“1984” é um livro que li pela primeira vez em... 1984. Antes já tinha lido “A Revolução dos Bichos” do mesmo autor inglês, George Orwell.
George nasceu Eric Arthur Blair em Motihari a 25 de junho de 1903 e morreu em Londres a 21 de Janeiro de 1950.
Sua obra é marcada por uma inteligência perspicaz e bem-humorada, uma consciência profunda das injustiças sociais, uma intensa oposição ao totalitarismo e uma paixão pela clareza da escrita. Apontado como simpatizante da proposta anarquista, o escritor faz uma defesa da auto-gestão ou autonomismo. A sua crença no socialismo democrático foi abalada pelo "socialismo real" que ele denunciou em Animal Farm, a mesma Revolução dos Bichos que eu já tinha lido tempos atrás.
Ganhei o livro, de presente pelo meu aniversário, numa época em que eu ainda acreditava na Utopia, mas não é esse o enfoque deste texto.
Concluído no ano de 1948 e publicado em 8 de junho de 1949, ganhou o título de “Nineteen Eighty-Four” segundo alguns, pela inversão dos dois últimos algarismos do ano de sua conclusão. Retrata o cotidiano de um regime político totalitário e repressivo no então imaginário ano de 1984. No livro, Orwell mostra como uma sociedade oligárquica coletivista é capaz de reprimir qualquer um que se opuser a ela. A história narrada é a de Winston Smith, um homem com uma vida aparentemente insignificante, que recebe a tarefa de perpetuar a propaganda do regime por meio da falsificação de documentos públicos e da literatura a fim de que o governo sempre esteja correto no que faz. Smith fica cada vez mais desiludido com sua existência miserável e assim começa uma rebelião contra o sistema.
O romance se tornou famoso por seu retrato da difusa fiscalização e controle de um determinado governo na vida dos cidadãos, além da crescente invasão sobre os direitos do indivíduo. Desde sua publicação, muitos de seus termos e conceitos, como "Big Brother", "duplipensar" e "Novilíngua" entraram no vernáculo popular.
Recentemente li em uma publicação do Site “Xapecó – o “X” da Questão”, notícia sobre a implantação de novas câmeras de monitoramento em diversos lugares da pacata cidade. Aliás, hoje em dia não tão pacata, a ponto de justificar a instalação desses olhos eletrônicos.
Smith, na obra de Orwell era permanentemente vigiado por equipamentos estratégicamente instalados por onde quer que andasse, as “teletelas”. Nada escapava dos olhos do Grande Irmão, nem mesmo um esgar, uma expressão facial que pudesse demonstrar qualquer desaprovação ao sistema.
Minha amiga Betty, recentemente manifestava a sua preocupação em relação à segurança e à inviolabilidade de informações pessoais na Internet. Referia-se ela ao fato de que, ao realizar uma pesquisa sobre hotéis na Argentina, imediatamente a sua página no Facebook se encheu de anúncios de agências de viagens, coisa que ela não tinha solicitado especificamente.
E eu cheguei à conclusão de que estamos em pleno 1984 de Orwell.
O “duplipensar” está presente a cada vez em que abrimos um jornal, assistimos à um telejornal ou ouvimos o rádio. As versões de um fato se tornam mais reais que o próprio fato. Um escândalo de malversação de verbas públicas é justificado facilmente pelo nebuloso conceito de bem comum. E esquecido.
Lembro de uma piadinha que correu nos círculos em que eu militava na década de 70 e 80 e que causava mal-estar entre os mais sectários defensores do controle estatal sobre as informações repassadas aos cidadãos.
Consta que um mandatário importante da então “Cortina de Ferro” em visita a um país fora da cortina e de regime político diferente, participou de uma corrida com o presidente desse país. Só os dois participaram. O mandatário importante perdeu, e no dia seguinte os jornais da sua terra noticiavam em manchete de capa:
“ Nosso amado camarada e líder participou de uma corrida a pé em sua visita ao país “tal”. O presidente desse país só conseguiu chegar em penúltimo, enquanto que nosso excelente camarada presidente obteve um magnífico segundo lugar.” Isso é duplipensar.
“Newspeak” é uma língua fictícia utilizada no livro de Orwell, e é descrita como “a única língua no mundo cujo vocabulário diminui a cada ano.” (Orwell, 1984, p.52) Em português esse termo é tratado como “Novilíngua”.
A “Novilíngua” consiste na fusão de duas ou mais palavras em uma só, dando a ela, muitas vezes, o significado de uma frase inteira, sem a preocupação com gramática, etimologia e outros afins dispensáveis no novo regime. Assim, se queremos dizer “hoje o dia está ensolarado” em Novilíngua se diz: “hodisolado”. Econômico e simples assim. Não pode haver espaço para o pensamento. Isso pode ser perigoso.
Exemplos do uso da Novilíngua nos nossos dias? São inúmeros. Abra um e-mail (aliás, e-mail também é novilíngua e quer significar “correspondência eletrônica”) da sua caixa postal. Muito provavelmente encontrarás uma mensagem parecida com esta: “mdesta c rcbo n anx. SDS”.
(Tradução: Encaminho-te esta mensagem com a cópia do recibo no anexo. Saudações.)
Quer mais? Acompanhe uma conversa em uma sala de bate-papo qualquer:
- E aí, blz?
- Blz
- Dcm p/ Sts?
- Qdo?
- Hj...
- Hj?.. Blz.
- Falow.
- Falow.
-):
-):
(Tradução:
- Bom dia (ou boa tarde, boa noite), você está bem?
- Eu estou bem.
- Vamos descer para Santos?
- Quando?
- Hoje...
- Hoje?... Hoje está bom.
- Entendi o seu recado e concordo.
- Também concordo.
- Fico contente.
- Também fico contente.)
As Teletelas do Smith estão presentes em nosso dia-a-dia muito mais do que pensamos. Se você mora em uma casa e tem um mínimo de preocupação com a segurança, certamente você mandou instalar um alarme acoplado à uma ou várias câmeras que se conectam diretamente à uma central. Sua entrada e saída são permanentemente acompanhadas. Nem pense em levar alguma companhia suspeita para um jantar romântico enquanto sua esposa está na praia.
Se você mora em um condomínio, então...
Já no aconchego do seu lar, você se tranca no quarto, fecha as janelas e pensa: Oba... vou ver aquele filmezinho de sacanagem antes que as crianças cheguem da escola. Pensa estar escondido? Negativo. Seu IP já foi rastreado e não demora para você começar a receber ofertas de produtos para crescimento peniano. Ou outro tipo de produto, dependendo do gênero do filme.
No trabalho é a mesma coisa. No começo você fica um pouco constrangido, mas logo se acostuma com aquela câmera apontada para a sua cabeça.
Quando quebrei a perna, fui ao consultório particular do médico que me atendera, para a primeira consulta de revisão, e enquanto aguardava minha vez de ser chamado, na sala de espera, observava os outros pacientes. Um com o braço na tipóia, outro com a perna engessada, mais outro sentado de lado, todos com a expressão dolorida nos rostos. Na parede à nossa frente um cartaz exigia: “Sorria, você está sendo filmado”.
Na semana passada acompanhei a Marta até São Paulo em seus compromissos. Foi nesse dia que comecei a pensar com mais propriedade sobre a vulnerabilidade da nossa privacidade.
Como saímos cedo, decidimos tomar café no caminho. Logo na primeira padaria estava lá o cartaz e a câmera. O Cupom Fiscal não deixava dúvidas: tomamos café as 06:57 do dia 06 de Setembro de 2011 e eu comi pão de queijo. É bem provável que essa informação já esteja armazenada no Banco de Dados de algum laticínio mineiro que, por sua vez instruirá o fazendeiro associado a aumentar a produção da Mimosa.
Vinte e dois minutos depois, exatamente as 07:19 hs, enchemos o tanque do carro em um posto de combustíveis em Taubaté. Embora o carro seja bi-combustível, abastecemos com gasolina, pois na ponta do lápis era mais vantajoso. A maquininha do Cupom Fiscal transmitiu os bits para uma central que os encaminhou a quem de direito: ao governo por causa dos impostos, à distribuidora para regular seus estoques, aos estrategistas de mercado que estão agora analisando a nossa opção. Imagino que logo logo virá um novo aumento da gasolina para que não tenhamos escolha.
Durante todo o percurso, na ida pela Carvalho Pinto / Ayrton Senna, na volta pela Dutra, fomos perseguidos incansavelmente pelas câmeras ao longo da rodovia. Sem considerarmos as dezenas de pedágio e a polícia com seus radares móveis.
No engarrafamento da Marginal, os helicópteros da polícia e do Datena nos observavam do alto. Na reparticão pública em que fomos, nosso documento foi protocolizado as 10:37 hs, Está ali, registrado digitalmente no recibinho e disponível na Grande Rede para quem tem a senha.
Sabem dos nossos passos a cada segundo. É fácil calcular o tempo que gastamos para percorrer de um ponto ao outro e, consequentemente a velocidade que empreendemos. E não adianta tentar enganar.
- Onde o Sr. estava ente as 15:32 e 15:46 do dia 12 de Janeiro de 2011?
- Eu estava preso no trânsito da Marginal Tietê...
Um servidor com cara de nerd que opera uma máquina cheia de botões, a um canto da sala interrompe:
- É mentira, chefe. Nosso sistema registra que ele esteve entre 15h:33min:22seg e 15h:45min:18seg acompanhado por uma loira de blusa bege num motel da zona norte.
- Rapidinha, hein?
Por tudo isso fui pescar no final de semana. Fugir da civilização e de seus controles. Foi difícil encontrar um lugar adequado. Lugares haviam muitos, mas não adequados ao meu propósito de sumir e de me transformar em “impessoa” como escreveu Orwell. Os rios, riachos, vertentes e fios d´água foram todos transformados em pesqueiros organizados, com cancelas automáticas na entrada, câmeras espalhadas e pagos com cartão de crédito e suas consequentes maquininhas.
Sibipiruna |
Depois de rodar por horas pelas antigas trilhas dos tropeiros de mulas que serpenteiam a Serra da Mantiqueira em direção ao Rio de Janeiro, encontramos um lugar aparentemente deserto e tranquilo. Improvisamos o acampamento e eu fui para a beira do riachinho, pescar. Peguei uns poucos peixinhos miúdos que não compensavam o esforço, mas valeu pela sensação de não existir. Parece até que essa sensação faz funcionar melhor o nosso metabolismo. Senti vontade e me voltei para o lado do mato. Estava já preparado para regar as raizes de uma sibipiruna quando lembrei do Bastiãozinho, um vizinho de meu pai lá da roça.
Quando ele tinha as suas necessidades, ele ia para perto de um mato, mas em vez de esconder-se adequadamente, ele camuflava a cabeça e deixava tudo o resto à mostra. Questionado sobre esse procedimento ele argumentava:
- Ora, se eu fico virado de frente, acocorado, com as calças arriadas, todos os que passarem pela estrada sairão comentanto: “Olha lá, o Bastiãozinho cagando!...” Mas se eu ficar de costas, só verão uma bunda, sem saberem de quem é...”
Nos dias de hoje essa estratégia não funcionaria porque certamente algum satélite capturaria a imagem que seria imediatamente submetida à um software chamado OBR em Novilíngua ou de “Optical Buttock Recognition” em inglès antigo e pronto, estaria identificado o Bastiãozinho.
Como a minha necessidade era outra, afundei o chapéu na cabeça e abri as suas abas, de modo que, se visto do alto, só apareceria um disco e um jato saindo dele.
Já estava sorrindo malevolamente satisfeito – pronto, seus trouxas, enganei vocês! – quando um susto me fez molhar as pernas da calça e os cadarços do tênis. É que da densa ramagem, oculto na mata, alguém gritou estridentemente:
- BEM-TE-VÍ!.. BEM-TE-VÍ!...
É trauma...
Fontes de pesquisa: Wikipédia / Orwell - 1984
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25 comentários:
Belo texto, amigo. O que me tranquiliza, mesmo depois de ler o que organizaste com tanta propriedade, é a absoluta incompetência "deles" na unificação dos bandos de dados e na convergência dos sistemas. É tanta plataforma, tanta linguagem, tanto protocolo, tanta modelagem diferente, é tanta gente no comando achando que a mais valiosa informação deve ficar guardada a sete chaves que tenho certeza - ainda falta muito para a nossa conduta cotidiana ser organizada numa timeline acessível a quem tem a senha. Grande abraço.
Brilhante! ...blz! Falow (até que nos encontremos em 4891 quando Orwell terá (mais) razão.
Abraços do José Maurício
Comentários pertinentes a nossa nova vida "vigiada" pelas cameras...Poderiam deixar de exageros e serem mais eficientes,não?
Bela postagem...
Pensei aqui ou sonhando....Em relação a acidentes nas estradas..Bem poderiam criar algo para evitá-los. Tipo uma voz bem tenebrosa ao cruzar um olhinho deste dizendo: "Mais devagar! A estrada não é só sua!"
Ou algo similar.
bjs
Amigo Antonio;
És mesmo um otimista. Mas não sei até que ponto tu podes ter razão. Mesmo com a variedade de plataformas, de protocolos e quetais, nossa individualidade deixou de ser individual.
Posso estar sendo apocalíptico, mas não duvido do dia em que essas "tantas" modelagens se unificarão e dispensarão o comando das gentes. Até já teve uns filmes assim...
Será que é mesmo trauma?...
Um abraço, amigo. (Ó, sou eu mesmo, por enquanto.. 1, 2, 3, 4).
Zé Maurício, amigo Jota...
O "brilhante" é por conta de sua magnificência. Se nos encontrarmos em 4891 é a prova cabal de que além do Grande Irmão controlar nossas vidas, controlará também o nosso "pós-mortem"...
Tenho medo...
Grande abraço.
Krika, amiga e companheira...
Não tenhas preocupações com acidentes no trânsito, pois não haverá mais trânsito. Poderemos fazer tudo sem sair de casa. E, se por ventura precisarmos nos deslocar até alguma repartição, o Grande Irmão providenciará no "tele-transporte".
Abraço carinhoso, amiga. Combinaremos uma visita ao seu jardim. Aguarde.
Há muito, li 1984. Foi bom "reler" na sua excelente escrita. Rapaz, você escreve bem demais. A gente tem vontade que não acabe. Até nos finalmentes, é gostoso: bem-te-vi, bem-te li...Continue acreditando em utopias, elas existem,juro!
Seu texto, me fez ri, refletir, é um mixto de tudo que é bom.
P.S: ouvi várias versões de balaio,lança e taquara.. e outras produções de Cenair Maicá. Não o conhecia, fiquei encantada com sua biografia.
Beijos, Clóvis, amigo
Veja as peças que a vida nos prega, amiga Lúcia. Postei o comentário em seu blog as 12:46. O objetivo era relacionar a música do link, com a sua postagem sobre os índios Tapuias.
No vídeo, aparecem Cenair Maicá, falecido em 02 de janeiro de 1989; Jayme Caetano Braun, falecido em 08 de junho de 1999, interpretando a música cuja letra fora escrita por Apparício Silva Rillo, falecido em Junho de 1995.
Agora recebo a notícia da morte de Chaloy Jara, aquele que aparece tocando o bandoleon, poucas horas depois de eu ter postado o meu comentário.
Que coisa!...
..*rrr
adorei! Principalmente o pedaço em q fala do pão de queijo e da gasolina.... E depois, da "rapidinha".
Eu nuca tinha pensado nisso: q os dados das notas fiscais, com suas respectivas datas e horários, estejam sendo enviados para alguma central q monte um roteiro dos nossos dias... "acho" q inda não fazem isso...... Mas é só por q inda não leram seu blog, pra ter a idéia!
Que a semana lhe seja pródiga, amigo Clóvis...deixando meu abraço!
Lúcia
Liz, amiga.
Obrigado pela tua visita. Gosto muito de ler o que escreves.
Não duvides que fazem isto. E "eles" nem precisam ler o blogue para terem a idéia. Já leram o meu cérebro.
É trauma...
Volte mais vezes.
Lúcia.
Cérola semana para ti. rsss.
The best.
Perfeito, esse.
O texto foi crescendo, informando, brincando... até chegar ao bem-te-ví.
Cara, teu texto vai para minha prateleira de cima.
Que bom que gostastes, amigo Gile. Tua opinião conta muito para mim.
Grande abraço.
Clóvisamigo
Que belo texto! Uma mistura explosiva, desde o Orwell até aos nossos dias e ao helicóptero da polícia de trânsito, tudo numa vertigem a acabar numa cana de pesca.
Nada, não, numa bunda redonda, como vocês dizem, nós dizemos cu, peluda, porque de macho, e no bem-te-vi de susto. Excelente. Muitos parabéns e obrigado pelo que me (nos) dás.
Abç
Belo texto!
Sabes o quanto é importante minha privacidade...é trauma! rss
Bah! me tapo de nojo das abreviações. Fico pensando, será mais uma sigla nova?...rss
Beijo, pros compadres!
Henrique...
As "marotezas" são por conta do Bastiãozinho. O corcundinha Quasímodo ruboriza-se só de pensar em tais coisas.
Algumas palavras, vindas daí, aqui se transformaram mesclando-se com a linguagem nativa e africana. Mas querem dizer a mesma coisa e estão no mesmo lugar da anatomia, salvo as exceções de alguns políticos que as têm no lugar do cérebro.
A propósito; porque não soltam o Coelho na Madeira? Coelhos são grandes predadores de Jardins...
Grande abraço.
Lu, amiga.
Que bom ver-te por cá. Fazia tempo, né?
Sei bem dos teus cuidados e dos motivos. Estás certa.
As abreviaturas são mesmo um "nojo". É a Novilíngua.
Beijo, "comadra"...
eu me delicio com os seus escritos. fico impressionada com facilidade que você tem de desenvolver um assunto e concluir com chave de ouro, sempre com muita perspicácia e bom humor, que é sua característica.
;o)
Ultimamente ando conversando com amigas e sempre acabo citando alguns livros com o mesmo tema desse seu comentário" Admirável Mundo Novo" " Não Verás País Nenhum", abordando o mesmo sentimento de que cada vez menos somos indivíduos e cada vez mais somos massificados.
A maneira leve, humorada com que vc faz a abordagem me encanta,parabéns.
Com carinho (Fiuuuu Fiuuuu )
Caro confrade Quasímodo!
A lambisgóia da Agrado o aguarda sôfrega no vagão nº 1, mais especificamente na Cabine nº 5, para oferecer-lhe os disputadíssimos agrados da Agrado conhecidos até nos confins do Deserto de Gobbi!!!!
Fiquei encantado em conhecer seu argutíssimo espaço cibernético e mais ainda me deparar com sua brilhante pena ao versar sobre o inquietante livro "1984", que li na minha já distante adolescência... Como é alvisssareiro encontrar um interlocutor cibernético que está na mesma sintonia deste reles escrevinhador outonal insulso professorzinho primário!!!!
O que nos espera?!...
Caloroso abraço! Saudações georgeorwellianas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
Caro confra Quasímodo!
Minha estimada confrade Cristina Fonseca enviou-me o que transcrevo abaixo, que torna o livro "1884" mais inquietante ainda:
"PIZZARIA GOOGLE.
- Pizzaria Google, boa noite!
- De onde falam?
- Pizzaria Google, senhor. Qual é o seu pedido?
- Mas este telefone não era da Pizzaria do...
- Sim senhor, mas a Google comprou a Pizzaria e agora sua pizza é mais completa.
- OK. Você pode anotar o meu pedido, por favor?
Parte II
- Pois não. O Senhor vai querer a de sempre?
- A de sempre? Você me conhece?
- Temos um identificador de chamadas em nosso banco de dados, senhor. Pelo que temos registrado aqui,
nas últimas 53 vezes que ligou, o senhor pediu meia quatro queijos e meia calabresa.
- Puxa, eu nem tinha notado! Vou querer esta mesmo...
- Senhor, posso dar uma sugestão?
- Claro que sim. Tem alguma pizza nova no cardápio?
- Não senhor. Nosso cardápio é bem completo, mas eu gostaria de sugerir-lhe meia ricota, meia rúcula.
- Ricota ??? Rúcula ??? Você ficou louco? Eu odeio estas coisas.
- Mas, senhor, faz bem para a sua saúde. Além disso, seu colesterol não anda bom...
- Como você sabe?
- Nossa Pizzaria tem o banco de dados mais completo do planeta. Nós temos o banco de dados do laboratório
em que o senhor faz exames também. Cruzamos seu número de telefone com seu nome e temos o
resultado dos seus exames de colesterol. Achamos que uma pizza de rúcula e ricota seria melhor para sua saúde.
- Eu não quero pizza de queijo sem gosto e nem pizza de salada. Por isso
tomo meu remédio para colesterol e como o que eu quiser...
- Senhor, me desculpe, mas acho que o senhor não tem tomado seu remédio ultimamente.
- Como sabe? Vocês estão me vigiando o tempo todo?
- Temos o banco de dados das farmácias da cidade. A última vez que o senhor comprou seu remédio para
Colesterol faz 3 meses. A caixa tem 30 comprimidos.
- Porra! É verdade. Como vocês sabem disto?
- Pelo seu cartão de crédito...
- Como?!?!?
- O senhor tem o hábito de comprar remédios em uma farmácia que lhe dá desconto se pagar com cartão de
crédito da loja. E ainda parcela em 3 vezes sem acréscimo...Nós temos o banco de dados de gastos com cartão
na farmácia. Há 2 meses o senhor não compra nada lá, mas continua usando seu cartão de crédito em outras lojas,
lojas, o que significa que não o perdeu, apenas deixou de comprar remédios.
- E eu não posso ter pago em dinheiro? Agora te peguei...
- O senhor não deve ter pago em dinheiro, pois faz saques semanais de R$ 250,00 para sua empregada doméstica.
Não sobra dinheiro para comprar remédios. O restante o senhor paga com cartão de débito.
- Como você sabe que eu tenho empregada e quanto ela ganha?
- O senhor paga o INSS dela mensalmente com um DARF. Pelo valor do recolhimento dá para concluir que ela
ganha R$ 1.000,00 por mês. Nós temos o banco de dados dos Bancos também. E pelo seu CPF...
- ORA VÁ SE DANAR !
- Sim senhor, me desculpe, mas está tudo em minha tela. Tenho o dever de ajudá-lo. Acho, inclusive, que o senhor
deveria remarcar a consulta que o senhor faltou com seu médico, levar os exames que fez no mês passado e pedir
uma nova receita do remédio.
- Por que você não vai à m....???
- Desculpe-me novamente, senhor.
- ESTOU FARTO DESTAS DESCULPAS. ESTOU FARTO DA INTERNET, DE COMPUTADORES,
DO SÉCULO XXI, DA FALTA DE PRIVACIDADE, DOS BANCOS DE DADOS E DESTE PAÍS...
- Mas senhor...
- CALE-SE! VOU ME MUDAR DESTE PAÍS PARA BEM LONGE. VOU PARA AS ILHAS FIJI OU ALGUM
LUGAR QUE NÃO TENHA INTERNET, TELEFONE, COMPUTADORES E GENTE ME VIGIANDO O TEMPO TODO...
- Sim, senhor...entendo perfeitamente.
- É ISTO MESMO! VOU ARRUMAR MINHAS MALAS AGORA E AMANHÃ MESMO VOU SUMIR DESTA CIDADE.
- Entendo...
- VOU USAR MEU CARTÃO DE CRÉDITO PELA ÚLTIMA VEZ E COMPRAR UMA PASSAGEM SÓ DE IDA
PARA ALGUM LUGAR BEM LONGE DE VOCÊ !!!
- Perfeitamente...
- E QUERO QUE VOCÊ ME ESQUEÇA!
- Farei isto senhor... ...(silêncio de 1 minuto)
- O senhor está aí ainda?
- SIM, PORQUE? ESTOU PLANEJANDO MINHA VIAGEM...E PODE CANCELAR MINHA PIZZA.
- Perfeitamente. Está cancelada. ...(mais um minuto de silêncio) - Só mais uma coisa, senhor...
- O QUE É AGORA?
- Devo lhe informar uma coisa importante...
- FALA, CACETE....
- O seu passaporte está vencido."
Caloroso abraço! Saudações reservadas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
Onde se lê 1884 leia-se 1984.
Para veres, caro professor, que a paranóia não é exclusividade minha.
Grande abraço.
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