sábado, 7 de março de 2009

Dia Internacional da Mulher

8 de março – Uma data de muitas histórias



Era uma vez uma mulher... duas mulheres.... talvez, 129 mulheres. A data era 8 de março de 1857; mas bem podia ser de 1914 ou (quem sabe?) de 1917. O país era os Estados Unidos – ou será Alemanha? Ou a Rússia?

Tantas datas, tantos lugares e tanta história revelam o caráter, no mínimo, instigante da seqüência de fatos que permeiam a trajetória das pesquisas em busca da verdadeira origem da oficialização da “data de 8 de março” como o Dia Internacional da Mulher. É instigante, e curiosa, talvez porque mescla fatos ocorridos nos Estados Unidos (Nova Iorque e Chicago), na Alemanha e na Rússia: mescla, também, greves e revoluções; reivindicações e conquistas. E nos apresenta datas que variam do dia 3 de maio (comemorado em Chicago em 1908), ao dia 28 de fevereiro (1909, em Nova Iorque) ou 19 de março (celebrado pelas alemãs e suecas em 1911).

A mais divulgada referência histórica dessa oficialização, na verdade, é a II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em Copenhague, Dinamarca, em 1910, da qual emanou a sugestão de que o mundo seguisse o exemplo das mulheres socialistas americanas, que inauguraram um feminismo heróico de luta por igualdade dos sexos. Na ocasião dessa conferência, foi proposta a resolução de “instaurar oficialmente o dia internacional das mulheres”. Contudo, apesar de os relatos mais recentes trazerem sempre a referência ao dia 8 de março, não há qualquer alusão específica a essa data na resolução de Copenhague.

É bem verdade que o referido exemplo americano – de intensa participação das mulheres trabalhadoras – ganhou força com o evento de um massacre “novaiorquino” extremamente cruel, datado de 8 de março de 1857. Nesta data, um trágico evento vitimou 129 tecelãs. Era uma vez uma mulher... duas mulheres.... talvez, 129 mulheres : dentro da fábrica em Nova Iorque onde trabalhavam, essas mulheres foram mortas porque organizaram uma greve por melhores condições de trabalho e contra a jornada de doze horas. Conta-se que, ao serem reprimidas pela polícia, as trabalhadoras refugiaram-se dentro da fábrica. Naquele momento, de forma brutal e vil, os patrões e a polícia trancaram as portas e atearam fogo, matando-as todas carbonizadas.

Fato brutal! Mas há quem considere como mito a correlação única e direta da tragédia das operárias americanas com a data do Dia Internacional da Mulher, simplesmente por não haver documento oficial que estabeleça essa relação.

Alguns estudiosos encontram uma correlação “mais confiável” em outros fatos históricos. Descrevem, por exemplo, como uma relação mais palpável, a data da participação ativa de operárias russas, em greve geral, que culminou com o início da revolução russa de 1917. Segundo relato de Trotski (História da Revolução Russa), o dia 8 de março era o dia internacional das mulheres – o dia em que operárias russas saíram às ruas para reivindicar o fim da fome, da guerra e do czarismo. “Não se imaginava que este ‘dia das mulheres' inaugurasse a revolução”.

Com essas duas, ou com outras tantas histórias, materializam-se, em face da diversidade de interpretações, nossas interrogações sobre a verdadeira origem do Dia “8 de março” Internacional da Mulher. Contudo, é impossível não reconhecer o vínculo entre as datas das tragédias e vitórias relatadas com a escolha da data hoje oficializada. A aceitação desse vínculo está registrada em textos, livros e palestras da atualidade. E, com certeza, essa aceitação não decorre exclusivamente de documentos oficiais; decorre principalmente de um registro imaterial – a memória de quem reconhece e jamais esquece as recorrentes e seculares reivindicações femininas por justiça e igualdade social.

E, assim, voltamos ao começo: Era uma vez uma mulher... duas mulheres.... talvez, 129 mulheres. A data era 8 de março de 1857; mas bem podia ser de 1914 ou (quem sabe?) de 1917 . E voltamos a esse começo mesmo para concluir que o fato de o dia internacional da mulher estar, ou não, oficialmente ligado a esse ou àquele momento histórico não é o foco mais significativo da reflexão que ora se apresenta. Afinal, o dia 8 de março universalizou-se – isso é fato . E universalizou-se pela similaridade dos eventos mundiais relacionados à luta das mulheres.

Hoje, sem sombra de dúvidas, a data é mais que um simples dia de comemoração ou de lembranças. É, na verdade, uma inegável oportunidade para o mergulho consciente nas mais profundas reflexões sobre a situação da mulher: sobre seu presente concreto, seus sonhos, seu futuro real. É dia para pensar, repensar e organizar as mudanças em benefício da mulher e, conseqüentemente, de toda a sociedade. Os outros 364 dias do ano são, certamente, para realizá-las.




Texto publicado em 2004 pelo Congresso Nacional em:
http://www.senado.gov.br/anodamulher/destaques/datas.asp


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Quando comecei a me interessar pela internet, e tive condições de fazê-lo na década de 80, ancorei numa sala de bate-papo do portal Terra.


Lá fiz amigos e amigas que guardo com carinho ainda hoje. São tantos e tantas. Com alguns e algumas perdi contato. Outros e outras já partiram para o andar de cima.


Dentre estes está um poeta, que postava lá sonetos maravilhosos. Fizemos amizade, sem nunca nos encontrarmos e sem saber onde um ou outro vivia. Ele enviava-me por e-mail alguns de seus sonetos apenas pelo prazer de saber-se apreciado e agradar. Guardei-os com zelo e nunca os divulguei a espera que um dia seu projetado livro saísse do prelo. Acredito que isso nunca ocorreu, pois ele faleceu no começo de 2005.


Quem me ler hoje e vivenciou esse tempo há de lembrar-se do Vagabundo – O Poeta da Rua. É com um poema dele, que recebi em 22 de fevereiro de 2003, que homenageio a todas as mulheres no dia a elas dedicado. Especialmente às mulheres que fizeram e fazem parte da minha vida.



MULHER


Vagabundo – O Poeta da Rua


Deus quando te fez pensava no pecado
Moldando tuas curvas, chegou à perfeição
Consegues, com um sorriso, mudar o Universo
Consegues, com teu ventre, imitar a criação.

És tão importante em nossas vidas
Que às vezes me pergunto com ironia
- O que seria eu, um poeta vagabundo
Sem musas inspirando minha pobre poesia?

Exalto, sem medidas, teu poder de sedução
Carrega-nos no colo, faz-se mãe, mulher, amiga
E forte como és, domina um coração.

Nada existe igual e Deus disso sabia
Pois quando Te criou, o mundo fez mais belo
E trouxe, aos poetas, a razão da poesia.

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6 comentários:

Anônimo disse...

Que falar...
Ao poeta, basta pensar...ele ouvirá
Ao amigo que o trouxe através de palavras indescritíveis...
Basta dizer
Mulhers, o somos
Só o somos, porque há homens especiais
Temos nosso valor, que se completa com o seu valor .
Ninguém é alguém sózinha
Parabéns amigo que amo
Parabéns , mulheres de verdade.

disse...

Olá!
Bastante elucidativo o texto sobre a comemoração desta data, pois, nada nasce pronto assim do dia para a noite, não é? Muitas mudanças iniciam pequeninas, gradualmente crescem e num belo dia(ou fatídico, neste caso em especial)instaura-se um marco. Independente disso, o fato é lembrar, homenagear...e, maravilhosa homenagem prestou a nós mulheres seu "imortal amigo" neste lindo poema. Muito obrigada e bjins!

Unknown disse...

A referida confusão vem da "junção" de dois acontecimentos distintos!

Ver, também, artigo no Wikipedia.

Quasímodo disse...

Muito bom, BZ... Obrigado.

O fato é que a data se intituiu, e, sem maniqueísmos, há muito ainda a fazer até que se tenha motivos para comemorações.

Abraço.

Anônimo disse...

Passei pra deixar beijos,tá?
Onde coloco?
Hã?
Atrás do vaso ou embaixo do tapete?..rs
Ok,deixando embaixo do tapete.
Bah!Achei uma chave...rs
Beijos!
.
.

Anônimo disse...

'
sobrevoando a torre uma vez mais.
gosto da atmosfera leve e sutil que há por aqui.
muitas vezes, nem encontro as flores, porém, sempre sinto o seu perfume no ar.
'
deixando um beijo p/o anfitrião.
'

 
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