Itajubá - MG
Em Pindamonhangaba, além dos meninos vindos de São Paulo, tive o prazer de conhecer pessoalmente uma família de amigos que já vinha eu cultivando há tempos, através dos recursos da tecnologia: "Seu" Hélio, sua esposa Célia, e os magníficos amigos Giuliano, Géssica e Polly.
Aliás, foi do "Seu" Hélio um dos conselhos mais valiosos que recebi nesta viagem: "Em São Paulo, é melhor não parar em alguma rua, que logo se forma uma fila atrás de você!..."
E é verdade. Comprovei quando, no retorno de um passeio numa cascata, aos pés da Mantiqueira, paramos para tomar água de côco. Ao devolver a colher que haviámos tomado emprestado para aproveitar as raspinhas do côco, a senhora do estabelecimento estava ocupada, moendo cana. Esperei ela se desvencilhar da faina, e logo, ao olhar para trás percebi uma fileira de pessoas. Perguntei: O que fazem aqui?... Um respondeu: Não sabemos, mas vimos o senhor parado e imaginamos que era o começo de uma fila para alguma coisa...
É cultural.
Antes de iniciar a viagem, eu havia traçado um roteiro, cidades que gostaria de ir, amigos que queria visitar: Mogi Mirim, Botucatu, Campinas, São Bernardo do Campo... e que ao fim, tive que adiar, pela exiguidade de tempo.
Mas uma cidade que não poderia deixar de ir, era Itajubá, já no Estado de Minas Gerais. É lá que mora um casal de amigos muito especiais para mim, Krika, colaboradora da Torre e seu esposo.
Então fomos, na manhã de segunda-feira. Subimos a Serra da Mantiqueira, e já com atraso, chegamos à Itajubá, já passado do meio dia. Os amigos nos aguardavam com o almoço pronto. Um manjar delicioso, dígno da realeza, em que não poderia faltar o típico tutu à mineira, esmeradamente preparado pela amiga Krika.
À tarde, passeamos pela cidade. Um dos orgulhos dos Itajubenses é a sua Universidade Federal.
A Universidade Federal de Itajubá- UNIFEI, foi fundada em 23 de novembro de 1913, com o nome de Instituto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá- IEMI, por iniciativa pessoal do advogado Theodomiro Carneiro Santiago, foi a décima Escola de Engenharia a se instalar no país. Desde logo o IEMI se destacou na formação de profissionais especializados em sistemas energéticos, notadamente em geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. O então Instituto foi reconhecido oficialmente pelo Governo Federal em 05 de janeiro de 1917.
O curso tinha, inicialmente, a duração de três anos, tendo passado para quatro anos em 1923 e, em 1936, foi reformulado e equiparado ao da Escola Politécnica do Rio de janeiro e tendo o nome da instituição sido mudado para Instituto Eletrotécnico de Itajubá-IEI em 15 de março daquele mesmo ano.
Em 30 de janeiro de 56 o IEI foi federalizado. Sua denominação foi alterada em 16 de abril de 1968 para Escola Federal de Engenharia de Itajubá- EFEI. A competência e o renome adquiridos em mais áreas de atuação conduziram ao desdobramento do seu curso original em cursos independentes de Engenharia Elétrica e de Engenharia Mecânica, com destaque especial para as ênfases de Eletrotécnica e Mecânica Plena. Iniciou em 1968 seus cursos de pós- graduação, com mestrados em Engenharia Elétrica, Mecânica e Biomédica, este último posteriormente descontinuado.
Em resposta à evolução da tecnologia e à expansão das novas áreas contempladas pela Engenharia, a UNIFEI ampliou as suas ênfases em 1980, passando a incluir a de Produção, no curso de Engenharia Mecânica, e a de Eletrônica, no de Engenharia Elétrica. Dando prosseguimento a uma política de expansão capaz de oferecer um atendimento mais amplo e diversificado à demanda nacional e, sobretudo, regional de formação de profissionais da área tecnológica, a instituição partiu para a tentativa de se transformar em Universidade Especializada na área Tecnológica- UNIFEI, modalidade acadêmica prevista na nova Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional- LDB.
Esta meta começou a se concretizar a partir de 1998 com a expansão dos cursos de graduação ao dar um salto de dois para nove cursos, através da aprovação de sete novos com a devida autorização do Conselho Nacional de Educação- CNE. Posteriormente, foram implantados mais dois novos cursos de graduação- Física Bacharelado e Física Licenciatura.
A concretização do projeto de transformação em Universidade deu-se em 24 de abril de 2002, através da sanção da lei número 10.435, pelo presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. A UNIFEI dispõe de 96% de seus docentes em regime de trabalho de tempo integral com dedicação exclusiva, sendo 56% com o título de Doutor, 37% com o título de Mestre, 3% com Especialização e 4% Graduados, ou seja, 93% tem Pós- Graduação em nível de Mestrado e Doutorado. A UNIFEI e o Instituto nacional de Telecomunicações- INATEL, sediado no município de Santa Rita do Sapucaí, são as principais instituições tecnológicas que dão sustentação e apoio ao projeto do Pólo de Tecnologia da Informação e Telecomunicações da região do Alto Sapucaí, e que também conta com o apoio do governo mineiro, através da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia.
Outro projeto que tem uma participação destacada da Universidade Federal em Itajubá é o da chamada Rota Tecnológica 459. Trata-se de um movimento comunitário que pretende reunir cidadãos de 88 municípios sul- mineiros e 19 paulistas, situados numa faixa de 50 km em torno do eixo da rodovia BR 459, que liga Lorena a Poços de Caldas, passando por Itajubá, Santa Rita do Sapucaí e Pouso Alegre, importante elo rodoviário entre a Presidente Dutra e a Fernão Dias. Seu objetivo é promover um desenvolvimento regional integrado, através do estudo das peculiaridades de cada município, seus problemas, vocações e potencialidades. Além disso, a UNIFEI também possui atividade de extensão que extrapola a esfera regional, a exemplo do Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas- CERPCH, onde a Escola sedia a secretaria do referido Centro.
Do alto de um morro, onde se localiza uma igreja, ainda em fase de acabamento, pudemos apreciar a magnífica cidade, com seus telhados amarelados, cortada ao meio, pelo rio Sapucaí.
Itajubá foi fundada em 19 de março de 1819 e em 27 de setembro de 1848 foi emancipada e, conforme a Lei nº 355, de 27 de setembro de 1848, a abrangência dos seguintes territórios: a “ freguesia de mesmo nome” (que abrangia o atual município e Piranguçú), Cristina (Espírito Santo do Cumquibus), Pedralva (São Sebastião da Capituba), Brasópolis (São Caetano da Vargem Grande) e Delfim Moreira (Soledade de Itajubá). Pouco tempo depois esses territórios foram se desmembrando de Itajubá.
Na corrida à exploração de pedras preciosas em Minas Gerais foram descobertas as minas de Nossa Senhora da Soledade do Itagybá, local onde se construiu a cidade de Delfim Moreira, na qual teve início a história da atual cidade de Itajubá. Um apetite de ouro e pedrarias que levaria à formação de povoados na região sul do Estado de Minas Gerais. Entre bravos e arrojados povoadores estava Miguel Garcia Velho, fundador da primitiva Itajubá, hoje cidade e município de Delfim Moreira.
Nas imediações de Passa-Quatro, Miguel seguiu pelos vales de Bocaina, afastando-se, pois da rota já trilhada por outros exploradores, a qual ia dar no Rio Verde e Baependi. Transpôs a Serra dos Marins e o planalto do Capivari, no qual andou descobrindo algumas pintas de ouro. No Córrego Alegre e nas águas do Tabuão encontrou maiores indícios do cobiçado metal. Pretendia alcançar a Serra de Cubatão, mas a mina do Itagybá foi a que mais o seduziu, e onde permaneceu por mais tempo, dando início ao povoado. Era 1703.
O garimpo nas minas de Itagybá foi efêmero. As catas e as gupiaras não compensavam o trabalho e não correspondiam à sede de riquezas de Miguel Garcia Velho e seus companheiros.
Os bandeirantes se retiraram, e quem ficou no povoado tratou de se arranjar com a agricultura e a pecuária. Povo laborioso, mas de minguados recursos, o arraial em desfavorável localização, e a Soledade do Itagybá não prosperou.
E a história da nova cidade de Itajubá começou na Soledade do Itagybá do Sargento-mor Miguel Garcia Velho.
A Freguesia de Nossa Senhora da Soledade de Itajubá (atual cidade e município de Delfim Moreira), já no meado do século XVIII, se encontrava sobremaneira abalada em seus recursos econômicos e sua vida social com a paralisação das atividades auríferas. Os aventureiros que, depois de Garcia Velho, lá estiveram, logo abandonaram aquelas minas. Os poucos habitantes do povoado, desde então, nem mais pensavam em ouro, que já não dava pão e comida a ninguém, de tão raro que ficou.
Com a morte do pároco, Padre Joaquim José Ferreira, ocorrida em princípios de 1817, Soledade de Itajubá só se daria mais de um ano depois com o novo vigário, Padre Lourenço da Costa Moreira, através da nomeação real de D. João VI.
O vigário vinha acompanhado de seus escravos, da senhora D. Inês de Castro Silva, do Dominicano, menino de 5 anos, e de Delminda, pequerrucha de apenas 2 anos, os quais estavam sob os cuidados de zelosas mucamas de sua comitiva.
O nome Itagybá, que na língua indígena significa, “Rio das pedras que do alto cai”, cascata, foi dado em alusão à cachoeira junto às minas de Miguel Garcia Velho, sugerido por seus companheiros de expedição.
Como nunca faltava uma evocação religiosa católica nos antigos povoados, logo denominavam o lugarejo de Nossa Senhora da Soledade de Itajubá, ou, segundo se dizia então, do Itagybá.
A cascata histórica que emprestou o nome a Itajubá está na área urbana da cidade de Delfim Moreira, a primitiva Itagybá, a cerca de meio quilômetro do centro e de sua igreja Matriz.
Por lamentável confusão com a palavra itajuba (com a tônica no – jú), muita gente acredita que Itajubá significa pedra amarela. E a fantasia popular chegou a imaginar a existência de uma pedra amarela no município.
Dois meses depois de sua chegada à Soledade de Itajubá, o Padre Lourenço da Costa Moreira, durante a missa conventual, usou a tribuna sagrada para expor aos seus paroquianos que a má localização da aldeia não era favorável ao desenvolvimento e, do púlpito, convidou seus paroquianos a descer a serra, rumo ao Sapucaí, à procura de um lugar aprazível e bom, no qual se pudesse construir a nova sede da Freguesia. Permaneceria ali a Capela de Nossa Senhora da Soledade.
Na noite de 17 de março de 1819 reuniu o vigário, na Matriz, todos os fiéis que os seguiriam. Na manhã do dia seguinte, após a missa, a caravana rumou para as bandas do Sapucaí. Eram os pioneiros da nova Matriz, que marchavam com a missão de fundar a nova Itajubá.
No dia seguinte, rumando todos para o alto do cômoro, o Ibitira, segundo a denominação dos Puri-Coroados, o vigário se deslumbrou com o que viu. Não era preciso prosseguir a viagem. O local onde estavam lhe parecera excelente para a fundação do novo povoado e a sede da Freguesia. Alí em meio a clareira aberta pelos desbravadores, foi construído um altar e o Cruzeiro onde Padre Lourenço celebrou a primeira missa. Foi nesse altar erguido exatamente onde hoje se encontra a Matriz da Paróquia de Nossa Senhora da Soledade, que nasceu, em 19 de março de 1819, a atual Cidade de Itajubá.
(Dados retirados do livro: "História de Itajubá”- BH / 1987 Armelim Guimarães)
Localização: Sul de Minas Gerais
No de habitantes: 75.000 - Fonte IBGE. Censo Demográfico de 1991
Relevo: Planalto
Clima: Tropical de altitude
Vegetação: Mata atlântica Pluvial
Função urbana: Cidade Estudantil
Economia municipal: Agropecuária e Indústria
Referências: Cidades vizinhas Poços de Caldas e Varginha
Metrópole nacional mais próxima: São Paulo - com acesso pela Via Dutra e Fernão Dias
O Rio Sapucaí é o grande rio de Itajubá. Divide a cidade bem ao meio. É relevante sua importância no progresso e na vida da cidade, sobretudo no passado, com o favorecimento da navegação. É o fertilizador do grande vale pelo qual serpeia, recolhendo as águas de vários tributários menores, tão ligados às tradições itajubenses, entre os quais o piscoso Lourenço Velho e o Ribeirão José Pereira, que iluminou a cidade no início do século, e que também atravessa a cidade.
Sapucaí quer dizer rio das sapucaias, isto é, rio que canta, rio que grita. O nome foi dado pelos índios em alusão às lecitidáceas que, quando fustigadas pelos ventos, freqüentes no vale, produziam silvos semelhantes a gemidos. Daí chamarem eles sapucaia, isto é, árvore que chora, árvore que geme, a essas lecitidáceas, então existentes com abundância em quase todo o vale, sobretudo nas margens e barrancas do rio, onde eram mais aglomeradas.
O Sapucaí entra na cidade pelo bairro urbano Santa Rosa, e sai pelo de Boa Vista, dividindo-a em duas partes iguais. Dentro do município, o mais importante de seus afluentes, da margem direita, é o Ribeirão José Pereira, que tem origem na Serra da Água Limpa e que vai despejar-se no Sapucaí já dentro da cidade. Da margem esquerda, os mais notáveis desses afluentes são o Córrego da Estância, o Ribeirão das Anhumas (estes dois nascem na Serra do Pouso Frio), o Ribeirão Piranguçu e o Ribeirão dos Antunes, este já nas divisas com Piranguinho.
O Rio Sapucaí percorre, desde sua nascente até a barra com o Lourenço Velho, na saída do município, uma extensão de 48 km, num vale formado, lado a lado, de altíssimas e imensas vertentes da Mantiqueira.
Fontes: Site oficial da Prefeitura Municipal de Itajubá.
Site oficial da UNIFEI
Fotos: Site oficial da Prefeitura Municipal de Itajubá,
Marta Kurigatah
Uma homengem especial à amiga Krika e ao amigo Jorge.
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4 comentários:
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gosto da forma como esse menino vai fundo nas coisas.
relato rico em detalhes.
foi mesmo um passeio encantador.
krika e jorge nos receberam com muito carinho.
e o cenário que estava à nossa frente durante todo o trajeto, nos presenteou com o que há de mais belo na natureza.
mas de tudo, a companhia foi a melhor parte.
beijos meus...
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"Ervilha"(Marta) fez delas minhas palavras. Este gaúcho é tão supimpa! Imagine, fez um passeio romântico para matar a saudade da amada, diga-se de passagem que EUZINHA sou a madrinha única, de direito e posse sobre o casal. E ainda nos relata de forma histórica sobre os locais visitados.
Parabéns,amigo corcunda,obrigada pela homenagem a minha cidade. Por sinal dia 19/03 foi seu aniversário. Veio bem a calhar este histórico...
Próxima visita saborearemos um belo arroz vermelho com costelinhas de porco. Em tempo, o arroz não será banhado com massa de tomate...
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bem, cara krikita...
to pensando acá, acho que antes de levar meu amadinho p/ ir comer o tal arroz vermelho, devo eu experimentar e ver se aprovo. assim, sugiro que marquemos um dia antes da vinda dele.
o que você acha, querido corcundinha?
rss
beijos em todos...
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Marta Kurigatah, é a responsável por algumas das fotos aqui postadas.
Quanto à Ervilha (???), combina com arroz vermelho, Krika?
Vou nessa.
Grande abraço, amigas.
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