terça-feira, 14 de agosto de 2012

As Cores dos Sonhos


Pergunto-me, às vezes, enquanto contemplo o entardecer que se opaca por detrás das montanhas: de que cor eram os meus sonhos?

Não os lembro como um sonho só, monocromático.

São sonhos vários, que se misturam na paleta da vida, como borrões infantis.

Já tive sonhos verdes, inocentes, de campo e de mata e de cervos cinzentos a correr pela geada.

Já tive sonhos escuros, como sombras cambaleantes que a luz da vela bruxuleava na parede fria e que davam ânsias de abrir a janela.

Sonhei em vermelho, e o sonho tinha sabor, cheiro e calor, como se os sonhos pudessem ter. Eram sonhos que exalavam, aqueciam e embriagavam.

Tive sonhos azuis, mansos e pálidos de aconchego. Havia, no meu sonho azul, uma casinha branca, um gramado verde e um cercado baixo de madeira, para delimitar e guardar a felicidade.

Mas a felicidade era transparente, diáfana e volátil e esvaiu-se por entre as frinchas das cores.

Terão mesmo cores os sonhos?

(Sonha-se ainda?...)

Ou a vida resume-se à fadiga nostálgica de rubros entardeceres?...

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