terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A Geometria da Vida

Se você analisar bem, verá que toda figura geométrica é formada por retas ou por segmentos de retas.

Você traça o desenho fazendo retas para formá-lo conforme o que você já havia desenhado em sua mente. Assim você traça retas horizontais, verticais, oblíquas - ascendentes ou descendentes - de acordo com a sua vontade.

Até mesmo o círculo, que aparentemente é formado por uma linha curva constante até encontrar o ponto de partida, é, na verdade composto por segmentos de retas em sequência, cada uma delas inclinada com um grau angular constante em relação aos segmentos vizinhos.

Se você alterar o grau desses ângulos você obterá um tamanho maior ou menor do seu círculo se esses ângulos permanecerem iguais para todos os segmentos, ou poderá obter uma elipse, um helicóide ou uma espiral mudando gradativamente os ângulos ou aumentando (ou diminuindo) os segmentos de reta.

Poderá duvidar disso, mas faça o teste. Desenhe em uma folha de papel um círculo, usando uma moeda de bordas lisas como molde. A seguir converta-o para formato digital através de um scaner e amplie-o o suficiente para perceber o que afirmo.

Então o círculo perfeito é uma ilusão de ótica. As linhas curvas são ilusões de ótica.

Nossos olhos (ou nossa mente) não são capazes (ou, no caso da mente, não foi educada para) de examinar os detalhes intrínsecos, íntimos, que compõem uma determinada coisa.

Os caros e queridos amigos leitores estarão se perguntando: Corcundinha endoidou? Fez-lhe mal os ares e o sol do sul?

Nada disso. Pelo menos quanto aos ares e ao sol do sul. Já quanto à sanidade mental, há controvérsias...

No decorrer dos trabalhos que faço de recuperação digital de livros antigos e de outras obras, ao ampliá-las para eliminar resíduos estranhos a elas sem comprometer a sua originalidade, percebi (embora já o soubesse) que não importava a sua forma; inevitavelmente, a partir de um determinado zoom, os traços se convertiam em segmentos de reta. É claro que a qualidade do scaner, a sua pré configuração quanto à qualidade da imagem e os “dot pich” do monitor são determinantes para esse efeito.

Não pude deixar, no entanto, de (com o perdão da redundância) traçar um paralelo entre as figuras e a vida.

Então me levei a pensar: se nossa vida anda em círculos, não conseguimos evoluir, estamos sempre no mesmo lugar, marcando passo, talvez seja porque não conseguimos ampliá-la o suficiente, a ponto de podermos ver os ângulos e mudá-los. Somos incapazes de, a partir do todo, entranharmo-nos nos fragmentos que compõem esse todo, a nossa vida, e dar-lhe uma nova direção, não decompondo o círculo – ótica ilusória - num único ato impensado e radical, mas mudando cada fragmento de vida, ato, atitude, crenças, preconceitos, medos, covardia, inércia; um por vez, de maneira que ela, a nossa vida, se torne linear e sem solavancos.

O rumo que daremos à reta que se formará, se ascendente ou descendente, se para frente ou para trás, dependerá de em qual extremidade dela, pelas nossas ações, colocarmos o sinal vetorial. >

 
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