domingo, 28 de março de 2010

Um Gaúcho em São Paulo - IV (São Luiz do Paraitinga)

São Luiz do Paraitinga

(A Igreja, vista nesta imagem, se tranformou nos escombos, mostrados abaixo)









Depois do passeio pelo sul de Minas Gerais, havia em Pindamonhamgaba uma expectativa por parte dos meninos da capital e de alguns vizinhos, quanto à uma promessa que eu havia feito, de preparar um churrasco, bem à moda gaúcha.

Os meninos se cotizaram no dia anterior e compraram um razoável pedaço de carne, que, se não fosse a ausência de osso e de gordura, daria um bom espeto. Mas alguém, que preferiu não se identificar, teve a infeliz idéia de guardá-lo no congelador, de sorte que quando fui prepará-lo, estava duro como uma pedra.

Decidi sair e procurar uma carne de verdade para um churrasco gaúcho, para não ficar mal falado. Não foi fácil, mas depois de uma pequena peregrinação, encontrei uma costela, que com alguns pequenos ajustes no corte, que o açougueiro fez, sem muito entender e sob a minha orientação, ficou com um aspecto apropriado.

Parece ter agradado, pois pouco sobrou para o carreteiro do dia seguinte.
Já falei que eu havia planejado visitar amigas em cidades da região, mas o tempo estava se esgotando, e não havia mais vaga na agenda para ir à todos os lugares. Então, para não parecer que eu estaria priorizando umas e excluindo outras, decidimos por ir à um lugar que estava, inicialmente, fora do roteiro: São Luiz do Paraitinga.
As impressionantes imagens que vi na televisão, no início do ano, aguçou minha vontade de conhecer São Luis. Deixamos a Polly em Taubaté e seguimos pela Rodovia Osvaldo Cruz em direção à Ubatuba.

Logo na chegada, fomos informados de que a rodovia de acesso estava bloqueada, na ponte do rio Paraitinga, sendo necessário voltar à Osvaldo Cruz, e entrar na cidade pelo outro acesso, mais à leste.

Antes de retornarmos, no entando, foi possível observarmos o rio. Parece inacreditável que um rio de dimensões tão acanhadas pudesse ter causado tanta destruição. Mas ao ver os vestígios deixados pelas águas nas copas das árvores, e traçando uma linha horizontal imaginária, poderiamos ter uma idéia da gravidade da tragédia. (Na foto à direita, a marca da água, no centro histórico).

São Luiz ainda é linda. Suas ruas estreitas e seus prédios antigos, com a força das águas, deixaram à mostra suas entranhas. As paredes semi-destruídas das construções, revelam a tecnologia adotada no passado.
A maioria dos prédios foram construídos com estuques, pau à pique, barreados com grossas camadas de terra sovada.

São Luiz do Paraitinga é um dos 29 municípios paulistas considerados estâncias turísticas pelo Estado de São Paulo, por cumprirem determinados pré-requisitos definidos por Lei Estadual. Tal status garante a esses municípios uma verba maior por parte do Estado para a promoção do turismo regional. Também, o município adquire o direito de agregar junto a seu nome o título de estância turística, termo pelo qual passa a ser designado tanto pelo expediente municipal oficial quanto pelas referências estaduais.

Localiza-se a uma latitude 23º13'18" sul e a uma longitude 45º18'36" oeste, estando a uma altitude de 741 metros. Sua população estimada em 2004 era de 10.689 habitantes. Pertence à terceira Região Administrativa do Estado de São Paulo - Vale do Paraíba.
HISTÓRICO

O Capitão Vieira da Cunha e João Sobrinho de Moraes alegaram pretender povoar a região dos sertões da Paraitinga e, por isso, receberam do Capitão de Taubaté, Felipe Carneiro de Alcaçouva e Souza as primeiras sesmarias da então Vila de Guaratinguetá, que havia explorado todo aquele sertão, apresentou ao Governador, capitão-general D.Luís Antonio de Souza Botelho Mourão, um requerimento em que vários povoadores lhe pediam para fundar junto ao Rio Paraitinga e entre Taubaté e Ubatuba, uma nova povoação.

A 2 de Maio de 1.769 essa petição foi deferida, recebendo a povoação o nome de São Luiz e Santo Antonio do Paraitinga, sendo a padroeira Nossa Senhora dos Prazeres.

No dia 8 de maio de 1.769 o sargento mor Manoel Antonio de Carvalho foi nomeado fundador e governador da nova povoação. Um incentivo do governador geral estimulou a mudança de mais gente para o local que foi elevada à Vila em janeiro de 1.773, instalada a 31 de Março do mesmo ano.

A Vila teve rápido progresso de início, mas depois veio a estacionar na cultura dos cereais e só muito mais tarde se deu início à plantação de café e algodão.

Por lei provincial a 30 de Abril de 1.857 foi elevada a categoria de cidade e por título de 11 de junho de 1.873 obteve a denominação de "Imperial Cidade de São Luiz do Paraitinga".

Transforma-se em Estância Turística a cidade de São Luiz do Paraitinga(Aprovado pela Lei Estadual nº 11.197 de 5 de julho de 2002

A cidade de São Luiz do Paraitinga é conhecida por seu patrimônio histórico-arquitetônico e também por ser pólo de grande produção artística e cultural. A agenda da estância turística é rica em eventos e manifestações da cultura popular. O turismo cultural é a principal fonte de receitas do pequeno município, o que reforça a importância da cultura como meio de geração de emprego, renda e desenvolvimento econômico.
Arrasada pelas chuvas do começo do ano – a cidade sofreu inundação e teve grande parte de suas construções históricas destruídas – São Luiz do Paraitinga vê ameaçado o turismo que garante suas receitas.
Os artistas e artesãos luizenses, que já perderam grande parte de seu acervo com a enchente, também se vêm ameaçados pelo cancelamento das atividades culturais no município.

ORIGEM DO NOME
Paraitinga é o nome do Rio onde, desde os tempos dos Bandeirantes havia um posto avançado por onde passavam o café e o ouro mineiro. Ao ser fundada a povoação em 1.769, o nome foi São Luís e Santo Antonio do Paraitinga, sendo mudado depois para São Luiz do Paraitinga, quando o padroeiro passou a ser São Luiz, Bispo de Tolosa.
PARAHYTINGA - De origem indígena: Da língua Tupi-Guarani - "Águas Claras"

Dentre seus atrativos, destacam-se, na área urbana, seu conjunto arquitetônico, visto que tem o maior número de casas térreas e sobrados tombados pelo CONDEPHAAT no Estado de São Paulo (são quase 90 prédios declarados de interesse paisagístico) e a casa de Oswaldo Cruz (hoje um centro cultural).
Por estar localizada num lugar alto, não foi atingida pelas águas do rio. No entanto, vários cômodos e salas da casa estavam fechadas à visitação ocupadas por móveis e acervo da igreja destruída.

Não tenho a menor dúvida de que São Luiz do Paraitinga será reconstruída. É isso que se percebe no semblante das pessoas.
Por entre os escombros, uma senhora de cabelos brancos, apareceu na janela semi-destruída de uma sacada, e estendeu uma toalha bordada.


Ainda com as imagens da pequena São Luiz na retina, paramos num restaurante à beira da estrada, entre São Luiz e Taubaté. Passava do meio dia. Sobre um enorme fogão à lenha, fumegavam panelas que me fizeram lembrar da finada vó Rosa, lá dos confins de Clemente Argolo, interior de Lagoa Vermelha.
Chegava a hora de voltar para o pântano...
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Obs. Em alguns documentos, São Luiz é grafado com "S"... Em outros com "Z". Preferi mantê-lo com "Z", pelo fato do Bispo de Tolosa, ser assim grafado.

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No Site da Prefeitura, consta os seguintes ítens, para os solidários que queiram e possam ajudar:

*HIGIÊNE PESSOAL
*UTENSÍLIOS DE COZINHA
*UTENSÍLIOS DE CAMA, MESA E BANHO
*MÓVEIS
*ELETRODOMÉSTICOS


*REMÉDIOS-
- AAS - 100 mg;
- Ácido valpróico
- 250 mg;
- Ácido valpróico solução oral;
- Buscopan composto gotas;
- Carbamazepina - 200 mg;
- Carbamazepina - Solução oral;
- Carbonato de lítio - 300 mg;
- Carvedilol - 3,125 mg, 6,25 mg, 12,5 mg , 25 mg;
- Cinarizina 75 mg;
- Dermacerium;
- Dersani;
- Dimeticona gotas;
- Fenitoína 100mg;
- Glibenclamida 5mg;
- Haldol Decanoato;
- Haloperidol 5mg;
- Metformina 850 mg;
- Neomicina pomada;
- Prometazina 25mg;
- Sustrate 10 mg.

RAZÃO SOCIAL: PREFEITURA MUNICIPAL DA ESTÂNCIA TURÍSTICA DE SÃO LUIZ DO PARAITINGA
CNPJ: 46.631.248/0001-51
ENDEREÇO: PRAÇA DR. OSWALDO CRUZ, 03 - CENTRO
CEP: 12140-000 - SÃO LUIZ DO PARAITINGA-SP
CONTAS BANCÁRIAS PARA DOAÇÕES
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL AGÊNCIA 2898C/C 12-2TIPO 006
BANCO DO BRASILAGÊNCIA 076-0C/C 202020-3
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Fontes: Prefeitura Municipal de São Luiz do Paraitinga.
Fotos: Site oficial da Prefeitura Municipal de São Luiz do Paraitinga.
Marta Kurigatah
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domingo, 21 de março de 2010

Um Gaúcho em São Paulo - III


Itajubá - MG

Em Pindamonhangaba, além dos meninos vindos de São Paulo, tive o prazer de conhecer pessoalmente uma família de amigos que já vinha eu cultivando há tempos, através dos recursos da tecnologia: "Seu" Hélio, sua esposa Célia, e os magníficos amigos Giuliano, Géssica e Polly.
Aliás, foi do "Seu" Hélio um dos conselhos mais valiosos que recebi nesta viagem: "Em São Paulo, é melhor não parar em alguma rua, que logo se forma uma fila atrás de você!..."
E é verdade. Comprovei quando, no retorno de um passeio numa cascata, aos pés da Mantiqueira, paramos para tomar água de côco. Ao devolver a colher que haviámos tomado emprestado para aproveitar as raspinhas do côco, a senhora do estabelecimento estava ocupada, moendo cana. Esperei ela se desvencilhar da faina, e logo, ao olhar para trás percebi uma fileira de pessoas. Perguntei: O que fazem aqui?... Um respondeu: Não sabemos, mas vimos o senhor parado e imaginamos que era o começo de uma fila para alguma coisa...
É cultural.
Antes de iniciar a viagem, eu havia traçado um roteiro, cidades que gostaria de ir, amigos que queria visitar: Mogi Mirim, Botucatu, Campinas, São Bernardo do Campo... e que ao fim, tive que adiar, pela exiguidade de tempo.
Mas uma cidade que não poderia deixar de ir, era Itajubá, já no Estado de Minas Gerais. É lá que mora um casal de amigos muito especiais para mim, Krika, colaboradora da Torre e seu esposo.
Então fomos, na manhã de segunda-feira. Subimos a Serra da Mantiqueira, e já com atraso, chegamos à Itajubá, já passado do meio dia. Os amigos nos aguardavam com o almoço pronto. Um manjar delicioso, dígno da realeza, em que não poderia faltar o típico tutu à mineira, esmeradamente preparado pela amiga Krika.
À tarde, passeamos pela cidade. Um dos orgulhos dos Itajubenses é a sua Universidade Federal.

A Universidade Federal de Itajubá- UNIFEI, foi fundada em 23 de novembro de 1913, com o nome de Instituto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá- IEMI, por iniciativa pessoal do advogado Theodomiro Carneiro Santiago, foi a décima Escola de Engenharia a se instalar no país. Desde logo o IEMI se destacou na formação de profissionais especializados em sistemas energéticos, notadamente em geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. O então Instituto foi reconhecido oficialmente pelo Governo Federal em 05 de janeiro de 1917.
O curso tinha, inicialmente, a duração de três anos, tendo passado para quatro anos em 1923 e, em 1936, foi reformulado e equiparado ao da Escola Politécnica do Rio de janeiro e tendo o nome da instituição sido mudado para Instituto Eletrotécnico de Itajubá-IEI em 15 de março daquele mesmo ano.
Em 30 de janeiro de 56 o IEI foi federalizado. Sua denominação foi alterada em 16 de abril de 1968 para Escola Federal de Engenharia de Itajubá- EFEI. A competência e o renome adquiridos em mais áreas de atuação conduziram ao desdobramento do seu curso original em cursos independentes de Engenharia Elétrica e de Engenharia Mecânica, com destaque especial para as ênfases de Eletrotécnica e Mecânica Plena. Iniciou em 1968 seus cursos de pós- graduação, com mestrados em Engenharia Elétrica, Mecânica e Biomédica, este último posteriormente descontinuado.
Em resposta à evolução da tecnologia e à expansão das novas áreas contempladas pela Engenharia, a UNIFEI ampliou as suas ênfases em 1980, passando a incluir a de Produção, no curso de Engenharia Mecânica, e a de Eletrônica, no de Engenharia Elétrica. Dando prosseguimento a uma política de expansão capaz de oferecer um atendimento mais amplo e diversificado à demanda nacional e, sobretudo, regional de formação de profissionais da área tecnológica, a instituição partiu para a tentativa de se transformar em Universidade Especializada na área Tecnológica- UNIFEI, modalidade acadêmica prevista na nova Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional- LDB.
Esta meta começou a se concretizar a partir de 1998 com a expansão dos cursos de graduação ao dar um salto de dois para nove cursos, através da aprovação de sete novos com a devida autorização do Conselho Nacional de Educação- CNE. Posteriormente, foram implantados mais dois novos cursos de graduação- Física Bacharelado e Física Licenciatura.
A concretização do projeto de transformação em Universidade deu-se em 24 de abril de 2002, através da sanção da lei número 10.435, pelo presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. A UNIFEI dispõe de 96% de seus docentes em regime de trabalho de tempo integral com dedicação exclusiva, sendo 56% com o título de Doutor, 37% com o título de Mestre, 3% com Especialização e 4% Graduados, ou seja, 93% tem Pós- Graduação em nível de Mestrado e Doutorado. A UNIFEI e o Instituto nacional de Telecomunicações- INATEL, sediado no município de Santa Rita do Sapucaí, são as principais instituições tecnológicas que dão sustentação e apoio ao projeto do Pólo de Tecnologia da Informação e Telecomunicações da região do Alto Sapucaí, e que também conta com o apoio do governo mineiro, através da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia.
Outro projeto que tem uma participação destacada da Universidade Federal em Itajubá é o da chamada Rota Tecnológica 459. Trata-se de um movimento comunitário que pretende reunir cidadãos de 88 municípios sul- mineiros e 19 paulistas, situados numa faixa de 50 km em torno do eixo da rodovia BR 459, que liga Lorena a Poços de Caldas, passando por Itajubá, Santa Rita do Sapucaí e Pouso Alegre, importante elo rodoviário entre a Presidente Dutra e a Fernão Dias. Seu objetivo é promover um desenvolvimento regional integrado, através do estudo das peculiaridades de cada município, seus problemas, vocações e potencialidades. Além disso, a UNIFEI também possui atividade de extensão que extrapola a esfera regional, a exemplo do Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas- CERPCH, onde a Escola sedia a secretaria do referido Centro.

Do alto de um morro, onde se localiza uma igreja, ainda em fase de acabamento, pudemos apreciar a magnífica cidade, com seus telhados amarelados, cortada ao meio, pelo rio Sapucaí.



Itajubá foi fundada em 19 de março de 1819 e em 27 de setembro de 1848 foi emancipada e, conforme a Lei nº 355, de 27 de setembro de 1848, a abrangência dos seguintes territórios: a “ freguesia de mesmo nome” (que abrangia o atual município e Piranguçú), Cristina (Espírito Santo do Cumquibus), Pedralva (São Sebastião da Capituba), Brasópolis (São Caetano da Vargem Grande) e Delfim Moreira (Soledade de Itajubá). Pouco tempo depois esses territórios foram se desmembrando de Itajubá.
Na corrida à exploração de pedras preciosas em Minas Gerais foram descobertas as minas de Nossa Senhora da Soledade do Itagybá, local onde se construiu a cidade de Delfim Moreira, na qual teve início a história da atual cidade de Itajubá. Um apetite de ouro e pedrarias que levaria à formação de povoados na região sul do Estado de Minas Gerais. Entre bravos e arrojados povoadores estava Miguel Garcia Velho, fundador da primitiva Itajubá, hoje cidade e município de Delfim Moreira.
Nas imediações de Passa-Quatro, Miguel seguiu pelos vales de Bocaina, afastando-se, pois da rota já trilhada por outros exploradores, a qual ia dar no Rio Verde e Baependi. Transpôs a Serra dos Marins e o planalto do Capivari, no qual andou descobrindo algumas pintas de ouro. No Córrego Alegre e nas águas do Tabuão encontrou maiores indícios do cobiçado metal. Pretendia alcançar a Serra de Cubatão, mas a mina do Itagybá foi a que mais o seduziu, e onde permaneceu por mais tempo, dando início ao povoado. Era 1703.
O garimpo nas minas de Itagybá foi efêmero. As catas e as gupiaras não compensavam o trabalho e não correspondiam à sede de riquezas de Miguel Garcia Velho e seus companheiros.
Os bandeirantes se retiraram, e quem ficou no povoado tratou de se arranjar com a agricultura e a pecuária. Povo laborioso, mas de minguados recursos, o arraial em desfavorável localização, e a Soledade do Itagybá não prosperou.
E a história da nova cidade de Itajubá começou na Soledade do Itagybá do Sargento-mor Miguel Garcia Velho.
A Freguesia de Nossa Senhora da Soledade de Itajubá (atual cidade e município de Delfim Moreira), já no meado do século XVIII, se encontrava sobremaneira abalada em seus recursos econômicos e sua vida social com a paralisação das atividades auríferas. Os aventureiros que, depois de Garcia Velho, lá estiveram, logo abandonaram aquelas minas. Os poucos habitantes do povoado, desde então, nem mais pensavam em ouro, que já não dava pão e comida a ninguém, de tão raro que ficou.
Com a morte do pároco, Padre Joaquim José Ferreira, ocorrida em princípios de 1817, Soledade de Itajubá só se daria mais de um ano depois com o novo vigário, Padre Lourenço da Costa Moreira, através da nomeação real de D. João VI.
O vigário vinha acompanhado de seus escravos, da senhora D. Inês de Castro Silva, do Dominicano, menino de 5 anos, e de Delminda, pequerrucha de apenas 2 anos, os quais estavam sob os cuidados de zelosas mucamas de sua comitiva.
O nome Itagybá, que na língua indígena significa, “Rio das pedras que do alto cai”, cascata, foi dado em alusão à cachoeira junto às minas de Miguel Garcia Velho, sugerido por seus companheiros de expedição.
Como nunca faltava uma evocação religiosa católica nos antigos povoados, logo denominavam o lugarejo de Nossa Senhora da Soledade de Itajubá, ou, segundo se dizia então, do Itagybá.
A cascata histórica que emprestou o nome a Itajubá está na área urbana da cidade de Delfim Moreira, a primitiva Itagybá, a cerca de meio quilômetro do centro e de sua igreja Matriz.
Por lamentável confusão com a palavra itajuba (com a tônica no – jú), muita gente acredita que Itajubá significa pedra amarela. E a fantasia popular chegou a imaginar a existência de uma pedra amarela no município.
Dois meses depois de sua chegada à Soledade de Itajubá, o Padre Lourenço da Costa Moreira, durante a missa conventual, usou a tribuna sagrada para expor aos seus paroquianos que a má localização da aldeia não era favorável ao desenvolvimento e, do púlpito, convidou seus paroquianos a descer a serra, rumo ao Sapucaí, à procura de um lugar aprazível e bom, no qual se pudesse construir a nova sede da Freguesia. Permaneceria ali a Capela de Nossa Senhora da Soledade.
Na noite de 17 de março de 1819 reuniu o vigário, na Matriz, todos os fiéis que os seguiriam. Na manhã do dia seguinte, após a missa, a caravana rumou para as bandas do Sapucaí. Eram os pioneiros da nova Matriz, que marchavam com a missão de fundar a nova Itajubá.
No dia seguinte, rumando todos para o alto do cômoro, o Ibitira, segundo a denominação dos Puri-Coroados, o vigário se deslumbrou com o que viu. Não era preciso prosseguir a viagem. O local onde estavam lhe parecera excelente para a fundação do novo povoado e a sede da Freguesia. Alí em meio a clareira aberta pelos desbravadores, foi construído um altar e o Cruzeiro onde Padre Lourenço celebrou a primeira missa. Foi nesse altar erguido exatamente onde hoje se encontra a Matriz da Paróquia de Nossa Senhora da Soledade, que nasceu, em 19 de março de 1819, a atual Cidade de Itajubá.
(Dados retirados do livro: "História de Itajubá”- BH / 1987 Armelim Guimarães)

Localização: Sul de Minas Gerais
No de habitantes: 75.000 - Fonte IBGE. Censo Demográfico de 1991
Relevo: Planalto
Clima: Tropical de altitude
Vegetação: Mata atlântica Pluvial
Função urbana: Cidade Estudantil
Economia municipal: Agropecuária e Indústria
Referências: Cidades vizinhas Poços de Caldas e Varginha
Metrópole nacional mais próxima: São Paulo - com acesso pela Via Dutra e Fernão Dias


O Rio Sapucaí é o grande rio de Itajubá. Divide a cidade bem ao meio. É relevante sua importância no progresso e na vida da cidade, sobretudo no passado, com o favorecimento da navegação. É o fertilizador do grande vale pelo qual serpeia, recolhendo as águas de vários tributários menores, tão ligados às tradições itajubenses, entre os quais o piscoso Lourenço Velho e o Ribeirão José Pereira, que iluminou a cidade no início do século, e que também atravessa a cidade.
Sapucaí quer dizer rio das sapucaias, isto é, rio que canta, rio que grita. O nome foi dado pelos índios em alusão às lecitidáceas que, quando fustigadas pelos ventos, freqüentes no vale, produziam silvos semelhantes a gemidos. Daí chamarem eles sapucaia, isto é, árvore que chora, árvore que geme, a essas lecitidáceas, então existentes com abundância em quase todo o vale, sobretudo nas margens e barrancas do rio, onde eram mais aglomeradas.
O Sapucaí entra na cidade pelo bairro urbano Santa Rosa, e sai pelo de Boa Vista, dividindo-a em duas partes iguais. Dentro do município, o mais importante de seus afluentes, da margem direita, é o Ribeirão José Pereira, que tem origem na Serra da Água Limpa e que vai despejar-se no Sapucaí já dentro da cidade. Da margem esquerda, os mais notáveis desses afluentes são o Córrego da Estância, o Ribeirão das Anhumas (estes dois nascem na Serra do Pouso Frio), o Ribeirão Piranguçu e o Ribeirão dos Antunes, este já nas divisas com Piranguinho.
O Rio Sapucaí percorre, desde sua nascente até a barra com o Lourenço Velho, na saída do município, uma extensão de 48 km, num vale formado, lado a lado, de altíssimas e imensas vertentes da Mantiqueira.

Ao final da tarde, voltamos à Pindamonhangaba, testemunhando o lindo entardecer na Serra da Mantiqueira.

Fontes: Site oficial da Prefeitura Municipal de Itajubá.
Site oficial da UNIFEI
Fotos: Site oficial da Prefeitura Municipal de Itajubá,
Marta Kurigatah
Uma homengem especial à amiga Krika e ao amigo Jorge.
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domingo, 14 de março de 2010

Um Gaúcho em São Paulo - II


Juca se cansou das letras, por isso Quasímodo conclui o relato.

Como já foi dito anteriormente, chegamos na rodoviária de São Paulo por volta das 8 horas da manhã. Marta estava já à nossa espera, numa... fila.

Depois da calorosa recepção, pegamos a estrada para Pindamonhangaba (Juca preferiu que eu concluisse esta história. Ele não conseguiu soletrar Pindamonhangaba...). Por decisão da anfitriã, fomos pela rodovia Aírton Sena, para fugir das possíveis filas da Presidente Dutra. Em vão. Para percorrer os cerca de 140 Km de distãncia demoramos mais de 5 horas. Parecia que toda a cidade de São Paulo decidiu à um só tempo aproveitar o feriado de carnaval na serra ou no litoral, em Campos do Jordão ou Caraguatatuba, Ubatuba, Paraty e ainda mais ao norte, Angra dos Reis. Juca adorou.

Mas o fato é que decidimos almoçar em Taubaté, pelo adiantado da hora. Ali recebemos uma ligação da Pãmela, sobrinha de Marta, que já estava em Pinda, juntamente com um grupo de amigos dela, e que passaram a também serem meus: Sérgio, Rafael, Paulinho, Átila, Gustavo, Soraya, Amanda... Todos meninos e meninas bonitos, vindos da capital.

Pindamonhangaba é um município brasileiro do estado de São Paulo. Localiza-se no Vale do Paraíba, na microrregião de São José dos Campos. O principal acesso à cidade se dá pela Rodovia Presidente Dutra, no quilômetro 99.

A região da atual Pindamonhangaba foi ocupada por portugueses pelo menos desde 22 de julho de 1643, registro mais remoto da ocupação por um certo Capitão João do Prado Martins. Seis anos depois, em 17 de maio de 1649, a área foi formalizada como uma sesmaria e doada ao capitão. Parece não haver informação sobre o que ocorreu entre esta data e 12 de agosto de 1672, portanto 13 anos depois, quando há registro de construção de uma capela em homenagem a São José pelos irmãos Antônio Bicudo Leme e Braz Esteves Leme. Os irmãos Leme teriam adquirido, da Condessa de Vimieiro, essas terras ao Norte da Vila de Taubaté. Não há notícia de como a sesmaria teria passado das mãos do Capitão Martins para a Condessa de Vimieiro. Diante das incertezas históricas, dois prefeitos recentes da cidade resolveram o problema por decreto: o prefeito Caio Gomes oficializou a data de 12 de agosto de 1672 (irmãos Leme) como a data de fundação da cidade; mais tarde, o prefeito João Bosco Nogueira decretou que a data magna do município seria a data da emancipação, 10 de julho de 1705.

O nome da cidade deriva do tupi; pindá-monhang-aba, lugar (aba) de fazer (monhang) anzol (pindá) ou, como alguns consideram, "lugar onde o rio faz a curva", devido ao curso do rio Paraíba do Sul ao passar pelo Bosque da Princesa. A primeira teoria diz que os irmãos Leme adquiriram da Condessa de Vimeiro glebas de terra ao norte da Vila de Taubaté, bem á margem direita do Rio Paraíba. Aos 12 de Agosto de 1672, Antônio Bicudo Leme e Braz Esteves Leme, iniciaram a construção da capela em honra a São José, fundaram a povoação de São José de Pindamonhangaba. Essa capela foi edificada no alto de uma colina, exatamente onde hoje se localiza a Praça da República Largo do Quartel. Baseado nesta teoria, em 7 de dezembro de 1953 o então Prefeito Dr. Caio Gomes Figueiredo oficializou pela Lei n° 197 a data de 12 de Agosto de 1672 como a data da Fundação de Pindamonhangaba, tendo como Fundadores: Antônio Bicudo Leme e Braz Esteves Leme.
A segunda teoria diz que no início do Século XVII sesmarias vão sendo concedidas na zona de Taubaté – Pindamonhangaba – Guaratinguetá, destacando-se uma que é concedida em 17 de maio de 1649, ao Capitão João do Prado Martins, na paragem chamada Pindamonhangaba. De acordo com a respectiva carta de doação, esse povoador, vindo de São Paulo, com a família e agregados já estava de posse de suas terras, naquela paragem, desde o dia 22 de Julho de 1643, que é considerada a data de Fundação de Pindamonhangaba, pois o sítio então aberto por João do Prado se situava no rocio mesmo da futura vila e cidade de nossos dias. A partir daí, da paragem à margem direita do Rio Paraíba do Sul, forma-se um bairro dependente de Taubaté, para onde vão afluindo novos povoadores e moradores. Começa a funcionar no bairro uma igreja, de porte pequeno, cujo orago é Nossa Senhora do Bom Sucesso. A sua erição é devida ao padre João de Faria Fialho, considerado o Fundador de Pindamonhangaba.
Data do final do século XVI a ocupação da área onde hoje se situa Pindamonhangaba. No local, passou a existir uma "paragem", com ranchos e pastaria. Não se sabe exatamente quando o local passou a ser chamado PINDAMONHANGABA, nome indígena que significa "lugar onde se fazem anzóis". A "paragem" estava fadada a se desenvolver rapidamente, já que suas terras eram excelentes; o clima ameno e sua posição a tornavam passagem obrigatória dos viajantes que se deslocavam do Vale do Paraíba para Minas Gerais. Por volta de 1680, Pindamonhangaba já era um povoado, vinculado ao Termo (Município) de Taubaté. Data dessa época a construção do primeiro templo, a capela de São José, erigida por Antonio Bicudo Leme e seu irmão, Braz Esteves Leme. Em 10 de julho de 1705, o povoado recebeu foros de vila, ficando, portanto, politicamente emancipado de Taubaté.
Durante o século XVIII desenvolveu-se em Pindamonhangaba uma atividade agropastoril, com predominância da cultura de cana de açúcar e a produção de açúcar e aguardente, em engenhos. Durante o período do café no Brasil, a cidade viveu sua fase de maior brilho e se destacou no cenário Nacional. O ciclo do café floresceu no Município a partir de 1820, e Pindamonhangaba se tornou um grande centro cafeeiro, apoiado em suas terras férteis e na mão de obra escrava.
Nessa época foram construídos o Palacete 10 de Julho, o Palacete Visconde da Palmeira, o Palacete Tiradentes, a Igreja São José e a Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso, que ainda hoje são marcos da riqueza produzida pelo café. Pindamonhangaba foi elevada a cidade por lei provincial de 3 de abril de 1849 e ganhou do cronista e poeta Emílio Zaluar o título de "Princesa do Norte". O ciclo do café extinguiu-se no final da década de 1920, não tendo resistido aos golpes produzidos pela exaustão das terras, a libertação dos escravos e a crise econômica mundial. A partir daí, a economia de Pindamonhangaba passou a se apoiar na constituição de uma importante bacia leiteira, em extensas culturas de arroz e na produção de hortigranjeiros. Foi uma época de pequeno crescimento econômico, que se estendeu até o final da década de 1950, quando o Município entrou no ciclo pré-industrial. O período de 1970 a 1985 foi, para Pindamonhangaba, uma fase de crescimento industrial extremamente acelerado, que mudou, profundamente, a face do Município.
Devido às dúvidas quanto à data de fundação, o Aniversário de Pindamonhangaba é comemorado em 10 de Julho, data de sua emancipação política.

Moreira César
É este um dos mais importantes bairros de Pindamonhangaba, de cuja sede dista treze quilômetros, contíguo ao bairro de Coruputuba onde se localiza a fazenda de igual nome da Cia. Agrícola Cícero Prado. De certa forma, o intenso progresso desse bairro vem exatamente do surgimento daquela companhia.
Inicialmente, ali estabeleceu-se Antônio Claro César, fazendeiro enérgico e muito temido pelos escravos, entre os lugares denominados Barranco Alto e Nhambuí, nomes hoje desusados.
Acredita-se que passasse por ali um caminho para Ubatuba, para onde era escoada a produção de café das fazendas situadas naquela faixa, desde a Mantiqueira até a Quebra-Cangalha, donde também a razão de ser do nome desta serra.
Em 18 de janeiro de 1877 foi inaugurada a Estrada de Ferro São Paulo- Rio de Janeiro, construída pela companhia presidida pelo Barão Homem de Melo, em Pindamonhangaba, e, a 7 de junho, era inaugurado o ponto terminal da estrada em Cachoeira, que mais tarde seria encampada pelo governo federal, passando a denominar-se Estrada de Ferro Central do Brasil. Aí por volta de 1880, foi instalado um posto telegráfico naquele bairro e, desde então, os fazendeiros das redondezas se interessaram pela instalação de uma estação ferroviária. Nisso se empenharam o Capitão Alexandre Mendes, Antônio Ferreira César e Bernardino de Sena Leite, os quais doaram as terras necessárias àquele fim.
Finalmente, em 7 de janeiro de 1898, surgiu a Estação de Moreira César, em homenagem ao pindamonhangabense Coronel Antônio Moreira César, que morreu na Campanha de Canudos, na Bahia, no comando de tropas do governo.
O bairro foi classificado como distrito policial em 1907, com a construção de uma cadeia e a nomeação dos seguintes subdelegados: Capitão Alexandre Mendes, Antônio Alves Moutinho, Ildefonso de França Machado e Olímpio Marcondes de Azevedo.
Na primeira legislatura após a redemocratização do país em 1946, conseguiu eleger um representante de fato desse bairro, o Vereador José Francisco Machado, que, no entanto, faleceu durante seu mandato. Na segunda legislatura, em 1954, outro vereador foi eleito - Ângelo Paz da Silva - que pleiteou pela primeira vez a elevação do bairro de Moreira César à categoria de distrito de paz, o que só veio a ocorrer a 31 de dezembro de 1958, pela Lei Estadual n.º. 5.121. O Distrito de Paz de Moreira César foi instalado a 31 de dezembro de 1962, em solenidade realizada no pátio da Escola Estadual Deputado Claro César, com a presença do então juiz de direito da Comarca de Pindamonhangaba, Paulo de Campos Azevedo. O primeiro sub-prefeito do distrito foi o contador Alfredo Augusto Mesquita.

Economia
Em fins do século XVII, Pindamonhangaba vivia apenas da agricultura de subsistência.
No início do século XVIII, alguns pindenses saem para a Serra da Mantiqueira e para Minas Gerais para desbravar novas terras e acabam beneficiando a Vila e o Vale do Paraíba com o ouro ali encontrado.
Em torno de 1778 o ouro começa a escassear e estanca a economia de Pindamonhangaba e do Vale do Paraíba.
Pôr volta de 1789, para suprir as necessidades trazidas pela falta de ouro, o Vale acha na agricultura do café uma saída para a economia.
Entre 1840 e 1860 Pindamonhangaba atinge o auge da nobreza, tornando-se a maior produtora de café da região.
Nesta época construiu suas mansões e casarões e ganhou o título de "Princesa do Norte", título dado pelo cronista e poeta Emílio Zaluar em 1860.
A nobreza rural esteve bem representada em Pindamonhangaba:
Barão Homem de Mello - Francisco Ignácio Homem de Mello Barão de Itapeva - Ignácio Bicudo de Siqueira Salgado Barão, depois Visconde da Palmeira - Antonio S. Silva Barão, depois Visconde de Parahybuna - Custódio Gomes Varella Lessa Primeiro Barão de Pindaba. - Manuel Marcondes O. Mello Segundo Barão, depois Visconde de Pindaba. - Francisco Marcondes Homem de Mello Barão de Romeiro - Manuel Ignácio Marcondes Romeiro Barão de Taubaté - Antonio Vieira de Oliveira Neves Barão de Lessa - Eloy Bicudo Varella Lessa
Em meados de 1870, com o esgotamento das terras, o movimento abolicionista e a produção cada vez maior do Oeste paulista, acontece a decadência da cultura cafeeira de Pindamonhangaba.
Por volta de 1920, Pindamonhangaba passa por mais um de seus graves períodos de estagnação econômica. Então, algumas famílias vindas principalmente de Minas Gerais aqui se instalam e começam a criação de gado leiteiro, que se tornou a principal economia da cidade.
Por volta de 1950, o beneficiamento de produtos agropecuários, principalmente o arroz e o leite, movimentava a economia local.
Em 1970, Pindamonhangaba viveu sua "explosão" industrial, com a implantação de grandes indústrias, acelerando o crescimento do comércio e da população.
Hoje Pindamonhangaba encontra-se em fase de retomada do progresso, com a instalação de novas indústrias.


Para finalizar este tópico, convém registrar que Pindamonhangaba foi também o berço natalício de João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, um dos maiores atletas olímpicos brasileiros, que nasceu ali em 28 de maio de 1954 e faleceu em São Paulo em 29 de maio de 1999. Pindamonhangaba o homenageia através de um monumento, junto à rodovia e um Centro Esportivo que leva seu nome.
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Fontes: Wikipédia / Fotos: Internet

 
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