Eu sou um cara feliz. Mesmo nas adversidades, assim me considerava. Pelos lugares onde andei, sempre fiz e deixei muito mais amigos que desafetos. Posso afirmar, com orgulho, que, se eu precisar de um socorro em Bagé, São Luiz Gonzaga, Porto Alegre ou na linda Santa Cruz do Sul, tenho a quem recorrer. Assim como em Vacaria, Passo Fundo, Lagoa Vermelha, Guaporé, Putinga... E também em Santa Catarina, desde Dionísio Cerqueira até Balneário Camboriú.
Se não sou o que se possa chamar de um Cidadão do Mundo, o sou, pelo menos, de uma boa parte dele.
Foram anos e anos de trabalho em contato com esses lugares e pessoas. Quem já trabalhou com vendas externas sabe bem do que estou falando.
Uma nova dimensão de amizades abriu-se para mim através da Internet. Foi nesse ambiente que conheci, igualmente, pessoas maravilhosas, que, quando possível, fui visitar pessoalmente.
Foi o caso da Lu.
Quando, há cerca de três anos sofri um acidente grave que me reduziu a mobilidade e encerrou minha carreira de peregrino, Lu foi uma das pessoas que ficava conectada comigo nas madrugadas frias, quando os enormes parafusos que me implantaram na perna me impediam de dormir com um cobertor por cima.
Foram mais de dois anos, emendando os caquinhos de ossos, como num quebra-cabeça. Cirurgias sem conta.
Especialmente em uma delas, fiquei com medo de não voltar. Era mesmo de alto risco. Aí pensei... Deus do céu, se eu não sobreviver, meus amigos internéticos ficarão sem saber. Pensarão que os estou ignorando.
Então forneci a ela um número de telefone e uma data para ela ligar, com a recomendação de avisar os amigos do desfecho. Felizmente não foi preciso. Sobrevivi e entrei em contato com ela antes da data aprazada.
Mas ficou gravada entre nós essa cumplicidade, quase mórbida.
Quando me recuperei razoavelmente, fui visitá-la. Era o que, pensei, ser uma forma mínima de retribuir a sua amizade e as preocupações que certamente lhe causei.
É uma pessoa linda. De um caráter invejável. Um ser humano maravilhoso que se divide entre os cuidados com os filhos e o belo jardim que cultiva. E que, acima de tudo, ama.
Então, eis que, ela botou a minha cabeça lá, no jardim. De pedra. Ela diz que é um busto. Nem é. É uma cabeça que ela encontrou em um artesão do interior e que achou parecida comigo.
Sabedor que sou de seus cuidados com cada raminho de grama, com cada galinho de flor, com cada pedrinha de seu jardim, fico mesmo embevecido por estar lá, representado por uma cabeça de pedra.
Por isso repito: Sou mesmo uma pessoa feliz. Desconheço alguém que tivesse o privilégio de ter, em vida, sua imagem a dividir com as borboletas, os passarinhos e as flores, um lugar tão lindo, tão cuidado e tão especial.
Comovente, Lu.
Gente, é a minha cara.
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8 comentários:
Já me chamaram de cara de pau.
Agora terão que me chamar de cara de pedra.
Comovida fico eu, ao referir-se a minha pessoa com palavras tão belas.
Nem sei se mereço. Volto depois.
Confesso que referir-se ao meu caráter me emocionou muito. Talvez pq eu tenha batido de frente com a demagogia, hipocresia, falta de caráter e ética durante toda minha vida profissional e pessoal, o que me levou pagar um alto preço por isso. Passei duros momentos, privação e nada fácil foi.Muitas vezes discordei com autoridades, colegas e pessoas influentes.
Mais de quinhentos funcionários receberam abono no final do ano, menos eu. Nunca fui promovida a cargo algum, por não ser partidária e defender bandeiras. A única bandeira que defendi, foi em luta dos sem voz, injustiçados e humildes, querendo um mundo de oportunidades iguais para todos.Lembro-me especialmente de uma circunstância em que enfrentei sozinha o sistema,na época em que trabalhava na Secretaria da Cultura, em que exigiram que eu selecionasse grupos de dança que tivessem boa aparerência, em outras palavras escondam os pobres e humildes. A briga foi grande e indo contra todos, disse que não faria isso.E completei: Cultura é para todos e jamais vou tirar a alegria de uma criança de se apresentar, receber uma medalha, pq sei o quanto isso representa para ele e quanto marcará sua vida. Foi o dia mais feliz de minha vida, ao olhar para arquibancada e ver a classe mais priveligiada bater palmas para os filhos dos mais humildes, e pais dos humildes batendo palmas para a apresentação dos filhos dos mais abonados. O brilho no olhar de cada criança e sua alegria, me fizeram pensar que fiz a coisa certa. Faria tudo de novo.
Beijos, amigo querido!
P.S.: E também lesma.Tinha uma ontem na careca da cabeça de pedra...hahahhaha
Ô,meu pai!
Homenagem em vida é tudo de bom...rs
Sabe que olhando bem,analisando o perfil...parece que foi feita sob medida?...rs
És merecedor!
Obrigada,pelo carinho,tá?
Guardo aqui no coração...
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Lu,é tudo isto que falaste,Quasi...se não for exagerar,digo que é um cadinho mais.
Minha saudade se mistura ao orgulho de tê-la "conhecido", tbém...
Beijos,nos dois!
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lu é mesmo tudo isso. posso garantir. afinal, eu também estive lá. conheci seus filhotes e seu jardim.
quanto a homenagem, é de dar inveja.
duas pessoas muito queridas.
beijos aos dois
Que cumadres coisa mais amor que tenho! rsss
Ailoviú, todos vocês!
P.S.: Isso tá parecendo o cordão dos puxa-saco...hahahahhaha
Que dilícia de amigos!
é mesmo uma comovente demonstração de amor e respeito, por você e claro que pelas borboletas e flores, e arvorezinhas, e arbustinhos, e a natureza toda à volta que mereceu uma cabeça assim.
Lu e você são dessas pessoas que o mundo anda carente, sabe?
mas também são daquelas que nos enche de honra e nos faz pensar: aaeee esse mundo tem cura!!
grandes seres humanos. grandes pessoas.
e eu fico aqui felizona em ler coisas lindas assim, e sentir esse sentimento que não tem adjetivo que dê conta.
viu??
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lindos.
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adoro vocês.
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beijos.
Coiso, nos chamaram de bonitos, escuitou? rsss
Linda é você, parceira!
Se esse mundo tem cura eu não sei, mas adoro essa turma, e essa cumplicidade show de bola.
Concordo, não tem adjetivo que de conta!
Uma gamela de beijos pra você. ( ainda tenho guardado, dos que juntei lá na sala, até passei ferro nos que estavam amassados) hahahhah
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