terça-feira, 5 de junho de 2012

História - A Batalha de Ain Jalut

A humanidade teve seus rumos determinados quase sempre por conflitos e lutas entre povos e nações. Desde os tempos bíblicos temos relatos desses conflitos, motivados por invejas, egoísmos, sede de poder e conquista ou por uma determinação divina. As grandes mudanças ocorreram sempre no bojo desses conflitos; Abel e Caim, a conquista da Terra Prometida, a Diáspora, a Primeira e Segunda Guerra Mundial, os conflitos da guerra fria, etc... etc...

Uma das batalhas mais decisivas da história mundial, pouco lembrada e referida nos compêndios escolares é a batalha de Ain Jalut.

O Império Mongol, liderado inicialmente por Gengis Khan, ampliava seus domínios em todas as direções. Após unificar as tribos mongóis, Gengis Khan conquistou a China, Corásmia (território dos atuais Uzbequistão e Afeganistão), a Pérsia, chegando à Ucrânia em 1223.

Com a morte de Gengis Khan em 1227, o império foi dividido entre seus filhos, que continuaram com as guerras de conquista e expansão. Um deles, Ogodai, depois de consolidar seus domínios sobre a China e Coréia, voltou-se para a conquista da Europa, invadindo e conquistando a Polônia, a Hungria e a Romênia em 1241.

Os planos para invadir a Itália, a Áustria e os países germânicos foram abortados devido a morte de Ogodai.

Em 1258 atacaram Bagdá e abriram brechas em suas muralhas. Mataram e saquearam por uma semana. O mundo islâmico inteiro tremia de medo dos mongóis.

Em janeiro de 1260, Alepo, cidade da Síria teve o mesmo fim que Bagdá ao ser devastada pelos mongóis em sua incursão para o oeste. Em março, Damasco abriu seus portões para os mongóis e se rendeu. Pouco tempo depois, os mongóis tomaram as cidades palestinas de Nablus (perto do local onde ficava a antiga Siquém) e Gaza.

O general mongol, Hülegü, exigiu que o sultão al-Muzaffar Sayf al-Dim Qutuz, governante muçulmano do Egito também se rendesse. Hülegü disse que se Qutuz não fizesse isso o Egito sofreria duras conseqüências. O exército de Hülegü era bem maior que os 20 mil soldados egípcios, numa proporção de 15 para 1. “O mundo muçulmano estava a um passo de ser extinto” afirma o professor Nazeer Ahmed, historiador do islamismo.

Qutuz era um mameluco, escravo de origem turca. Os mamelucos haviam servido como soldados-escravos dos sultões aiúbidas do Cairo. Em 1250, porém, esses escravos se revoltaram contra seus donos e se tornaram governantes do Egito. Qutuz, ele próprio um ex soldado-escravo assumiu o poder e se tornou sultão em 1259.

Excelente soldado, nunca desistia sem lutar, no entanto suas chances de derrotar os mongóis eram mínimas. Mas uma série de acontecimentos mudaria o rumo da História.

O General Hülegü ficou sabendo que Möngke, o grande Khan mongol, havia morrido na distante Mongólia. Prevendo uma luta acirrada pelo poder em sua terra natal, Hülegü partiu para lá com a maior parte de seu exército, deixando entre 10 mil e 20 mil soldados, o que achava ser suficiente para completar a conquista do Egito. Qutuz concluiu que o vento agora soprava a seu favor. Pensou que se fosse para derrotar os invasores essa seria a hora ideal.

Mas entre o Egito e os mongóis havia outro inimigo dos muçulmanos: os soldados das cruzadas que haviam ido à Palestina a fim de conquistar a “Terra Santa” para a cristandade.

Os mongóis tentaram uma aliança com os cruzados, mas o Papa Alexandre IV não autorizou. Os cruzados permaneceram neutros, porém permitiram a passagem dos mamelucos para lutar contra os mongóis na Palestina, afinal, Qutuz era a única esperança que os exércitos cruzados tinham para eliminar a presença mongol da região. Para as cruzadas, os mongóis eram motivo de preocupação tanto quanto os muçulmanos.

Em resultado disso, o cenário estava montado para um confronto decisivo entre mamelucos e mongóis.

Em setembro de 1260 os exércitos dos mamelucos e dos mongóis se enfrentaram em Ain Jalut, na planície de Esdredon.

Qutuz atraiu os mongóis para uma emboscada; escondeu boa parte de sua cavalaria nos montes ao redor da planície e enviou uma pequena tropa na frente para provocar um ataque mongol. Os mongóis avançaram, achando que se tratava do exército inteiro dos mamelucos. Qutuz então entrou em ação, ordenando que as unidades escondidas saíssem para atacar os flancos mongóis. Os invasores foram derrotados.

Essa foi a primeira derrota dos mongóis desde o início de sua incursão para o oeste partindo da Mongólia 43 anos antes. Embora o número de soldados envolvidos fosse relativamente pequeno, Ain Jalut é considerada uma das batalhas mais importantes da História. Ela evitou o extermínio dos muçulmanos, pôs fim à idéia de que os mongóis eram invencíveis e possibilitou que o exército mameluco retomasse territórios perdidos.

Os mongóis voltaram várias vezes para a região da Síria e Palestina, mas nunca mais chegaram a ameaçar o Egito. Os descendentes de Hülegü se estabeleceram na Pérsia, se converteram ao islamismo e com o tempo se tornaram patrocinadores da cultura islâmica. Seus territórios vieram a ser conhecidos como ilkhanates, ou “khanates subordinados”, da Pérsia.

Qutuz não teve muito tempo para saborear sua vitória. Seus rivais o mataram pouco tempo depois. Dentre esses rivais estava Baybars I, primeiro sultão de um reino reunido do Egito e da Síria. Muitos o consideram o verdadeiro fundador do regime mameluco. Seu novo Estado – bem administrado e rico – durou dois séculos e meio, até 1517.

Durante esse período de cerca de 250 anos, os mamelucos expulsaram os exércitos cruzados da Terra Santa, incentivaram o comércio e a indústria, patrocinaram as artes e construíram hospitais, mesquitas e escolas. Sob seu domínio, o Egito se tornou definitivamente o centro do mundo islâmico.

O impacto da Batalha de Ain Jalut não se restringiu ao Oriente Médio. Também afetou o rumo da civilização ocidental. “Se os mongóis tivessem conquistado o Egito, eles poderiam, após o retorno de Hülegü, continuar avançando pelo norte da África até o estreito de Gibraltar”, comenta a revista Saudi Aramco World. E, visto que os mongóis chegaram à Polônia, eles teriam encurralado a Europa contra o oceano.

Sob essas circunstâncias, será que a Renascença européia teria acontecido?”, pergunta a mesma revista. “O mundo hoje talvez fosse um lugar bem diferente”.

Fontes: Wikipedia / Revista Despertai (março 2012)

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Não tenho mantido a regularidade das publicações na Torre, pelo que peço desculpas aos amigos leitores. Alguns compromissos assumidos têm me ocupado. Sempre que possível, prometo trazer algo novo. Abraços.

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