segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

1979 - A Revolta dos Motoqueiros



1979 prenunciava-se como um ano de muitas transformações e desafios para ele.

Depois de três anos de faculdade noturna, num vai e vem de duzentos quilômetros por noite e uma jornada estafante e pesada durante o dia na linha de produção de uma fábrica de compensados, cansou.

No final de 1978 tomou coragem e decidiu mudar. Demitiu-se da empresa e foi tentar a sorte em Porto Alegre. Procurou emprego por lá e o principal: a transferência da faculdade de administração que freqüentava em Passo Fundo, na UPF.

Conseguiu vaga na São Judas, mas perderia muitos créditos e disciplinas que já havia cumprido, por incompatibilidade de currículo. Mesmo assim reservou a vaga.

Na Galeria Malcon arrumou emprego numa financeira, muito mais pela lábia e alguns exageros autovalorativos do que por experiência ou competência comprovada, já que nada entendia de mercado financeiro e nem sabia escrever à máquina.

De evolução tecnológica a maior que tivera fora passar do cabo da enxada lá na roça para o martelo, o serrote e a plaina na fábrica. E algumas incursões pelos laminados.

Depois de assegurar um lugar para morar, com uns antigos colegas de Científico que agora estudavam na capital, rumou para a estação rodoviária e embarcou de volta para casa.

Quando chegou em casa encontrou seu tio, João, de visita que lhe ofereceu emprego numa cooperativa em Passo Fundo, da qual era Vice-Presidente.

Os planos mudaram. Seria melhor trabalhar em Passo Fundo onde poderia continuar com a faculdade sem maiores traumas ou interrupções.

O salário não era dos melhores, insuficiente até para pagar a faculdade, mas havia a promessa de aumento breve e de uma suplementação substancial através do INCRA num programa de apoio à profissionalização da gestão das cooperativas.

Não vieram nem o aumento, nem a verba do INCRA, o que o obrigou a fazer alguns bicos inimagináveis antes, para sobreviver. Aprendeu datilografia na marra e fazia polígrafos e apostilas num mimeógrafo a álcool para os colégios, e, através de um colega de trabalho, motoqueiro, tornou-se o fotógrafo da turma que se arriscava nas pistas de moto cross ou no circuito asfaltado de moto velocidade no Parque da Roselândia.

Foi nesse cenário e circunstâncias que ele conheceu Clodoaldo Teixeira.

No Brasil acentuava-se o descontentamento de cada vez mais amplas camadas da população com a truculência e desmandos de uma ditadura militar que agonizava, impotente diante da crise mundial que se iniciara em 1974.

Em São Paulo, no ABC, região de grande concentração operária, as greves dos metalúrgicos colocavam em cheque a autoridade governamental e o modelo econômico vigente.

Nas Universidades havia um sentimento incipiente pela volta da democracia. Digladiavam-se pela conquista de espaço nos Diretórios Acadêmicos conceitos de esquerda/direita. Novo Rumo, Liberdade e Luta (cujos militantes se orgulhavam de dizer: “Sou da Libelu”...) disputavam os minguados recursos dos acadêmicos vendendo seus jornais alternativos e clandestinos... Convergência Socialista, Hora do Povo...

Havia, também, o ressurgimento da luta pela reforma agrária, impulsionada pelo movimento dos atingidos por barragem na Encruzilhada Natalino, próxima a Passo Fundo.

Na cidade, os motoqueiros e cabeludos eram perseguidos pelos policiais e considerados marginais agitadores e subversivos.

Clodoaldo era um menino de 17 anos e, por trabalhar na oficina de uma revenda de motos, tornou-se o mecânico da turma de motoqueiros. Um quebra-galhos para tudo.
Num final de tarde, quando voltava para casa, pilotando sua moto, fugiu de uma barreira policial que o ordenara a parar. Fugiu por ser menor de idade e não ter carteira de habilitação.

Foi perseguido por três policiais numa viatura da Brigada Militar pela Avenida Brasil, e, em frente à sua casa próximo ao Hospital da Cidade, foi assassinado com um tiro nas costas.

Vizinhos que assistiram a cena impediram os policiais de se aproximarem do corpo estendido e colocaram-nos em fuga sob ameaças de linchamento.

Começava assim aquela que foi, talvez, a última revolta popular urbana do sul do país na época dos governos militares.

Amigos e conhecidos do rapaz, principalmente motociclistas, movimentaram-se durante toda à noite e boa parte da madrugada no centro da cidade. A associação de motociclistas da cidade - chamada Passo Fundo Moto Clube - levou seus integrantes às ruas e confeccionou cartazes com palavras de revolta e ofensa contra a Brigada Militar. Os manifestantes reuniram-se em frente à Delegacia de Polícia que conduziria a investigação e em frente ao quartel da Brigada Militar no bairro São Cristóvão. No quartel, o confronto com os brigadianos chegou a tal ponto que os policiais militares foram obrigados a criar barreiras armadas em frente ao prédio.

Ele tomou conhecimento do fato, consternado, já no dia seguinte, no escritório da Cooperativa, quando recolheu do chão o jornal O Nacional que estampava na capa a foto de uma camiseta furada e manchada de sangue e a manchete: TIRO NAS COSTAS.

De tradicional família de jornalistas, o Jornal O Nacional, como todos os meios de comunicação da época sofria a censura das autoridades, mas nesses dias, um jornalista, membro da família que comandava o jornal estava em Passo Fundo: Tarso de Castro.

Tarso era na época um dos expoentes da imprensa nacional e também um dos jornalistas mais visados pelo regime militar, em função de ser um dos fundadores do jornal O Pasquim, do Rio de Janeiro, que ao longo da ditadura se notabilizou por enfrentar a mesma e criticá-la com destemor.

O clima na cidade era de revolta e expectativa agravada pelas declarações do comandante da Brigada Militar que minimizava o ocorrido e claramente protegia os soldados.

Em 6 de fevereiro, um cortejo com cerca de dez mil pessoas, acompanhado pelos pedestres que se aglomeravam à beira das calçadas, levou o corpo de Clodoaldo Teixeira ao cemitério da vila Petrópolis. A avenida Brasil, que atravessa a cidade, ficou tomada por pessoas, carros e motocicletas.

À tarde, sem expediente na Cooperativa, ele tomou o ônibus no bairro Boqueirão e foi até ao centro da cidade. Havia policiais pelas esquinas. No outro ônibus que levava ao bairro Planaltina, onde ele cuidava da casa de um primo que estava em lua de mel, as pessoas comentavam entre assustadas e temerosas... “ Hoje a coisa vai se dar”...

O quartel da brigada, na avenida Presidente Vargas estava fortemente guardado por policiais armados.

Decidiu ir até a casa do primo, buscar a máquina fotográfica e voltar para o centro.

Ao retornarem ao centro da cidade, pretendendo fazer manifestação semelhante a da noite anterior, os integrantes do cortejo encontraram as ruas de acesso à Praça Marechal Floriano fechadas por homens e viaturas da Brigada Militar.

Foi assim que ele também encontrou a escadaria que subia da Sete de Setembro, na antiga gare da estação ferroviária, para as proximidades da praça, Dois soldados armados guardavam o alto da escada, impedindo a passagem de quem vinha da vila Luiza a arredores.

Por alguns momentos ele ficou ali parado, ao pé da escada pensando no que fazer. Foi quando algo ocorreu, pois os brigadianos saíram correndo em direção à praça, liberando a escada, que foi tomada pela população. Ele também subiu e correu pela rua acima.

Do alto dos prédios, pessoas nas janelas e sacadas olhavam em direção à praça. Num dos prédios havia uma bandeira do Brasil hasteada. Ele afastou-se para o canteiro central para obter melhor ângulo para fotografar, quando um grupo de pessoas o atropelou jogando-o no chão. O compartimento das pilhas do flash da máquina abriu-se e as pilhas rolaram pelo asfalto. Ele conseguiu recolhê-las e recolocá-las no lugar.
Na praça a algazarra era grande e ele seguiu para lá, enfrentando a multidão que vinha em direção oposta.

A praça estava tomada por populares que enfrentavam os policiais com pedaços de paus, pedras e galhos de árvores.

Ao encontrarem as ruas fechadas quando voltavam do enterro, um grupo de motoqueiros, tendo à frente um rapaz com um triciclo rompeu a barreira policial que se postava na esquina da rua Morom e invadiu a praça, forçando os policiais das outras barreiras a virem em socorro dos policiais que ali se encontravam. Deve ter sido por isso que os dois que guardavam a escadaria saíram correndo minutos antes.

O Jornal O Nacional do dia seguinte narrava: “Mais de cem motociclistas seguem do cemitério rumo à praça em frente à Catedral. Dezenas de pedestres participam do cortejo lento, em pleno meio-dia. Alguns empunham cartazes pedindo a prisão dos executores. Ao pararem na praça, notam centenas de policiais militares e soldados do Exército na rua lateral. Surgem viaturas, um grupamento a cavalo e homens a pé e com cassetetes da Tropa de Choque, da Brigada, que interrompem as ruas que dão acesso à praça. Um jovem ergue os braços. Pede calma. Um tenente, por um megafone, ordena aos `subversivos` que se dispersem. Pedestres e motoqueiros gritam contra a Brigada, enquanto pegam pedras do chão ou arrancam galhos de árvores da praça. Alguns motociclistas tentam fugir pelas ruas laterais, mas as viaturas interrompem as saídas. Os comerciantes fecham as portas de suas lojas. Os policiais a pé e os cavalarianos se aproximam. Uma voz, em meio à multidão, grita: Deixem-nos em paz!"

Era esse o grito preso na garganta dos 10 mil passo-fundenses que inundaram o centro de Passo Fundo em 6 de fevereiro de 1979 e que, muito mais do que revolta, tinham nas veias uma infinita sede de justiça, que transforma o povo quando há união e faz de um triste lamento um verdadeiro grito de guerra, guerra contra a conformidade, contra o acobertamento, contra a impunidade. Em tempos de ditadura, surpreende uma cidade inteira ter se levantado contra o punho de ferro dos militares e que tenha escrito em letras garrafais: "Brigada não protege, mata!", "Marginais a serviço da sociedade", "Assassinos!".

Os policiais, acuados buscaram refúgio no quartel do CPA3, que ficava na Avenida Brasil, a poucas quadras da praça, deixando uma viatura abandonada que foi logo depredada e incendiada.

Liderados pelos motoqueiros a população seguiu em perseguição aos policiais até em frente ao CPA3, onde uma barreira de soldados guardava a porta térrea enquanto outro grupo se postava na sacada do segundo andar. Ele seguia fotografando em meio à correria.

No meio da multidão reunida no canteiro central da Avenida Brasil ele notou algumas pessoas de camisa branca e cabelo curto, que destoavam dos demais manifestantes por estarem espalhados entre a multidão, mas que eram os mais raivosos incentivadores à uma invasão do quartel, onde, segundo se espalhou, estavam os três policiais que haviam assassinado Clodoaldo.

Ele não os conhecia das manifestações estudantis.

Algumas pessoas no meio do povo, portavam armas.

O ronco das motos aumentou e a população avançou para a porta do quartel. Os policiais que estavam na frente se refugiaram no interior. Ele viu os galhos das árvores balançarem e ouviu um barulho como se fora o bater de asas de pombas, e logo galhos e folhas caindo, antes de ouvir os estampidos. Os soldados que estavam na sacada disparavam com seus fuzis em direção à multidão. Atrás dele tombava morto Adão Faustino, um operário de 19 anos que nem participava da manifestação, e ferido gravemente Joceli Joaquim Macedo de 17, que viria falecer logo em seguida.

Isso mais enfureceu a multidão que decidiu tomar de vez o quartel, não medindo as conseqüências.

Eis então que surge, dobrando das esquinas das ruas Teixeira Soares e da Sete de Setembro, os tanques do Exército que se postam entre a população e o quartel, com suas metralhadoras e canhões apontados para a praça lotada.

O Major, comandante daquela unidade do Exército, desembarca e com um megafone começa a falar com a multidão. Com voz calma, mas firme, avisa que a partir daquele momento, o CPA3, quartel da Brigada Militar, estava sob o comando do Exército Brasileiro, e que os responsáveis pelo assassinato de Clodoaldo seriam exemplarmente punidos. Que estava vindo de Porto Alegre uma comissão de Deputados para apurar o ocorrido e que o comandante da Brigada Militar na cidade seria substituído.

Estoicamente começa a entoar o Hino Nacional Brasileiro que foi, aos poucos, sendo acompanhado pela população. Mas por garantia, os tanques permaneciam apontando suas metralhadoras.

O enfrentamento havia terminado. Aos poucos a população foi voltando para suas casas. O filme na máquina fotográfica já girava no vazio.

Quando ele voltava para casa, a pé, na praça um grupo de pessoas desenhava a cruz suástica no asfalto, onde há pouco ardera a viatura.

Quando ele mandou revelar as fotos, somente seis puderam ser aproveitadas, justamente as primeiras que ele havia tirado, no sábado anterior, numa festinha de motoqueiros, no apartamento de um deles, próximo ao colégio Fagundes dos Reis.
Com a queda, havia trincado a câmara, e só puderam ser reveladas as fotos que já haviam sido bobinadas para o outro cartucho.

Numa delas, Clodoaldo conversava com uma menina de vestido azul, no sofá da sala.

O tempo passou. Muito demorou para que a população voltasse a associar a Brigada Militar com o termo Segurança.

E ele também participou de outras manifestações, em condições diferentes que a de um mero fotógrafo amador frustrado.

Na noite da votação da Emenda Dante de Oliveira, que pretendia instituir eleições diretas para Presidente da República, novamente a Praça Marechal Floriano encheu-se de gente. Brigadianos assistiam, à distância.

Diante da frustração da derrota da Emenda, a população dispersou-se triste.

De volta para sua casa, agora no Boqueirão, ele seguia a pé, com a bandeira enrolada, quando passaram por ele um cabo e um soldado da Brigada Militar.

Um dizia para o outro: “Pois é, que pena... Se tivesse eleição, ninguém tirava do tio Brisa... “ referindo-se à Leonel de Moura Brisola, ex governador gaúcho.

O Brasil começava a mudar.
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sábado, 14 de fevereiro de 2009

Nova ortografia - Como será daqui pra frente?

O HÁBITO SAUDÁVEL DA LEITURA

Navegando pela net encontrei esta crônica pra lá de lúdica, além de ensinar a enfrentar com humor as mudanças ortográficas. E claro, provando mais uma vez que podemos aprender brincando...

Uma professora de português pediu à amiga escritora que criasse um conto ou crônica utilizando as novas regras ortográficas para trabalhar com seus alunos adolescentes.

A escritora, depois de muito relutar, acabou cedendo aos insistentes apelos da amiga.
No dia da apresentação da aula, os alunos estavam mais dispersos que o normal. A professora chegou a pensar em mudar o tópico mas as férias estavam chegando e a matéria andava atrasada.

A professora notou que aos poucos seus alunos participavam da aula, fazendo comentários ou complementando alguma parte do texto.

Durante as aulas que vieram depois, surgia um comentário ou outro que trazia a crônica novamente à baila, que era rapidamente integrada à matéria do dia. A turma evoluiu.

As provas mostraram que as novas regras ortográficas foram bem assimiladas pela turma, que obteve a melhor média de notas da escola.

Outra professora resolveu utilizar a crônica em outra escola. O resultado foi animador.
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A crônica
“Como será daqui pra frente?
De: Elida Kronig

“ Estive vendo as novas regras da ortografia.

Na verdade, já tinha esbarrado com elas trilhares de vezes, mas apenas hoje que as danadas receberam uma educada atenção de minha parte.

Devo confessar que não foi uma ação espontânea.

Que eu me lembre, desde o ano retrasado que uma amiga me enche o saco para escrever a respeito. O faço com a esperança de que diminua o volume de e-mails e torpedos que ela me envia. Em suma, que as novas regras ortográficas a mantenham sossegada por um bom tempo.

Cai o trema!
Aliás, não cai... Dá uma tombadinha.
Linguiça e pinguim ficam feios sem ele mas quantas pessoas conhecemos que utilizavam o trema a que eles tinham direito?
Essa espécie de "enfeiação" já vinha sendo adotada por 98% da população brasileira. Resumindo,continua tudo como está.

Alfabeto com 26 letras?
O K e o W são moleza para qualquer internauta, que convive diariamente com Kb e Web-qualquer coisa.
A terceira nova letra de nosso alfabeto tornou-se comum com os animes japoneses, que tem a maioria de seus personagens e termos começando com y. Esta regra tiramos de letra.

O hífen é outro que tomba mas não cai.
Aquele tracinho no meio das vogais, provocando um divórcio entre elas, vai embora. As vogais agora convivem harmoniosamente na mesma palavra. Auto-escola cansou da briga e passou a ser autoescola, auto-ajuda adotou autoajuda.

Agora, pasmem!
O que era impossível tornou-se realidade.

Contra-indicação, semi-árido e infra-estrutura viraram amantes, mais inseparáveis que nunca. Só assinam contraindicação, semiárido e infraestrutura.
Quem será o estraga-prazer a querer afastá-los?

Epa! E estraga-prazer, como fica?
Deixa eu fazer umas pesquisas básicas pela Internet.
Huuummm... Achei!
Essas duas palavrinhas vivem ocupadíssimas, cada uma com suas próprias obrigações.
Explicam que a sociedade entre elas não passa de uma simples parceria. Nem quiseram se prolongar no assunto. Para deixar isso bem claro, vão manter o traço.

Na contra-mão, chega um paraquedista trazendo um paralama, um parachoque e um parabrisa - todos sem tracinho. Joguei tudo no porta-malas pra vender no ferro-velho. O paraquedista com cara de pão de mel ficou nervoso. Só acalmou quando o banhei com água-de-colônia numa banheira de hidromassagem.

Então os nomes compostos não usam mais hífen? Não é bem assim. Os passarinhos continuam com seus nomes: bem-te-vi, beija-flor. As flores também permanecem como estão: mal-me-quer.

Por se achar a tal, a couve-flor recusou-se a retirar o tracinho e a delicada erva-doce nem está sabendo do que acontece no mundo do idioma português e vai continuar adotando o tracinho. As cores apelaram com um papo estranho sobre estarem sofrendo discriminações sexuais e conseguiram na justiça, o direito de gozar e com o tracinho.

Ficou tudo rosa-choque, vermelho-acobreado, lilás-médio...

As donas de casa quando souberam da vitória da comunidade GLS, criaram redes de novenas funcionando por 24hs, para que a feira não se unisse sem cerimônia aos dias da semana. Foram atendidas pelo próprio arcanjo Gabriel que fez uma aparição numa das reuniões, dando ordens ao estilo Tropa de Elite:
- Deixe o traço!
Deu certo. As irmãs segunda-feira, terça-feira e as demais, mantiveram o hífen.

Os médicos e militares fizeram um lobby, gastaram uma nota preta pra manter o tracinho.
Alegaram que sairia mais caro mudar os receituários e refazer as fardas: médico-cirurgião, tenente-coronel, capitão-do-mar.

Uma pequena pausa para a cultura, ocasionada pelo trauma de ler muitas pérolas do Enem e Vestibular. Só por precaução...

Almirante Barroso não tem tracinho. Assim era chamado Francisco Manuel Barroso da Silva. Sim, o cara era militar da Marinha Imperial. Foi ele quem conduziu a Armada Brasileira à vitória na Batalha do Riachuelo, durante a Guerra da Tríplice Aliança. No centro do Rio de Janeiro há uma avenida com seu nome (Av. Almirante Barroso). Na praia do Flamengo, há um monumento, obra do escultor Correia Lima, em cuja base se encontram os seus restos mortais. Fim da pausa!
Acho que algumas regras pra este tracinho, até que simpático, foram criadas por algum carioca apaixonado. Será que Thiago Velloso e André Delacerda tiveram alguma participação nas novas regras?

O R no início das palavras vira RR na boca do carioca.

Não pronunciamos R (como em papiro, aresta e arara), pronunciamos RR (como em ferro, arraso e arremate).

Falamos rroldana e não roldana, rrodopio e não rodopio, rrebola e não rebola.

Pois bem, numa das tombada do hífen, o R dobra e deixa algumas palavras com jeito carioca de ser: autorretrato, antirreligioso, suprarrenal. Será fácil lembra desta regra.
Se a palavra antes do tracinho (nem vou falar em prefixo) terminar com vogal e a palavra seguinte começa com R é só lembrar dos simpáticos e adoráveis cariocas.
Mais uma coisinha: a regra também vale para o S. Fico até sem graça de comentar isso, pois todos sabemos que o S é um invejoso que gosta de imitar o R em tudo. Ante-sala vira antessala, extra-seco vira extrasseco e por aí vai...

Quem segurou mesmo o hífen, sem deixá-lo cair, foram os sufixos terminados em R, que acompanham outra palavra iniciada com R, como em inter-regional e hiper-realista.
Estes tracinhos continuarão a infernizar os cariocas.

O pré-natal esteve tão feliz, rindo o tempo todo com o pós-parto de uma camela pré-histórica que ninguém teve coragem de tocar no tracinho deles.

Já o pró - um chato por natureza, foi completamente ignorado. Só assim manteve o tracinho: pró-labore, pró-desmatamento.

A vogal e o h não chegaram a nenhum acordo, mesmo com anos de terapia. Permanecem de cara virada um pro outro: anti-higiênico, anti-herói, anti-horário. Estou começando a achar que as vogais são semi-hostis com as consoantes...

O interessante é que as vogais quando estão próxima umas das outras, não tem essa de arquiinimigas. Fizeram lipo juntas e conquistaram uma silhueta antiinflacionária de microorganismo. Sumiram todos os tracinhos, notaram?

Vogal-vogal, com as novas regras ficam magrinhas microondas, antiibérico, antiinflamatório, extraescolar...
Uma inovação interessante:

- Podem esquecer o mixto,ele foi sumariamente despedido. Puseram o misto no lugar dele.

Fiquei bolada com essa exceção: o prefixo co não usa mais hífen. Seguiu os exemplos de cooperação e coordenado, que sempre estiveram juntas. Não estou me lembrando no momento, de nenhuma palavra que use co com tracinho.

Será que sempre escrevi errado? Quem diria que o créu suplantaria a ideia!? Teremos que nos acostumar com as ideias heroicas sem o acento agudo.

Rasparam também o acento da pobre coitada da jiboia.

O acento do créu continua porque tem o U logo depois.

Pelo menos a assembleia perdeu alguma coisa...

Resta o consolo em saber que continuamos vivendo tendo um belíssimo céu como chapéu.”

Trabalho apresentado pelos alunos da
7ª série, turma 703:
Renata, Marcela, William, Yasmine e Jeffrei
Professora: Cecília
Semana da Língua Portuguesa
Colégio Bom Pastor
junho/2008



domingo, 8 de fevereiro de 2009

Cemitério de Campanha



Cemitério de Campanha

Autoria: Jayme Caetano Braun


Cemitério de campanha,
Rebanho negro de cruzes,
Onde à noite estranhas luzes
Fogoneiam tristemente;
Até o próprio gado sente
No teu mistério profundo
Que és um pedaço de mundo
Noutro mundo diferente.


Pouso certo dos humanos
Fim de calvário terreno,
Onde o grande e o pequeno
Se irmanam num mundo só.
E onde os suspiros de dó
De nada significam
Porque em ti os viventes ficam
Diluídos no mesmo pó.


Até o ar que tu respiras
Morno, tristonho e pesado,
Tem um cheiro de passado
Que foi e não volta mais.
A tua voz, são os ais
Do vento choramingando
Eternamente rezando
Gauchescos funerais.


Coroas, tocos de vela
De pavios enegrecidos
Que em Terços mal concorridos
Foram-se queimando a meio
Cruzes de aspecto feio
De alguém que viveu penando
E depois de andar rolando
Retorna ao chão de onde veio.


Mas que importa a diferença
Entre uma cruz falquejada
E a tumba marmorizada
De quem viveu na opulência?
Que importa a cruz da indigência
A quem já não vive mais,
Se somos todos iguais
Depois que finda a existência?


Que importa a coroa fina
E a vela de esparmacete?
Se entre os varais do teu brete
Nada mais tem importância?
Um patrão, um peão de estãncia
Um doutor, uma donzela?
Tudo, tudo se nivela
Pela insignificãncia.


Por isso quando me apeio
Num cemitério campeiro
Eu sempre rezo primeiro
Junto a cruz sem inscrição,
Pois na cruz feita a facão
Que terra a dentro se some
Vejo os gaúchos sem nome
Que domaram este Chão.


E compreendo, cemitério,
Que és a última parada
Na indevassável estrada
Que ao além mundo conduz
E aqueces na mesma luz
Aqueles que não tiveram
E aqueles que não quiseram
No seu jazigo uma Cruz.


E visito, de um por um,
No silêncio, triste e calmo,
Desde a cruz de meio palmo
Ao mais rico mausoléu,
Depois, botando o chapéu
Me afasto, pensando a esmo:
Será que alguém fará o mesmo
Quando eu for tropear no Céu???

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A partir de hoje as postagens e as matérias da professora Krika serão publicadas desvinculadas das postagem do Quasímodo e do Juca. Entendemos que dessa forma a pesquisa e a recuperação dos assuntos serão facilitadas além de ficarem mais direcionadas à um público específico.

E ela começa hoje com todo o gás presentenado-nos com esse verdadeiro tratado abaixo.

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domingo, 1 de fevereiro de 2009

Balseiros - Final



CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a abertura de novas estradas e a utilização do caminhão como meio de transporte, a madeira deixa de ser escoada pelo rio Uruguai e transita por terra. Essa atividade ocorre com muito menos intensidade, já que o cedro, madeira principal, estava se tornando escasso. Para o balseiro Alfred Gerhd Schefler: “O comércio da madeira com a Argentina começou, mais ou menos, em 1918 e terminou em 1965 porque o governo proibiu”.

Encerra-se, assim, essa modalidade de trabalho tão importante para a região e para esses trabalhadores que tiravam desta atividade, o capital para manter a pequena propriedade de que dispunham. Alguns aplicaram o lucro obtido em outras atividades como o comércio, madeireiras e alambiques. Outros, na terra e na agricultura. Outros, ainda, gastaram seu capital, sem investir em nada.

De um modo geral, desde o Estreito do rio Uruguai, em Marcelino Ramos/RS até Goio-En, em Chapecó/SC, a atividade balseira foi muito intensa. O comércio da região foi financiador dos balseiros e beneficiário deles. Angeli assim descreve: “Uma coisa era evidente: o crédito dado aos balseiros tinha retorno certo. Podia demorar, porque devia-se esperar o regresso de San Tomé, mas voltava.”

O ‘negócio das balsas’ deixou de existir há mais de cinqüenta anos. Sua história hoje é representada nos palcos de teatro, no cancioneiro nativo e em contos da região. A importância maior dessa atividade é que ela representou a principal fonte de renda para muitos trabalhadores e foi fundamental no alicerce da economia regional.

Há muito ainda a ser pesquisado e isso tem sido feito incansavelmente. Pretendemos utilizar a maior quantidade de fontes possíveis, para podermos relatar de forma mais completa essa modalidade de trabalho. Ela foi, durante muito tempo, a principal fonte de renda para muitas famílias da região, além de contribuir para o crescimento econômico e desenvolvimento de muitas cidades do Alto Uruguai catarinense e gaúcho.


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Epílogo

Os primeiros dias após o acontecimento de um fato não rotineiro são sempre cheios de comentários e conjecturas. Com o passar do tempo vai caindo no esquecimento sobrepujado pelas necessidades do dia a dia.

Fora assim quando Vicente não voltou com os outros balseiros. Fora assim com a visita dos engenheiros que mediram as barrancas do rio. Fora assim com os bahianos da barragem.

Quando Fulgêncio não apareceu no Moura, a princípio ninguém deu maior importância. Só a partir do terceiro dia foi que alguém perguntou ao Natalício sobre notícias do velho prático – não tenho visto, sacudiu os ombros e voltou a bebericar o copo de pinga.

Tiço passava na estrada, de volta da aula e Moura chamou-o.

- Por onde anda teu pai, guri? Por acaso anda adoentado?

- Não sei não, seu Moura. Desde tresontonte que não posa em casa.

A partir disso os boatos começaram a ganhar forma e a crescer. O filho mais novo do Céza contou que o velho tinha convidado ele e os irmãos para fazerem uma balsa e descer o rio.

- Uma balsa?... Mas com que tora, se já nem existem mais pinheiros, nem cedros, nem canjeranas?...

- Mas diz que fez, com as galhamas da capoeira e das arve secas da roça de feijão.

- Já não andava bem da cabeça. A cachaça comeu os miolos dele... Só pode.

- Uma balsa, bah!...

No outro dia a noticia já havia se espalhado. Alguns homens se juntaram e bateram o rio pela margem. Os bombeiros vieram da cidade e vasculharam o leito do rio. Um viajante que vinha do Iraí afirmou ter visto uma balsa descendo o Uruguai, passando por debaixo da ponte do Passarinho e sumindo, lá longe, rio abaixo.

- Já faz bem uns três dias, acho.

- Então era!

Outro, da cidade, que fora em caravana pescar na Argentina afirmou tê-lo visto faceiro, amasiado num cabaré em Santo Tomé.

- Velho safado, disse Moura. – Tá lá chineando e sisqueceu de me pagar a caderneta. Me engambelou com cinqüenta e oito contos.

Tiço, que ouvira o comentário, prometeu pagar. Aos poucos, mas pagava. Era só melhorar a venda das frutas.

E assim a lembrança foi morrendo. Vez que outra alguém fazia um comentário, quando viam Elvira ou o Tiço passar na estrada.

Numa manhã, Tiço atravessou a ponte carregando a cesta de frutas como sempre fazia. Já do lado do Rio Grande, em vez de ir para perto do posto policial para onde sempre ia, entrou na trilha do mato. Escondeu a cesta entre as touceiras de samambaias e seguiu adiante, pela margem esquerda do rio, subindo o morro por onde não havia mais trilhas. Seguiu ligeiro desviando dos cipós e dos espinhos até chegar à pequena clareira onde havia uma pilha de pedras e uma cruz pintada de branco, quase escondida por entre a vegetação verde.

Ali, tirou do bolso o papel com o desenho da caravela copiado do livro da escola. Colocou a figura junto à cruz e uma pedra em cima. Benzeu-se pelo sinal e tomou o caminho de volta.

Natalicio o esperava a poucos metros. Seguiram juntos por algum tempo em silêncio. Logo o negro bateu-lhe no ombro e desviou-se para os lados do seu rancho, mais para o alto do morro. Tiço voltou para a estrada, vender frutas.

Quando os bahianos fecharem a barragem, tudo aquilo vai virar água. A cruz, a caravela e o balseiro terão, finalmente, seu merecido e definitivo descanso.
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(A quem preferir ouvir um fundo musical enquanto lê as referências bibliográficas e os créditos, clique no link abaixo. A música está armazenada no Site JMauro - Recomendo minimizar a janela da midi para voltar à leitura)


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ANGELI, Heitor Lothieu. O Velho Balseiro. Porto Alegre: EST Edições, 2000.

AURAS, Marli . Guerra do Contestado: a organização da irmandade cabocla. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1997.

BARBOSA, Fidélis Dalcin. Semblantes de Pioneiros. Porto Alegre: EST Edições, 1995.

BARCELOS V. D. O governo Borges e a indústria da madeira na região nordeste do estado (1928-1989), PUC, 1988

BELLANI. Eli Maria. Balsas e Balseiros no Rio Uruguai (1930-1950). IN Centro de Organização da Memória Sócio-Cultural do Oeste. Para uma História Catarinense: 10 anos de CEOM. Chapecó: UNOESC, 1995.

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Referências complementares à estória dos balseiros:

SCHIEFELBEIN, Flamarion Santos. Em revistapersona.com.ar.

JORNAL “O NOVIDADES” – 1904 E 1905.

ALMANAQUE INDÍGENA DO BRASIL

Agradecimentos especiais:

MORAES (o velho) que buscou na memória fatos doloridos do passado.

VICENTE (o real) e à sua família.

Aos irmãos índios da Aldeia e Escola Sapé-Ty-Kó em Água Amarela, interior. À professora que proporcionou essa integração e que não quer ver seu nome divulgado.

Ao Rio Uruguai.
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O HÁBITO SAUDÁVEL DA LEITURA



Ler


Gisele Parreira Pinto


Ler, verbo que faz sublimar os pensamentos, problemas e conflitos. Verbo de pouquíssimas letras, mas de enorme efeito para quem pratica. Efeito que transforma, exalta, enaltece, contribui, valoriza e modifica.

Ler. Prazer de muitos. Momento único, ímpar, o qual se descobre algo sobre si ou sobre o mundo.

Por meio da leitura pode se ir até onde não se imagina; reflete-se o nunca antes pensado; surpreende-se com o insólito. Ler com criatividade e lógica; ler com imaginação.

A leitura o deixa absorto. Para muito longe, você é levado sem precisar ao menos de uma única condução. E assim, a viagem para um mundo novo se inicia, cheia de mistérios. Mistérios que quase sempre são desvendados no desfecho. Sem perceber, sua transformação já aconteceu e você não é mais o mesmo. Você mudou. Tudo isso, sem sair do lugar, sem, às vezes, até desejar.

A leitura tem esse poder, que embriaga e seduz.

Quem ainda não provou desta poção mágica ou quem ainda não foi contaminado pela volúpia do ler, com certeza, não compreende e não acredita nesta sublimação.

Como dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade, "Sob a pele das palavras há cifras e códigos". Por isso, permitir-se ser envolvido pelas palavras, cujo poder é imensurável, é como se permitir dançar sua música favorita, pois o lido se mistura com o vivido e para um bom leitor, a leitura é ao mesmo tempo pulsação, gosto e prazer. Logo, quem não lê; não gosta. E o sabor adocicado que se sente ao terminar um livro, nunca será provado. Experimente esta realização. Certamente, você não se arrependerá.

Na verdade, deveríamos sempre consultar os livros, ou melhor, ter um livro ao nosso alcance para uma eventual "fuga" (boa forma de fugir). Essa fuga não é prejudicial à saúde.

Com uma boa leitura, podemos transformar a ignorância por sabedoria; alienação por conhecimento; ociosidade por ação.

Não se esqueça: ninguém evolui sozinho. Portanto, busque no livro sua parceria, seu auto-conhecimento, sua imaginação, seu passatempo, seu lazer, seu prazer. Leia.

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