domingo, 3 de novembro de 2013

Divagações Metafísicas. (ou entenda como quiser)


Eis que da luz lilás, fugaz e efêmera, chispam fótons aleatórios. Alguns encontrarão morada em corações. Outros se perderão no éter, prosseguindo a minha saga de ânsias. Mas é o meu coração que vai, despedaçado em bilhões de anos luzes, como na conspiração cósmica da grande explosão, que, segundo a ciência, tudo gerou. Hoje sou eu quem gero. Gero segundo os meus princípios e meu próprio entendimento. É meu coração que explode; sou eu quem explodo. Tenho e me dou o direito, neste derradeiro gesto, de escolher a direção a que lanço o sal de minha boca, o sangue do meu corpo e o amor de minha alma.

Como Pessoa sento-me à janela a acendo um cigarro. E impessoalmente penso que a fumaça que se dissipa no ar, sou eu que me esvaio. A fumaça também faz sombras que embaça a luz do meu coração que explode. Sou também feito de sombras. Antagonismo cruel do que fui feito. Antagonismo cruel do que me morro. Antagonismo cruel do que vivi.

Nada mais deixo de herança a não ser a contradição. Minha única herança é o antagonismo de que fui feito. Minha luz e minha sombra é o que deixo.

Não pisem nos meus rastros porque eles foram gravados na terra pelos meus tropeços. Tatuem na terra as marcas de seus próprios passos trôpegos. E sobretudo errem. Não voluntariamente como se buscassem o erro. Errem o erro consciente de quem tentou encontrar o caminho certo e que, por descuido, se desviou da trilha.
(Ah, sou eu a dar conselhos!... Não os sigam.)

Criei filhos que não gerei. Amei e odiei com tanta intensidade que hoje não sei mais a quem odiei e a quem amei. E isso nada mais importa.

Plantei árvores de cujos frutos jamais comerei. Fiz versos que ninguém recitou. Removi pedras de um caminho que ninguém mais irá trilhar.

Acendo outro cigarro. O último do maço. Vejo a fumaça subindo em espiral e se perdendo, através da janela na noite escura. Me fundo com a fumaça. E na noite escura, com ela me volatizo.

 
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