domingo, 28 de fevereiro de 2010

Um Gaúcho em São Paulo - I

A Torre, excepcionalmente não renovou a postagem nas duas últimas semanas. Peço desculpa aos amigos.

Fui à São Paulo, visitar a namorada e acompanhar o Juca. Ele cismou em conhecer o Obelisco, onde em 1930, segundo ele, os gaúchos amarraram seus cavalos na Revolução. Ao final, não vimos o monumento, pois o do fato histórico fica no Rio de Janeiro, na Avenida Rio Branco. Ele deve ter confundido com o do Ibirapuera. Juca, depois de constatar o erro histórico e geográfico, passou a intereressar-se por outro fenômeno paulista; as filas.

Mas deixemos que ele mesmo conte.
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Buenas compadre Estrupício, buenas Xirua dos Olhos, buenas Célia do Hélio, buenas prenda Mariinha. (Eu, por mim, se não fosse compromissado com a Lurdinha, aquela, filha da Jurema, do cabaré de Uruguaiana, te arrastava pros pelegos. Gostei do teu relincho alegre de égua sem cabresto. E das crinas, então? Avermelhadas como o lenço dos Maragatos. Como um sol poente refletido nas águas do rio Ibirapuitã, lá prás bandas do Alegrete.)

Vamos ao causo, sem mais delongas...

Peguei a linha por volta das 4 e meia da tarde. Fui para cuidar do compadre, que queria ir lá para as bandas de Pinda, visitar um aconchego.

Eu, por mim, queria amarrar um buçal no Obelisco. Em 30 não pude ir. Getúlio me recomendou uma tropa para levar de São Borja à Charqueadas. Mas soube do feito.

A viagem de ida foi buena. Uma condução de patrão. Os bancos se pareciam com um lençol de china dengosa. Só não tinha erva e nem água pro mate. E logo na saída, um moço avisou que não era permitido pitar no ônibus... Escondi o fumo e a palha, mas deixei o canivete de sobreaviso, para o caso de necessitar sangrar algum mal intencionado que dizem ter por lá.

Dormi na estrada de Palmas, olhando os cata-ventos. Acordei em Registro, por volta das 4 da madrugada. Eu tava com uma secura por um pito. Apiei do ônibus, ainda assim, meio lerdoso e me deparei com sinais em toda a rampa de que era proibido fumar. Sabe, aquelas placas redondas com um cigarro no meio, cortada por uma faixa vermelha de inviés?. Eram dessas. Obedeci.

Me fui para um piquete onde dizia: "Reservado para deficientes físicos". Caprichei na mancada e me sentei num banco, para enrolar o palheiro. Baforei bonito até notar que tinha umas placas esparramadas por todo lado, com um baita "G" pintado no meio. Perguntei para um moço que chegava: "- Rapais, o que significa esse G grande nas tabuletas?..." Ele respondeu," - Ah, gaúcho... Essas placas indicam lugar reservado para gays... " Atorei ali mesmo o palheiro, e me retirei, para evitar mal-entendidos. Depois vi que tinha essas placas com o G por outras áreas. Deve ser propaganda de alguma firma. Maldito informante!...

Logo em seguida o ônibus roncou. Embarquei.

Cheguei em São Paulo no clarear. E logo na chegada, a beira de uma sanga chamada Tietê, vi a primeira fila. Paramos nela. Disseram que era um acidente com um motoqueiro.

Me contaram que outra diversão dos paulistanos, depois de ficar em filas, é pialar motoqueiros. Dizem até que há alguns anos, os autos exibiam um decalque colorido nos vidros, onde perguntava: "Você já matou seu motoqueiro hoje?" Foi proibido pelo Comissário. Não por pena ou comiseração dos viventes da tele-entrega, mas porque as filas dos choferes dos auto de praça que ficavam na espreita dos motoqueiros, estava atrapalhando o fluxo.

Conto o resto outra hora, que por hoje me cansei das letras.

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5 comentários:

krika disse...

Hilária sua história, será que tem continuação pelos arredores da Mantiqueira?

Quasímodo disse...

Com certeza tem, amiga... Aguarde.

Grande abraço.

a xirua... disse...

vim acá trazer mais um cafezinho pro juca. foi mariinha quem fez...
e não é que ela ficou feliz com o mentário do juca! deu uma daquelas gargalhadas gostosas. se fez de difícil, mas ficou toda faceira...

Quasímodo disse...

Xirua...
O Juca aceita o cafezinho, embora preferisse um mate.
O Juca só me envergonha... Veja lá se isso é jeito de se dirigir à uma senhora distinta, como a Mariinha! Mas, enfim. é a maneira dele demonstrar o seu afeto.
Mas que o cabelo dela é show, isso é.

Grande abraço às duas.

M A R I Z A disse...

Quasímodo, é aconchego este espaço. Sempre saio da Torre com a lente limpa, mais leve, é um santo remédio esta sala. Um abraço amigo querido.

 
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