domingo, 25 de outubro de 2009

Aos “Meus Favoritos”

Coalvorecer”, “ato primeiro”, faço “projetos e idéias” de como poderia retribuir o carinho, a presença e o incentivo dos amigos.


Como uma “nova águia” renascida das escarpas, sobrevôo o dia cibernético que se desnuda.


Levo debaixo das “asas (de um louco?)” o "meu diário de bordo” para nele registrar “pedaços de mim”. Talvez um dia esses “fragmentos” possam me ajudar a desvendar “o x da questão” sobre os “laços do meu infinito”.


Ainda recoberto de “poeira estelar”, cheio de “feitiço” e magia, vejo do alto, refletida no mar de “águas cristalinas”, “uns olhos” onipresentes a me observar.


Henke” pese meu recente despertar, tento ficar alerta no meu “posto de sentinela” espacial para não perder nenhum “retalho”. Assumi o compromisso de registrá-los, e se não o faço periodicamente, haverão de dizer que tomei “chá de sumiço”...


Vago sobre o velho continente. Reconheço a velha catedral e recebo o olhar enigmático “da Mona Lisa” como a perguntar por onde andei. Ouço um fado, “música sob medida”, vinda da “Travessa do Ferreira” que realimenta e aviva a minha “alma lusa”. E penso: “virinha” a calhar um bom tinto do Porto!


Só então me recolho ao meu canto, repleto de “encantos e desencantos”, meu “refúgio”, e rabisco, numa “linguagem e afins” as minhas modestas e despretensiosas “letras da torre”.
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domingo, 18 de outubro de 2009

O que é indisciplina?

Hoje é um dia especial, diferente.

Temos uma hora a menos do dia no Brasil.

Temos a volta da amiga Krika ao Blog, ela que por motivos de atribulações em seu trabalho, esteve por algumas postagens ausente. Bom retorno, amiga. O texto abaixo foi enviado à Torre na véspera do dia dedicado em homenagem aos professores. Vai aqui, então, com um pouco de atraso. Ele também está publicado em seu Blog "Linguagem e Afins".
E por último, a Torre homenageia a querida Marta, presença frequente por aqui e que no sábado, 17, colou mais uma estrelinha em sua vida luminosa.

Muitas felicidades, querida.

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O HÁBITO SAUDÁVEL DA LEITURA E DA REFLEXÃO


Amanhã é o dia do professor. Além dos vitoriosos parabéns, deixo aqui minha opinião em relação à reportagem da Revista Nova Escola deste mês: “ O que é indisciplina?”

A matéria em questão, autoria de Beatriz Vichessi, é bem pertinente. Aproveitando o “gancho”, penso em algumas questões, do outro lado, ou até refazendo perguntas em cima das que ela citou.

Sem dúvida a adequação das estratégias de ensino e falta de conhecimento sobre o tema é grave. Creio que isso já está sendo debatido, pois a formação pedagógica de estudantes que escolhem esta área, dos últimos tempos, é bem duvidosa. Haja vista o número crescente de cursos à distância, inclusive na internet, que surgiram. Hoje é comum dizer que tal curso tem aulas “presenciais”. Não vou enveredar neste item, pois o assunto é indisciplina.

Realmente a garotada entra na classe e coloca até o ventilador do teto em rotação contrária. Trabalho em escola pública e creio que a questão primordial é a de resgatar valores, e inclusive, preservar o patrimônio público. Porém, convenhamos e eis minha primeira pergunta: Qual aluno deseja que o seu professor fale de regras? Promover uns “combinados” com eles? Dar liberdade para que elaborem uma lista de atividades de literatura?

Solicitar que, em grupo façam uma produção de texto sobre um tema? Promover debates sobre um filme interessante, que eles assistiram na famosa sala de vídeo? Imagina, eles só desejam fazer bagunça e destruir o DVD!

Aqui em Minas Gerais, temos os dias escolares marcados em calendário escolar, para que os pais e alunos se reúnam com os professores e funcionários da escola, justamente para elaborarem democraticamente estas, entre outros assuntos importantes da vida escolar. Se há democracia e se há consenso de idéias por parte da direção da escola? Eu vejo que sim. Faço questão de observar as reações dos pais, nestas oportunidades. A velha balança pende pro lado que você representa, ou seja: o professor diz que a formação de valores é feita em casa e os pais dizem que a escola é responsável pela educação. Notaram a diferença? Formação de valores e educação escolar não tem aspectos diferentes? No meu vocabulário tem.

Formação de valores se traz da família e educação escolar busca-se na entidade escolar, através do ensino e aprendizagem. Esta é responsabilidade do professor: ensinar e proporcionar uma bagagem cultural adequada. Claro! Precisam andar juntas! È fato! Professores e pais são responsáveis, pela educação dos jovens.

Se você solicita gentilmente disciplina em suas aulas e seus alunos não correspondem, após as inovações de estratégia adequadas de motivação, com textos de assuntos do universo deles, (inclusive) o que fazer?

Tenho a oportunidade de fazer um trabalho diversificado, pois estou colaborando na escola, com a turma de Tempo Integral. São alunos privilegiados, que diariamente preciso resgatar tudo do dia anterior. Eles são defasados e apresentam dificuldades na sala regular. Inclusive, é proibido repetir as aulas do professor. Então, através das atividades artísticas tenho levado a linguagem para “pintar o sete”. Pensam que é fácil distribuir pincéis e tintas para 20 alunos? Se você vira as costas para um, este já dá um jeito de quebrar o pincel ou derrubar a tinta no chão ou no colega próximo. Pelo que li, meu procedimento é o de não dar bronca, não falar alto, não desrespeitar o aluno. Pergunto: quando o aluno deve respeitar- me? Quando ele vai entender que o projeto existe para o bem dele? E que aquele material que o governo “deu” é para usufruirmos de forma positiva? Alguns dizem: “não vou fazer esta atividade, a não ser que eu possa levar para casa.” O que eu digo? Sorrio e digo, olha meu bem... Faça se você quiser...

Não está faltando aí o valor familiar? A intervenção dos pais? Porque somente eu devo respeitá-los? Não é uma via de mão dupla? Já faz tempo que a escola precisa dos pais e que os pais precisam dos professores. Isto não é novidade. Também não é novidade que o respeito mútuo é primordial.

Quanto à falta de autoridade do professor na classe: se ele diz que vai mandar o aluno pra diretoria, está equivocado. Porém, se ele toma uma decisão com seu aluno, dentro dos padrões de consenso, esta decisão deve acatada e respeitada por todos. Ocorre, às vezes, que diante dos pais,a direção pende pro lado dos pais e o professor fica sem autoridade, embaraçado e ofendido.

Também, não vejo erro, quando, se tiver oportunidade, chamar alguém da diretoria ou secretaria, ou supervisão para fazer uma visitinha em sua aula, naquele momento de indisciplina. Que tal o recurso da frase estimuladora: “Olha, diretor, nosso trabalho de artes, não ficaria mais “fera” (palavra do vocabulário deles) se todos colaborassem? Poxa, poderíamos fazer muito mais, não acham?

Regras morais: Hoje se um colega vê uma intervenção destruidora de outro colega, e delata, está jurado até de morte na rua... As ofensas e promessas são feitas ali, na frente de qualquer pessoa. Estes jovens estudantes destemidos ainda dizem para você, que frequentam a escola por que eles têm direitos e os pais recebem bolsa escola. Acreditam? Pergunto: onde estão os deveres destes supostos necessitados de escola pública? Obviamente, para este fim, eles lêem e interpretam a lei direitinho, que obriga (com imposições equivocadas, que tal exigir aprendizagem razoável?) sua frequência diária.

Quanto a este trecho: “Falta sensibilidade moral aos professores que tiram sarro do aluno, uma situação, infelizmente, bem comum.” Sei que existem estas situações, porem vou refazer a afirmativa: Falta sensibilidade moral aos alunos que tiram sarro do professor, uma situação, infelizmente, bem comum.

Acredito no resgate dos valores e virtudes, afinal, fui educada a dar valor e agradecer, principalmente a Deus, pelas minhas conquistas, tanto que elaborei um pequeno projeto chamado “Pequenas Ternuras”. Confesso que às vezes tenho vontade de chorar, pelo fracasso, na prática. Também me questiono, reflito e ainda busco novos caminhos. Incentivar e respeitar a autonomia do aluno, sim, mas desde que eles também cumpram sua parte.

Nós todos temos direitos, mas não podemos jamais, esquecer nossos deveres.
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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Aparecida



História da Nossa Senhora Aparecida


(Em memória do meu pai, seu devoto).

Há duas fontes sobre o achado da imagem, que se encontram no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida (anterior a 1743) e no Arquivo Romano da Companhia de Jesus, em Roma. A história foi primeiramente registrada pelo Padre José Alves Vilela em 1743 e pelo Padre João de Morais e Aguiar em 1757, registro que se encontra no Primeiro Livro de Tombo da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá.

A Pescaria Milagrosa

A sua história tem o seu início em meados de 1717, quando chegou a Guaratinguetá a notícia de que o conde de Assumar, D. Pedro de Almeida e Portugal, governador da então Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, iria passar pela povoação a caminho de Vila Rica (atual cidade de Ouro Preto), em Minas Gerais.

Desejosos de obsequiá-lo com o melhor pescado que obtivessem, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves lançaram as suas redes no rio Paraíba do Sul. Depois de muitas tentativas infrutíferas, descendo o curso do rio chegaram a Porto Itaguaçu, a 12 de outubro. Já sem esperança, João Alves lançou a sua rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Em nova tentativa apanhou a cabeça da imagem. Envolveram o achado em um lenço. Daí em diante, os peixes chegaram em abundância para os três humildes pescadores.

Início da Devoção

Durante quinze anos a imagem permaneceu na residência de Filipe Pedroso, onde as pessoas da vizinhança se reuniam para orar. A devoção foi crescendo entre o povo da região e muitas graças foram alcançadas por aqueles que oravam diante da imagem. A fama dos poderes extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil. Diversas vezes as pessoas que à noite faziam diante dela as suas orações, viam luzes de repente apagadas e depois de um pouco reacendidas sem nenhuma intervenção humana. Logo, já não eram somente os pescadores os que vinham rezar diante da imagem, mas também muitas outras pessoas das vizinhanças. A família construiu um oratório no Porto de Itaguaçu, que logo se mostrou pequeno.

Basílica de Nossa Senhora Aparecida

A Basílica de Nossa Senhora Aparecida, também conhecido como Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, fica localizada na cidade de Aparecida, no interior do Estado de São Paulo, Brasil. É o terceiro maior templo católico do mundo. Foi inaugurada em 4 de julho de 1980 quando João Paulo II visitou o Brasil pela primeira vez. Em outra de suas visitas, passando por Aparecida, abençoou o Santuário e, em 1984, a CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, elevou a Nova Basílica a Santuário Nacional. Localiza-se no centro da cidade, tendo como acesso a “Passarela da Fé”, que liga a basílica atual com a antiga, ambas visitadas por romeiros.
Nossa Senhora


A imagem retirada das águas do rio Paraíba em 1717, é de terracota e mede quarenta centímetros de altura. Em estilo seiscentista, como atestado por diversos especialistas que a analisaram (Dr. Pedro de Oliveira Ribeiro Neto, os monges beneditinos do Mosteiro de São Salvador, na Bahia, Dom Clemente da Silva-Nigra e Dom Paulo Lachenmayer), acredita-se que originalmente apresentaria uma policromia, como era costume à época, embora não haja documentação que o comprove. A argila utilizada para a confecção da imagem é oriunda da região de Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. Quando foi recolhida pelos pescadores, o corpo estava separado da cabeça e, muito provavelmente, sem a policromia original, devido ao período em que esteve submersa nas águas do rio.

A cor de canela com que se apresenta hoje deve-se à exposição secular à fuligem produzida pelas chamas das velas, lamparinas e candeeiros, acesas pelos seus devotos.
Em 1978, após sofrer um atentado que a reduziu a quase duzentos fragmentos, foi encaminhada ao Prof. Pietro Maria Bardi (à época diretor do Museu de Arte de São Paulo (MASP), que a examinou, juntamente com o dr. João Marinho, colecionador de imagens sacras brasileiras. Foi então totalmente restaurada, no MASP, pelas mãos da artista plástica Maria Helena Chartuni.
Embora não seja possível determinar o autor ou a data da confecção da imagem, através de estudos comparativos concluiu-se que ela pode ser atribuída a um discípulo do monge beneditino frei Agostinho da Piedade, ou, segundo Silva-Nigra e Lachenmayer, a um do seu irmão de Ordem, frei Agostinho de Jesus. Apontam para esses mestres as seguintes características:
- forma sorridente dos lábios;
- queixo encastoado, tendo, ao centro, uma covinha;
- penteado e flores nos cabelos em relevo;
- broche de três pérolas na testa; e
- porte corporal empinado para trás.
Aparecida

Aparecida é um município brasileiro do estado de São Paulo, na microrregião de Guaratinguetá. Sua população estimada em 2004 era de 35.754 habitantes. Possui uma área de 120,9 km² e uma densidade demográfica de 294,92 hab/km².


História

Seu território era pertencente a Guaratinguetá, até que no dia 17 de dezembro de 1928, dado o significado popular da figura da Nossa Senhora da Conceição Aparecida (Padroeira do Brasil), foi fundado o município de Aparecida. Ela foi feita em homenagem a imagem de Aparecida que foi descoberta pelos pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves.
Fonte: Textos e imagens:

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domingo, 4 de outubro de 2009

No Espigão das Marrécas

A verde côma das arvores, mergulhada na tinta preta da noite, particularmente sob aquelle altaneiro tronco de peróba, onde acampáramos, ainda que o albor da aurora não tardasse muito, lembrava a monstruosa copa de gigantesco guarda-sol armado sobre nós. Havia, porém, um rasgo no panno e, pela fresta, a rutilar tremeluzindo, um brilhante solitario apparecia – a estrella-d`alva.


Ainda na rede, mas já acordado, como de costume, áquella hora matinal, eu tirava uma linha do acampamento, por sob a ponta do cobertor erguido um poucochicho.

De um lado, o foguinho – espantalho das onças – conservado acceso noite inteira, crepitava manhoso, agonisante, morre-não-morre, vae-não-vae!

- Tio Noé, bate os tições.

Um clarão opalino, qual o da refração nas forjas, espantou, de subito, o negror das trevas. A claridade, á medida que o lume se animava, ia suplantando, aos poucos, a escuridão em torno.

Parecendo ter sido anesthesiado pela treva, a virgem – Natureza, depois de prolongado lethargo em seu thálamo de verdura, dava os primeiros signaes de volver á vida novamente.

Com os afagos da brisa e os beijos da aurora, seus seios tumidos arfavam de prazer. E Ella, movendo-se, acordava. A escuridão e o somno, symbolos da morte, fugiam espavoridos ao approximar-se o anjo da ressurreição, o mensageiro da vida, encadernado na bemfazeja e doce, na risonha, alegre e esperançosa luz da madrugada.

De formas macabras, esquisitas, qual bando de phantasmas noctivagos, tórtos e direitos, nús e pelludos de musgo, fininhos e grossões, curtos e compridos, altos e baixos, - assim se destacavam das trevas fugidias, surgindo de perfil, de frente e por de trás, os troncos das arvores abatidos pelo clarão do fogo, então reanimado e vivo.

Pouco depois, as três notas agudas, sonoras e compassadas do piar do macuco annunciavam o amanhecer de mais um dia de vida, nesta vida de lutar perenne!... vida amarga de soffrer infindo.!

Notei para logo que uma sombra de desanimo, possivel abatimento, ou um quê de tristeza, anuviava o semblante dos companheiros, de ordinario tão expressivos e joviaes entre si, no viver familiar de cada dia.

Que seria ?! – interroguei-me.

Só a duvida, conclui, a incerteza de alcançar o ponto almejado, tão pertinazmente procurado havia dois longos meses de tremendo labutar por aquelle interminavel espigão, todo cheio de crócas e zigue-sagues sem fim, sobrepondo-lhe, como agravante, a falta de bóia, - seriam capazes de produzir abatimento de animo em homens daquella tempera – o aço batido verga, mas não quebra, - affeitos aos tão rudes quão penosos trabalhos de exploração nas matas.

Pallidos, rostos macilentos, orbitas encovadas devido a série de privações soffridas, cabelleira hirsuta e revolta, cobertos de andrajos, ali estavam elles, emquanto a panella fervia, num circulo, junto ao fogo. Um de pé, outros de cócoras, mas todos em completo silencio, - bussola que norteia os movimentos da alma no encapellado mar da vida – esperavam, pacientemente, sem proferir um queixume, uma palavra, sequer, de revolta, que o dia clareasse de todo, para reencetar a lide quotidiana.

Eram, na verdade, um pugilo de intrepidos heróes dos sertões; porque, se os ha no campo de batalha, empunhando a espada sob o fogo da metralha e o ribombar dos canhões, na defeza dos altos ideaes da Patria e da Humanidade, tambem os ha, posto que obscuros e humildes, por esses sertões adentro, na ingloria conquista do sólo patrio para os grandes da terra. Mas como é essa a ordem commum das coisas da vida, neste ingrato mundo dos mortaes, é contentar-se a gente com o rigor da sorte.
Demais, sendo facto inegavel que todo individuo vem á arena da vida para um fim certo e determinado pelo Creador Supremo, devem, portanto, se considerar mui felizes aquelles que, no desempenho de sua missão terrena, não só colhem alguns frutos dos seus esforços e se nobilitam, mas tambem são uteis á Patria e aos seus concidãos.

Taes foram as reflexões que me vieram ao espirito, identificando-me com o pessoal que compunha minha turma, naquella manhã.

Calado, recebe cada um o seu bocado, pondo-se a devorar, ávidamente, com fome já de dois dias, uma pouca de sôpa de coqueiro – oh! arvore bemdita!... – pintalgada por uns grãozinhos de feijão que sobrenadavam, esparços, aqui e acolá, no meio do caldo, como naufragos perdidos num pélago revolto.

- De tudo que num posso me ageitá é um isto, gente! Só arranjãno úa rede de tarráfa pra pescá estes feijão – disse, em tom de gracejo, um rapazóla.

- E é tomá o gôsto pra certa, proque é o derradêro cozinhadinho que tava no canto do sacco – observou-lhe o cozinheiro.

- É mêmo pras divéra, Chefe? Num me conte o resto!

E acrescentou:
- Logo aqui, neste arto de serra, onde nem macaco se tópa! Desta feita, levo quem trôxe: tãmo no mato sem cachorro!...


- Sem cachorro e sem gato! – emendou o outro dando uma risadinha de troça.

E continuaram a commentar nesse diapasão, a seu modo, o tragicomico da angustiosa situação que, de resto, no momento, não era mesmo lá das muito agradaveis.

Eram chegados os dias das “vaccas magras”!...Tinhamos pela frente este ultimo dilemma: - vencer, não obstante todos os obices, ou morrer.
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Trechos do Livro "Na Trilha do Grillo (... Através das Selvas), de Horácio Nogueira publicado em 1927 pelos Irmãos Ferraz - Editores, e que estou redigitando pacientemente nas horas vagas, cuidando para manter a ortografia original, tarefa nada fácil, visto o meu costume de grafar as palavras automaticamente segundo a ortografia atual.


Alguém poderia perguntar: e porque não o escaneia? Seria tão fácil!... Tentei. Mas como se trata de uma obra rara, antiga e de alto valor sentimental para a pessoa que a emprestou, temi danificá-la no processo.


Horácio Nogueira, pelo pouco que sei, foi um sertanista, desbravador dos sertões brasileiros, além de missionário cristão.


Sabemos da existência de um outro livro dele, cujo título é "O ÍNDIO PENHÁI". Envidamos os maiores esforços para encontrá-lo, infelizmente sem sucesso. Um sinal nos veio de Montevidéu, no Uruguai através de uma Editora de lá. No entanto temos razões para acreditar não ter a autenticidade necessária que buscamos, quanto aos termos e palavras usadas na época.


Apelamos a quem visita a Torre e que, por ventura saiba de alguém que o tenha, que entre em contato conosco. Asseguro que o livro será tão bem cuidado como cuido do "Na Trilha do Grillo" caso alguém se dispuser a emprestar-nos para a sua transcrição. Maiores informações sobre o autor também serão benvindas.


O objetivo é o de resgatar essa obra, antes que definitivamente se perca. E num segundo passo, quem sabe, disponibilizá-la em alguma biblioteca pública e gratuita como o Site "Domínio Público" que pode ser acessado através da coluna ao lado.
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