(Deu saudade deste canto e dos amigos que aqui vinham. Talvez voltem, talvez não. Talvez eu volte, talvez não)
- I -
Maria, traga-me os panos,
embebidos com arnica.
Doem-me os cortes e os lanhos,
e a sede me sacrifica.
Quero beber o teu beijo,
cicatrizar com teu pranto.
Acenda um rolo de cheiro,
para agradar o teu santo.
cicatrizar com teu pranto.
Acenda um rolo de cheiro,
para agradar o teu santo.
Depois deita-te comigo
e finja que está cansada.
Encosta tua coxa nua
e finja que está cansada.
Encosta tua coxa nua
na minha peluda e magra.
Porque amanhã bem cedinho,
a rebelião continua.
Porque amanhã bem cedinho,
a rebelião continua.
- II -
Acorda, poeta;
beija de leve
o seio da tua menina,
com quem nesta madrugada,
pichaste um verso do Leminski
no muro da Praça Quinze.
Passe um café bem forte,
e lhe sirva com mel
e pinhão de chapa.
E, antes da nova passeata,
procura terminar o teu poema
antes que a tropa,
pise o papel
e inutilize a pena.
- III -
Ora, veja só, Capitão, minha medalha;
Está um pouco opaca, desbotada.
Tem a marca de um beijo na serrilha,
E um furo de bala no reverso.
Ganhei à ambos, Capitão, batom e chumbo,
Quase que na mesma metralhada,
Quase que na mesma metralhada,
No instante em que de cá, desta fortilha,
Meu amor reabastecia com meus versos,
O perfume que soprei para o seu mundo.
2 comentários:
Corcundinha querido!
Bom saber que continuas escrevendo.
Ah, e que lindo!
Beijo!
teus versos... ah os teus versos...
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