domingo, 19 de dezembro de 2010

Fechando a porta


Queridos amigos e amigas.

Desde o mês de setembro de 2008, quando por incentivo da Lu esta Torre foi erigida, e pelas mãos mágicas da Anne ganhou o layout que se mantém até hoje, procurei trazer a vocês e também descobrir com vocês, um pouco da cultura e do que se passava pelo mundo.

Através do Juca, personagem imaginário, espero ter levado ao conhecimento de mais gente um pouco da cultura, da história e das tradições do gaúcho.

Pude contar desde a lenda do boitatá até a história dos balseiros do rio Uruguai, pincelando, aqui e ali, a Guerra do Contestado e histórias pessoais, como a lembrança da Siá Olímpia e do tio, centroavante empalhado.

A querida amiga Cristina, a Krika, muito contribuiu em vários momentos com suas postagens de caráter pedagógico, educacional e artístico.

A Torre foi e é, para mim, sobretudo uma válvula por onde podia aliviar as pressões que se acumulavam durante o dia. Um espaço onde pude me arriscar nas letras. Letras, aliás, que procurei tratar com carinho e harmonizá-las de forma tal que ficassem agradáveis aos mais de trinta mil visitantes que me honraram. Sinceramente, espero ter conseguido.

Hoje a Torre se despede. Fechará suas portas.

Não sei ainda se será uma despedida definitiva. Espero que não.

Há momentos na vida da gente em que é preciso tomar decisões que, mesmo sem querer, acabam por respingar em atividades paralelas e que, mesmo que prazerosas, precisam ser sacrificadas.

É preciso sair da inércia, ir em busca dos sonhos sob pena de criamos limbo, como as pedras inertes dos rios.

Quando possível, e assim que as condições permitirem espero voltar.

Por hoje, deixo meus agradecimentos a todos os que prestigiaram este espaço, com visitas, comentários e críticas. Fiz muitos amigos aqui. Através daqui fiz muitos amigos e amigas na vida real.

Quero mantê-los, alargar e aprofundar essas amizades. É no coração de cada um de vocês que deposito a chave da Torre.

Feliz Natal e um novo ano de muita luz, saúde e felicidade a todos.
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Recebi da amiga Beta, a mensagem abaixo, que Juca quer apropriar-se para transformá-la na sua mensagem de Natal para todos os nossos amigos e amigas em comum.

Tchê,
numa dessas
tardes em que
o sol tava se indo
embora, e eu no meu
matear solito, comecei a pensar.
Estamos botando mais uma marca
na existência da vida. Então decidi que
deveria mandar uma tropilha de palavras
pra ti, assim, poderia dividir com meus amigos,
esses devaneios de saudades desse tempo que já se
foi, pois já estamos no fim dessa etapa chamada de 2010.
Nisso me lembrei dessa tal de INTERNETCHE, achei que
seria fácil, era só camperiar por alguns SITES e já de pronto
acharia o que estava por campear. Me deparei com muita coisa da
buena, mas nada daquilo que eu queria te dizer, pois descobri que não
havia ali as palavras puras que minha xucra alma sente para falar contigo. Por isso vivente te digo, com esse meu jeitão rude, que fiz tudo que pude.Pra te dizer o que minha alma sente, queria ter te encontrado todos os dias, ter te dito, buenos dias, buenas tarde, buenas noite e tudo mais, mas, talvez
nos vimos tão depressa, no afazer das nossas tarefas, que nem isso aconteceu,
pois o ano recém nasceu, e já está para acabar. Mas peço ao Tropeiro do Universo, sim,
Ele que tudo pode, que nos traga sentimentos nobres, de amor e amizade. Que tenhas lembranças boas, por tudo que te aconteceu. Que o Menino que nesta data nasceu, nos ilumine todos os dias. Que renasça a alegria, para quem à perdeu. Que se a caso não te aconteceu, tudo aquilo que queria. Que não percas a alegria, o entusiasmo e a coragem, avida é uma viagem, mas é nós que escolhemos
o caminho,
espere mais
um pouquinho,
e tudo vai
acontecer. Um novo ano
vai nascer,
deposite
nele tua
esperança,
quem espera
sempre alcança,
diz o velho ditado.
Então, te desejo parceiro(a), junto com tua gente, um Novo Ano maravilhoso, de conquistas, alegrias e realizações. Mas para que tudo aconteça, antes, se agarre na proteção do céu, agradecendo ao Pai Soberano,
pois assim a cada ano, será feliz o teu viver, e em cada amanhecer,Será como um NOVO ANO !!!Feliz Natal!!!
E um baaaaaaaita 2011!!!!

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domingo, 12 de dezembro de 2010

A cabeça de pedra



Eu sou um cara feliz. Mesmo nas adversidades, assim me considerava. Pelos lugares onde andei, sempre fiz e deixei muito mais amigos que desafetos. Posso afirmar, com orgulho, que, se eu precisar de um socorro em Bagé, São Luiz Gonzaga, Porto Alegre ou na linda Santa Cruz do Sul, tenho a quem recorrer. Assim como em Vacaria, Passo Fundo, Lagoa Vermelha, Guaporé, Putinga... E também em Santa Catarina, desde Dionísio Cerqueira até Balneário Camboriú.

Se não sou o que se possa chamar de um Cidadão do Mundo, o sou, pelo menos, de uma boa parte dele.

Foram anos e anos de trabalho em contato com esses lugares e pessoas. Quem já trabalhou com vendas externas sabe bem do que estou falando.

Uma nova dimensão de amizades abriu-se para mim através da Internet. Foi nesse ambiente que conheci, igualmente, pessoas maravilhosas, que, quando possível, fui visitar pessoalmente.

Foi o caso da Lu.

Quando, há cerca de três anos sofri um acidente grave que me reduziu a mobilidade e encerrou minha carreira de peregrino, Lu foi uma das pessoas que ficava conectada comigo nas madrugadas frias, quando os enormes parafusos que me implantaram na perna me impediam de dormir com um cobertor por cima.

Foram mais de dois anos, emendando os caquinhos de ossos, como num quebra-cabeça. Cirurgias sem conta.

Especialmente em uma delas, fiquei com medo de não voltar. Era mesmo de alto risco. Aí pensei... Deus do céu, se eu não sobreviver, meus amigos internéticos ficarão sem saber. Pensarão que os estou ignorando.

Então forneci a ela um número de telefone e uma data para ela ligar, com a recomendação de avisar os amigos do desfecho. Felizmente não foi preciso. Sobrevivi e entrei em contato com ela antes da data aprazada.

Mas ficou gravada entre nós essa cumplicidade, quase mórbida.

Quando me recuperei razoavelmente, fui visitá-la. Era o que, pensei, ser uma forma mínima de retribuir a sua amizade e as preocupações que certamente lhe causei.

É uma pessoa linda. De um caráter invejável. Um ser humano maravilhoso que se divide entre os cuidados com os filhos e o belo jardim que cultiva. E que, acima de tudo, ama.

Então, eis que, ela botou a minha cabeça lá, no jardim. De pedra. Ela diz que é um busto. Nem é. É uma cabeça que ela encontrou em um artesão do interior e que achou parecida comigo.

Sabedor que sou de seus cuidados com cada raminho de grama, com cada galinho de flor, com cada pedrinha de seu jardim, fico mesmo embevecido por estar lá, representado por uma cabeça de pedra.

Por isso repito: Sou mesmo uma pessoa feliz. Desconheço alguém que tivesse o privilégio de ter, em vida, sua imagem a dividir com as borboletas, os passarinhos e as flores, um lugar tão lindo, tão cuidado e tão especial.

Comovente, Lu.


Gente, é a minha cara.

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sábado, 4 de dezembro de 2010

Censos & Contrassensos*



Descobri, consternado, que não existo.

Não!... Não é uma reedição do “Buraco Negro” que escrevi aqui há alguns anos.

Talvez aquele texto tenha sido um prenúncio, uma antecipação do que viria acontecer.

Hoje constato que não existo oficialmente. No “Buraco Negro” era uma inexistência metafórica. Agora ela é real e definitiva. Não existo na minha casa, na minha rua, no meu bairro, na minha cidade, no meu país, na minha terra, no meu universo. Simplesmente não existo.

Não fui contado pelo IBGE.

O mundo não sabe se tenho geladeira, banheiro ou urinol. Nem se a torre em que vivo é própria, já quitada, ou se é do Abade.

Não sabe se os meus dejetos escorrem por encanamentos, pelo meio fio da calçada ou se são simplesmente jogados pela janela. (“Vai água” diriam os portugueses de antanho.)

O mundo ignora quantas refeições diárias eu faço, ou o que como no almoço, ou se requento as sobras da marmitinha para a janta, nem de quanto é meu orçamento familiar. Informações de suma importância para as ações governamentais.

Publicaram que o Brasil tem 190.732.694 pessoas. Mentira. São, pelo menos, 190.732.695. Não me incluíram na contagem.

Desde que iniciou o censo eu vivi em sobressalto, esperando o moço ou a moça do computadorzinho. Até ensaiei e decorei as respostas: não senhor, eu vivo só ... não tenho cachorro nem gato, tenho um ratinho – o Bin, e uma pomba que todos os anos faz ninho na jabuticabeira. Chuveiro? Um só. Computador? Um K6 500 mhz, mas que está com o HD baleado.

E nada!...

Um dia me chamaram do portão. Pensei: é hoje!... Não foi. Eram as Testemunhas de Jeová que seguidamente aparecem para me trazer suas revistinhas, que, aliás, gosto de ler.

Outra vez apareceu uma moça trajando um jaleco azul com uma prancheta na mão. Fiquei feliz; agora vai! Vai nada. Era a moça da saúde. Veio à minha casa para contar os aegyptis. Sobre mim, nem pó.

Então, já que não existo, vou-me embora prá Mantiqueira.

*Contrassenso: grafia alterada pelo acordo ortográfico - contra-senso.
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