham dificuldades na leitura ou na matemática e eram considerados “burros”, sem vontade de aprender e voltados à indisciplina. Portanto, exigir que o aluno não te enfrente com violência verbal e até física é complicado. Imagine dar um grito e dizer: “Seu pai não lhe dá educação?”

Gente, isso é totalmente fora da realidade deles. Obviamente não estou generalizando, existem exceções. Pretendo apenas chegar ao meu ponto de vista, ou seja, escola pública com necessidades escolares urgentes para resgatar, novos planejamentos voltados a esta realidade e pessoas dispostas a arregaçarem as mangas. Difícil, novamente? Sem dúvida!

Não tenho soluções milagrosas, não. Nem sou aquela professora perfeita. Entre erros e acertos, apenas agora, no final de minha carreira descobri que poderia estar nestes projetos há mais tempo. Pena... Mas quem sabe em breve serei “amiga da escola” igual o Toni Ramos... (da propaganda, ou sei lá se já existem atores novos no pedaço, pois sou alérgica a rede globo novelística, (com letra minúscula mesmo!)).

Bem... voltando à vaca fria....Quem dera que meu projeto “Estímulo À Leitura” fosse reconhecido pela Secretaria da Educação. Ele também dá certo, e como! Coitado, ele é o projeto “pobre” da escola. O PROETI é o “rico”. Vocês sabem que eu sou professora excedente, que comecei este projeto para me sentir útil na escola, etc e etc. Se não sabem ou não se lembram, busquem aqui na Torre postagens de novembro de 2008, onde meu amigo Quasímodo discursou com grande propriedade!

Então....Fui convidada para participar do PROETI, pela supervisora “persuasiva” da jurisdição de acordo, anteriormente, com a colega que assumiu o projeto, diretora e supervisora da escola.

Gente que legal!
Cheguei lá e vi materiais didáticos, DVD, TV, Som... Como dizem os internautas de plantão “ úia!”

Lógico, para tudo existem normas e para que esta riqueza seja bem utilizada e preservada, volto à questão das “Pequenas Ternuras”.

No início, os alunos que mal sabiam dizer “bom dia” tinham o espírito de destruidores. Claro, eles acham que a escola é do governo, seus pais também acham, então vamos destruir!

Não seria então conveniente juntar o útil ao agradável?

Juntei o meu lado “lúdico” das histórias de fadas, valores, ternuras e comecei. Fui até buscar ajuda nos livros de Ensino Religioso, onde as virtudes ainda existem. Graças à internet, e editoras das quais colaboram comigo no “Estímulo À Leitura”, consegui bons livros de professores e até colaborei com minha colega da área de Ensino Religioso da escola. Eu fui criada a repartir o pão, ou seja, se eu tenho um bom material didático por que não repartir? Outro valor que aprendi é o agradecimento e a valorização de conquistar as coisas. Então, comecei a incutir nestes alunos as palavras “Muito Obrigado”, “Somos privilegiados por estarmos aqui”, entre outras.

Coloquei um mural feito de E.V.A. com alfinetes na sala para colocar avisos, mensagens. Os alunos fizeram uma “festa” com os alfinetes... Eram para alfinetar os colegas no recreio... Hoje na sala de aula, não existe respeito dos alunos com cortinas, murais, carteiras, cadeiras. E não venham com esta que os professores não zelam! Além disto, eles deveriam chegar educados, não? Mas daí vamos ficar naquele círculo vicioso: Os pais foram nossos alunos e saíram para vida sem grandes sonhos escolares e por aí seguimos em frente sem chegar num denominador comum.

Cheguei, vi o mural quase sem alfinetes e enfeites. Fiquei brava... Exigi educação e modos. Adiantou? Quase nada!
Então vamos às histórias lúdicas com lições de moral, onde os animais nos ensinam virtudes perdidas. O velho ditado “de tanto bater na pedra dura ela fica mole”.
As histórias lúdicas mais uma vez nos dão um banho de sabedoria. Confiram lá no blog projetos e ideias...

Outro exemplo que ouvi de uma professora certa vez, é que seu aluno lhe pediu sugestões de onde ele poderia fazer as tarefas escolares em casa. A professora disse: “na mesa, uai!” Para surpresa da professora o menino não tinha mesa em casa. Ela perguntou onde eles faziam as refeições e ele respondeu: “na mão, uai!”
Visto isso, adiantaria eu esbravejar e pedir educação?
Primeira providência: conscientizá-los do privilégio de serem convidados para o projeto. Para cada sala ambiente o PROETI recomenda o número de 25 alunos. Partimos de alguns requisitos para selecioná-los: sondagem no início dos primeiros meses e as notas do primeiro bimestre, junto aos professores das salas regulares. Isto exige constantes conversas entre supervisores e professores, dado a isto, entre eles o momento do Conselho de Classe. Visto a defasagem de aprendizagem, somamos a necessidade de pais que não têm como deixarem seus filhos em casa, sozinhos. Obviamente, aqui preciso enfatizar que a escola não é creche, ainda mais se tratando de alunos a partir de 11 anos (escola de 6º ao 9º ano do Ensino Básico). Muito junto a isto vem a questão da disciplina: aqueles alunos que não cumprirem as regras não serão bem – vindos. Estou sendo cruel?

Até para comprarmos um pão existem regras, já notaram?

A vida é cheia de normas e nós precisamos cumpri-las para nossa sobrevivência. Se não estipularmos regras nenhum trabalho em conjunto dará resultados. Em tudo é necessário limites. Sendo assim coloquei na sala um cartaz com os direitos e deveres dos alunos e da escola. Sempre que necessário voltamos à leitura, isto para a memória não falhar ...

Sabe o que falta agora? Os pais entenderem nossas atitudes. Estarem próximos ao projeto, manterem contato espontaneamente, sem que mandemos convites por escrito.

Outro fato importante é que “uma andorinha sozinha não faz verão,” precisamos de apoio, cooperação, boa vontade, ideias, sugestões e gente para por a “mão na massa”.
Resumindo tudo, eu estou colaborando na escola com dois projetos: um “rico, o PROETI, e o outro “pobre” o PROELE (inventei agora: Projeto Estímulo À leitura).
Em tempo: Refiro-me a Escola Estadual Coronel Casimiro Osório, Itajubá, MG.

Gostaria de sensibilizar a equipe administrativa da 15ª Superintendência de Ensino de Itajubá quanto à continuação de meu “PROELE”, ano que vem, visto que me afastarei oficialmente dos trabalhos, devidos a minha futura aposentadoria. Obviamente a equipe da supervisão da mesma está ciente, e apoiando. E claro, tenho uma colega muito competente, excedente, disposta a continuar por mim, ela será minha “herdeira” absoluta.

Ainda em tempo, preferi não mencionar detalhadamente os nomes das colegas envolvidas, porque pretendia enviar logo para meu amigo anfitrião “do” (eis outra questão: blog é masculino, Concurdinha diz que está certo referir-se “a” torre pois ela é feminina....Que acham?) Torre das Letras, e não houve tempo suficiente para eu solicitar permissões para publicação destes nomes.

Mais em tempo ainda: O aluno é que cumpre o tempo integral na escola, ou seja, chega as 7:30 e sai às 17:25.Sendo que de manhã frequenta a sala ambiente e de tarde vai para sua sala de aula regular. As atividades da manhã são planejadas de acordo com suas necessidades, incluindo, refeições, banhos, lanches, estudos das disciplinas, tarefas, trabalhos na biblioteca, educação física, recreação, etc.
Publicado por Krika - a professora
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